quarta-feira, 22 de setembro de 2010

" O ASSASSINO EM MIM"


O maior medo que a violência pode proporcionar a todos nós nunca será o grau da violência gráfica, mas sim de como essa violência em geral molda o homem e cada ato que fizer seja de uma maneira tão extrema que temos medo não dos seus atos, mas sim os seus significados. É esse o ponto de partida para The Killer Inside Me, novo filme do diretor Micheal Winterbottom.

Anos 50. Em uma cidade pequena do Texas, um assistente de xerife Lou Ford (Casey Affleck) é praticamente um cidadão acima de qualquer suspeita. Pacato, tranqüilo, ajuda a todos os amigos e namora uma moça belíssima e recatada chamada Amy (Kate Hudson). Por trás disso tudo ele demonstra ser uma pessoa diferente do que se imagina e o trabalho de expulsar a prostituta Joyce (Jessica Alba) é o ponto de partida de um desenvolvimento de um instinto que está longe de terminar.

Fiquei interessado em ver o filme quando soube da polêmica gerada sobre ele no Festival de Sundance onde dizem que a atriz Jessica Alba se retirou do festival na hora em que o rosto de seu personagem (a prostituta Joyce) foi mostrado como um tomate estourado depois de levar uma surra do personagem de Affleck, o filme ficou marcado como extremamente violento e perturbador. Claro que isso me chamou atenção. Outro ponto interessante mostrado no filme é a “tara” por bater em bundas que o psicopata Lou tem com as mulheres (Graças a essa mania podemos ver a bela bunda da Jessica Alba e o bundão da Kate Hudson no filme) o que muitos podem até pensar que não tem nada de anormal… Até o filme mostrar como ele (ou de quem) pegou essa mania, putz! Não vou contar pra não perder a graça, mas dai que tive uma idéia de como ele se tornou um psicopata.

Adaptação do livro de Jim Thompson é escrito por John Curran, o livro já teve uma adaptação nos anos 70, mas pouco lembrado. Muitas pessoas saíram com raiva na sessão em Sundance no começo do ano por causa do teor elevado de sua violência e com a ótica sem limites de Winterbottom, culminou uma sessão rica de sentimentos opostos, desde repúdio a admiração.

O roteiro de Curran não poupa em nenhum momento o espectador respirar em paz quando está diante do personagem Lou Ford. Ele o desenvolve de uma maneira tão vil,mas ao mesmo tempo tão sedutor que em cada ato especifico do filme, desde um sorriso maquiado até no olhar após algum ato bárbaro, que facilmente se torna um dos personagens mais cruéis que já tive testemunha na história do cinema. E também, claro, a temática da violência no qual se desenvolve para o personagem em si como um senso comum, como algo rotineiro, e é esse ponto que está a genialidade do seu roteiro, por que transforma a violência psicológica que Lou transmite na tela, em algo mais assustador do que a própria violência gráfica do filme.

Nada seria concreto sem a atuação impecável de Casey Affleck para o personagem Lou. O ator cria um personagem tão assustador que impressiona o espectador em manter por muitas vezes o rosto sereno nos momentos mais tensos. Sem duvida a melhor atuação desse ator, mas não sei se devo manter esperanças de sua indicação a premiações importantes como Globo de Ouro ou o Oscar. Kate Hudson e Jessica Alba representam a sensualidade ao extremo. E também tirar o chapéu para as duas por suportarem dois papeis extremamente difíceis e que conseguem tirar de letra, principalmente Jessica Alba em uma das seqüências mais impactantes e pertubadoras desse ano. Também no elenco tem Simon Baker em uma atuação correta e uma participação interessante, porém fundamental de Bill Pullman.

The Killer Inside Me/ O assassino em mim, sem duvida é um dos melhores filmes do ano em minha opinião, mas dificilmente é aquele tipo de filme que pode recomendar a todos. Mas não por que seja ruim, e sim do seu grau de violencia ser tão alta que consegue chocar até mesmo as pessoas que tem a mente preparadas a ver tudo isso. O que Winterbottom transmite nesse filme, e de uma maneira quase épica, que a pior violência não é aquela que se vê, é aquela que o homem carrega por dentro e o transforma em um estilo de vida.

NOTA 4 ÓTIMO