segunda-feira, 13 de setembro de 2010

"MARMADUKE"


Marmaduke é um dog alemão falante, bastante bagunceiro, extrovertido e medroso. Ele muda de cidade com sua família, do Kansas para a Califórnia, já que seu dono quer impressionar o novo chefe e, assim, acaba influenciando dog alemão a deixar as coisas que realmente importam de lado.


Dessa forma, o filme apresenta inúmeras lições de moral, principalmente no que diz respeito à amizade, quando o cãozinho falante pretende conquistar novos amigos e a namorada do cachorro mais valente do parque. Ele acaba fingindo ser um cachorro que não é.


A direção é do fraco Tom Dey (“Armações do Amor”) que não faz a mínima questão de acrescentar nada a humanidade, tão pouco ao seu filme. É um festival de clichê até na própria direção. O que dizer das cenas de confusão causadas pelo incontrolável cão atrapalhado que motiva as pessoas a derrubarem objetos sem que o cachorro ao menos encostasse nelas? Já as cenas com falas entre amigos beiram o ridículo, e não é só pelo recurso das falas, mas principalmente pela péssima forma como foi conduzida.


E os clichês não param. Continuam por todos os lados. E para piorar tudo, vem a utilização do humor forçado para tentar levantar um tom cômico na obra. Isso é feito da maneira mais comum possível e sempre causada pelo cachorro bagunceiro, que, diga-se de passagem, parece que não faz outra coisa da vida. Quando ele está entre amigos, é interessante notar que os planos que enquadram os cachorros procuram mostrar os detalhes como a expressão, o olhar, algo que até soa bem, mas que acaba sendo prejudicado pela péssima execução da obra.

E se tudo caminhava para um desastre, encontramos uma trilha sonora que vai contra a maré. Embora não tenha nada de novo, ela cumpre o seu papel e é responsável pelas cenas mais eficientes. Uma delas ocorre no início do longa, quando ainda estamos conhecendo o protagonista. O clipe musical misturando a amizade entre os cães e as peripécias do dog alemão é interessante e, de certo modo, eficiente, já que seu público alvo, as crianças, adoram cenas desse tipo. Algo também já bastante utilizado nas obras do tipo.

O lado sentimental funciona. Atualmente, é muito mais realista um cachorro fazendo um gesto de amizade a outro de sua espécie ou até para uma diferente, do que um humano fazendo o mesmo. Os animais, principalmente os cães, têm esse vínculo de companheirismo e amizade. A competitividade existe, mas não supera os princípios básicos da vida. O olhar de um cachorro é uma das coisas mais tocantes que podemos ver. Na obra, o olhar de Marmaduke triste é bem realista.

Num elenco bastante fraco, ninguém se destaca. Os donos mais parecem marionetes da história do cãozinho atrapalhado. Lee Pace (“Confidencial”) só não chega a ser uma grande decepção porque ele nem se quer chegou a ser uma promessa. Assim, percebe-se um elenco que serve de escada para exaltar ainda mais as qualidades dos animais no geral, principalmente, dos amigos de Marmaduke, que são os verdadeiros destaques da obra, talvez até mais do que o próprio cão bagunceiro.


Sobre o público alvo da obra é importante ressaltar que as crianças não são mais tão bobas quanto essa história acredita. É importante notar que não adianta mais utilizar recursos que deram certo em longas clássicos do gênero, mas que agora estão naturalmente desgastados. Podem colocar cão falante, podem colocar ele para surfar, podem viajar na imaginação, só não podem tratar o público como algo preso ao passado.

No fim dos 87 minutos temos mais um filminho de verão para as crianças e somente para elas. Na prática, talvez nem para elas. Um filme que não acrescenta nada, provoca algumas sorrisos amarelos e traz em seu repertório uma série de lições de moral, que até são válidas, dependendo da forma colocada. Em outras palavras, o filme deixa um gostinho de Sessão da Tarde dos anos 90.

NOTA 1 RUIM