sexta-feira, 28 de maio de 2010

"O LIVRO DE ELI"


O Livro de Eli conta a história de um homem que vaga por 30 anos pela Terra devastada por algum tipo de holocausto nuclear. Ele é responsável por guardar um livro sagrado capaz de redimir os pobres de espírito, confortar os desesperados e inspirar as pessoas. Ao longo de sua viagem, ele encontra um déspota líder de uma cidade no meio do deserto, que é obcecado em encontrar este livro e dominar os sobreviventes de um mundo sem esperança. O que o viajante não esperava, era encontrar a jovem Solara, que passa a o seguir para aprender o que ele faz e mais sobre o livro misterioso.

Os imãos Albert e Allen Hughes não tem culpa das falhas de roteiro. Com uma fotografia espetacular, efeitos especiais sutis e de ótimo gosto, além de uma trilha sonora que exprime todo o desespero e desolação de um holocausto nuclear, eles fizeram bem a tarefa a frente. O conceito de Gary Whitta também não é dos piores, mas quando você pensa que a história vai engatar, ela se perde um pouco, custando valiosos pontos ao filme. Ao contrário de algumas outras super produções, a história visual não conta tudo nesse filme, é preciso um bom roteiro, não só várias frases de efeito e citações bíblicas.

O elenco de atores é um dos melhores de Hollywood em filmes desse gênero. Denzel Washington fez um trabalho bem melhor que Will Smith, mostrando como um sobrevivente de um mundo desolado deve se portar em cena. Os irmãos Hughes se abismaram com as modificações de Denzel em questão de diálogo, preferindo uma atuação sutil, com menos falas, mais mistério e perfeita atuação. Antes de mais nada, não sei se vocês tem noção da dificuldade de atuar com poucas falas. O seu antagonista e contra-ponto não tem defeitos também. Gary Oldman é o típico homem obcecado em sua busca. Sua atuação, pelo contrário, nada de típica. Violento, obstinado e amedrontador do tipo que só “homens comuns” conseguem ser. Destaque para atuação de Mila Kunis, que finalmente consegue um papel de peso dramático em destaque em um filme. E a menção honrosa e grande surpresa do filme fica na verdade para a veterana Jennifer Beals, que até pouco tempo só era a dançarina de Flashdance em passado distante, agora intepreta a mãe cega de Solara. Bela e solene, além de ótima atriz. Totalmente diferente do seu visual em flashdance e alguns aninhos a mais também rs.

O filme não é evangelizador. O foco do filme é fé. As dicas ficam nas falas de Eli,que apesar de ter presenciado o “fim do mundo”, comenta que o próprio livro que carrega ou algum livro parecido podem ter causado a guerra. O foco não é o livro específico em questão, uma Bíblia, edição editada pelo Rei James em versão limitada. O zelo excessivo e os “possíveis” furos do plot ficam mais esclarecidos no final e você ganha todo um novo filme com as revelações que temos. Mas também não é o final surpreendente e sutil que determina o teor do filme, é a fé. Os milagres que ela pode ou não ser capaz também não é o foco do filme. A película tem caráter humano, o que um único homem é capaz de fazer, quando armado com nada além da fé e um pouco de esperança e experiência. Sobrevivência sem a fé em algo, seja Deus, outra pessoa ou até si mesmo, se torna quase impossível. Sem fé, estamos entregues a própria sorte, seria a grande mensagem do filme.

O lado negro da fé também é abordado. A fé não é para os mocinhos ou para os bandidos. A frase de Gary Oldman diz tudo. “Não é um livro, é uma arma”. O livro é tratado como uma arma, usada pelos justos ou pelos vilões, dependendendo da mão que maneja. Por isso o filme não tem tanto um caráter religioso, quanto tem crítico, mesmo assim o roteiro é pouco explorado. A coisa fica massante depois de se repetir o mesmo ciclo de relacionamento pela terceira vez. Os clichês “Clint Eastwood” de faroeste também enjoam rápido. O saldo final do filme é que mais uma vez podemos notar que uma grande história foi desperdiçada no cinema , um filme correto , mas que poderia ser muito mais.

NOTA 3 BOM

"SEPARADOS PELO CASAMENTO"


Irritado com a velha história de amor de cinema em que tudo dá certo no final (após o casal central passar por diversas dificuldades) e um belo "felizes para Sempre" surge com o beijo final apaixonado dos protagonistas? Esse é o seu filme.
”Separados pelo Casamento” ganha destaque ao tentar ser uma comédia romântica realista, que mostra o que realmente acontece na vida dos casais, e que nada em um casamento é mil maravilhas.

Uma comédia que começa exatamente onde a maioria das comédias românticas terminam: depois do homem e mulher terem se conhecido, se apaixonado, mudando para começar a viver o "felizes para sempre"… e é exatamente onde eles começam a enlouquecer um ao outro.

Jennifer Aniston, que sentiu o drama do filme na pele durante as gravações (separação com Brad Pitt) consegue criar uma personagem complexa (ou seria ela mesma?) e demonstra que seu talento praticamente salva a produção (qualquer outra atriz podia estragar um filme diferente como este). Vince Vaughn, um pouco mais inibido também consegue criar um personagem concreto, e é assim que o casal central demonstra uma das maiores qualidades de “Separados pelo Casamento”.

O filme pode agradar alguns (que não aguentam mais romances água com açúcar) e desagradar a outros (que ainda curtem este tipo de filme), mas com certeza irá criar uma nova moda: romances realistas, que mostram como realmente é a vida.
O diretor Peyton Reed (Abaixo o amor) conseguiu criar um filme sólido, diferente e realista, que vale a locação para dar pelo menos uma espiadinha...

NOTA 3 BOM

terça-feira, 25 de maio de 2010

"O LOBISOMEM"


Filmes com estreia adiada sempre causam desconforto geral na crítica especializada. O que terá acontecido? Quais motivos comerciais teriam dissuadido os produtores a lançá-lo? Em tempos de Avatar e novos rumos para o cinema comercial com aposta forte em 3D, a refilmagem de O Lobisomem poderia ser facilmente engolida nas bilheterias, partindo daí direto para o limbo do esquecimento.

Claro que nenhum de nós nem sonhava em ser um esperma quando a primeira versão de Wolfman veio a vida pela Universal em 1941, popularizando mundialmente a lenda do bicho homem-lobo na cultura pop. É com muita alegria que venho lhes informar que não apenas o clássico reviveu com força total, como o próprio gênero de terror ganhou novo fôlego com esse filme. Detalhe: proibido para menores de 18 anos com bons motivos.

Tudo porque Joe Johnston (diretor, entre outros, de Querida, Encolhi as Crianças, Jurassic Park III e Céu de outubro) manteve a visualidade do filme fiel a aspectos do cinema de terror das décadas de 1930/40, período em que foi produzida a versão de George Waggner para a história do lobisomem na qual ele se baseou. Se a versão de 1941 é vista hoje como datada devido a questões técnicas há muito ultrapassadas, Johnston resgata a essência desse cinema de horror e atualiza o clássico utilizando efeitos digitais com precisão para sustentar a estética retrô de seu filme.

O Lobisomem é a refilmagem do clássico de 1941, onde o ator Lawrence Talbot é chamado pela noiva de seu irmão para ajudar na busca pelo mesmo que está desaparecido a algumas semanas. Ele retorna da América para Blackmoor na Inglaterra apenas para descobrir que seu irmão foi morto por uma fera selvagem sem precedentes. Enquanto jura descobrir o que aconteceu com seu irmão se depara com uma besta incomum e com o peso de uma maldição que pode acabar com sua vida.

Antes de mais nada, Joe Johnston é um ótimo diretor e esse é de longe o melhor filme dele, EVER. Desde o início do filme com excessão dos primeiros 15 minutos que parecem apressados, até os mínimos detalhes de fotografia, passando pela maestral direção de maquiagem de Rick Baker e Roz Avery, ou a trilha de Danny Elfman que foi aparentemente demitido do filme… Apesar de todas as controvérsias, Johnston comandando tudo fez um trabalho muito bom em todos os aspectos técnicos possíveis, nota 1000.

Já as atuações, temos desde gratíssimas surpresas, até qualidade superiora esperada e uma ou outra rala decepção. Anthony Hopkins citando Shakespeare e dando o ar misterioso da budega me deu arrepios que não tinha desde que ele encarnou Hannibal Lecter, sinceramente. Benicio Del Toro é Benicio Del Toro, ótimo ator, apesar de parecer deixar a peteca cair ligeiramente no começo, talvez pelos argumentos serem meio ralos mais do que em sua atuação nesse ponto. A grande decepção foi de Hugo Weaving interpretar oAgente Smith com barba em seu papel de Inspetor Abberline. “Mr. Talbot…”??? A dobradinha Del Toro e Hopkins foi sensacional e deixa nada a desejar. E o toque final do filme? O que dizer de Emily Blunt? Fantástica atriz, uma beleza embasbacante e não é a toa que ela está no poster brazuca, em destaque. Sua atuação rouba a cena junto a Benicio. Supresa do filme foi presença a de Geraldine Chaplin como cigana.

O filme não é proibido para menores a toa. Não que não tenhamos violência e sangue na internet e nos noticiários em galões e galões gratuitos, mas Joe Johnston coloca realismo e beleza nisso de forma que as cabecinhas mais influenciáveis podem realmente deixar a “fera interior” mais atiçada. O lirismo e beleza das cenas… Shakespeare dá o tom e citações macabras preenchem os momentos mais “tranquilos”. A direção é esperta em esconder o bichano em sua totalidade no começo. Na escola de terror, a primeira aula é a de assustar em doses homeopáticas e crescentes, coisa que Johnston recupera nesse filme. Não que seja aquele filme que te deixa tão preso na cadeira que você fique fisicamente cansado ao final (tipo o espanhol REC), mas tem seus sustos, suas doses de montanha russa e seu alto nivel de “gore” e “slasher”. Além disso tem a fantástica sensação de nostalgia com Um Lobisomem Americano em Londres que vocês entenderam durante a transformação e a sequência londrina que vemos no trailer. Não que seja a parte mais original do filme, mas foi divertido assistir.

Com certeza é o filme de terror do ano, até provem o contrário. Se você procura adrenalina, boa fotografia, atuações e bastante sangue real e cru, essa deve ser sua opção.
The Wolfman é no fim um filme sobre o destino, onde a personagem principal sofre por se tornar involuntariamente em monstro (um anti-monstro), mas mais do que isso, tal como A Bela e o Monstro cita também um amor impossível e trágico, e Emily Blunt é aqui crucial como personagem e interpreta muito mais do que aquele simples e habitual interesse amoroso quase sem finalidade.

Pode-se muito bem dizer que esta nova versão de O Lobisomem está para o cinema como o Dracula: de Bram Stocker, de Francis Ford Coppola. E apesar de The Wolfman ter dividido bastaste a crítica, fica aqui a minha aposta e a forte recomendação para este filme, numa ressurreição de um terror mais clássico e que irá certamente crescer ao longo dos anos.


NOTA 4 ÓTIMO

"KICK ASS"


Matthew Vaughn é marido da antiga Top model alemã Claudia Schiffer, produziu em parceria com Guy Ritchie seus dois melhores filmes Snatch- porcos e diamantes e Jogos, trapaças e dois canos fumegantes e ajudou a desconstruir os contos de fada , dirigindo o eficiente Stardust, mas com certeza vai ficar mais conhecido ainda no mundo do cinema , por subverter a imagem de uma garotinha de apenas 11 anos em Kick Ass.

A recente diarréia de filmes de super-heróis há muito que pedia uma desconstrução, uma paródia concreta e inteligente, que agradasse tanto a fãs como quem fosse contra o género. “Kick-Ass- O Novo Super-herói“, podia ser esse filme, mas infelizmente prefere optar pela velha máxima “se não pode vencê-los, junte-se a eles”. E assim, aquilo que podia ser um filme importante para a cultura popular das novas gerações, fica-se por um excelente divertimento, com alguma inteligência, irreverência a rodos e muita, mas muita violência mesmo.

O aspecto mais forte de Kick-Ass está, sem dúvida, nas personagens. Fugindo a estereótipos, conseguem surpreender pelas decisões que tomam, tornando o filme menos previsível do que à partida poderia ser. O destaque vai para a personagem de Hit Girl, uma menina de 11 anos que é uma assassina impiedosa, pragueja e é fã de armas de alto calibre. Os melhores momentos do filme são protagonizados por ela, especialmente pela subversão que é feita da imagem de uma criança. É algo original e divertido, mas que tem causado alguma polêmica fora das salas de cinema.

O filme tem uma grande mistura de estilos e influências. Por mais estranho que possa parecer, Kick-Ass parece um cruzamento entre Juno, Spider-Man e Kill Bill. As dúvidas existenciais da adolescência estão lá, bem como a reflexão sobre o que é um super-herói. No entanto, esses momentos são pontuados por cenas sangrentas (a maior parte protagonizadas por Hit Girl) com um exagero e uma ligeireza típicos de Tarantino.

Dave Lizewski é um nerd, fã de histórias em quadrinhos e da internet, sem jeito nenhum para as mulheres, mas apaixonado por uma garota do colégio, para quem ele é absolutamente invisível. Após ser assaltado pela milésima vez, decide ser super-herói (com uniforme que mais parece um traje de mergulhador verde e amarelo do que qualquer outra coisa), para combater o crime e livrar os palermas como ele da escória da sociedade. Claro que ele vai sentir o peso da realidade, mas ao recorrer à Internet, cedo se torna num fenômeno de popularidade. Isso vai atrair o grande criminoso da cidade, mas também aqueles que, como ele, querem fazer justiça pelas próprias mãos.

Realizado por Matthew Vaughn (“Layer Cake” e “Stardust“) e adaptado da popular H.Q. de Mark Millar e John Romita Jr., “Kick-Ass” começa muito bem. A excelente caracterização de Dave vai alastrando para outras personagens, criando uma teia de estórias que mais cedo ou mais tarde, sabemos que se cruzarão. Mas Vaughn leva o seu tempo, entretendo-nos com estórias bem contadas, profundas (tanto a de Dave / Kick-Ass, como a de Mindy Macready / Hit-Girl e do seu indescritível pai), cruzando o filme de adolescente com o desencanto da maturidade e das aspirações a algo mais, mesmo que, neste caso, seja algo tão absurdo como ser super-herói. E é aqui que o filme acaba por falhar: porque um filme com esta premissa nunca poderia ser levado a sério, transformar esta estória num espetáculo visual de ação, com heróis mascarados armados até aos dentes e a voar, acaba por ser um pecado imperdoável.

No entanto, está longe de ser um mau filme. Tem um elenco excelente, que cumpre bem aquilo que lhe é pedido, mesmo quando entra nos terrenos do drama familiar ou nos problemas típicos da adolescência. Na melhor parte do filme (os primeiros dois terços), é um deleite ver Chloe Moretz (Hit Girl), Nicholas Cage (Big Daddy) ou Aaron Johnson (Kick-Ass). Moretz, claramente o melhor papel do filme, é deliciosamente perversa, uma mortífera heroína de apenas 11 anos, graças ao pai, que deveria ser denunciado aos serviços sociais pela educação que dá à filha. Cage tem aqui o seu melhor papel nos últimos anos e é extremamente eficaz na composição do psicopata à procura de vingança. De Mark Strong, pouco há a dizer, apenas reforçar aquilo que já disse: é um dos atores que mais vem se especializando em construir vilões no cinema vide os recentes Robin Hood e Sherlock Holmes. Mas diferentemente desses outros vilões interpretados por ele, achei que nesse papel ele se encaixou melhor e atuou muito bem e nem precisou de um vilão histérico ou demente e muito menos fazer a sua característica cara de mal que vem fazendo nos filmes anteriores.

A realização de Vaughn é segura e pragmática, conseguindo excelentes momentos e criando mesmo algumas cenas memoráveis, quer pela ironia, pela profundidade de personagens e sentimentos ou apenas por uma forma de entretenimento tão corrosiva e deliciosamente imoral. Não fosse ser traído pelo argumento no último terço e seria certamente um dos melhores filmes do ano. Funcionam a seu favor, a fotografia, a direção artística, a caracterização, os efeitos especiais, mas principalmente uma trilha sonora recheada de pérolas escolhidas a dedo (Danny Elfman, Primal Scream, Prodigy, Ennio Morricone, etc.).

Resumindo, “Kick-Ass” é um excelente divertimento, que podia e prometia ser algo mais, mas que ainda assim consegue ganhar na comparação com blockbusters do genero, como o recente “Iron Man 2”. É um filme inteligente (nos primeiros dois terços), que pisca o olho aos fanáticos pelos comics, mas que agradará também a quem procura um cinema mais adulto e sobretudo mais irreverente.

Matthew Vaughn conseguiu transformar “Kick-Ass” numa excelente produção que certamente irá agradar à esmagadora maioria dos apreciadores das histórias de super-heróis porque lhes irá apresentar uma faceta mais humana e mais realista destes ícones populares. “Kick-Ass” é sem duvida uma produção imperdível que merece ser apreciada por qualquer espectador que não se impressione facilmente com grandes doses de violência gratuita. A sua conclusão deixa em aberto uma possível continuação que certamente irá ser anunciada em breve.


NOTA 4 ÓTIMO

domingo, 23 de maio de 2010

"ROBIN HOOD"


Parece-me um pouco equivocada a escolha para o filme Robin Hood de Ridley Scott , ter sido escolhido para abrir o festival de Cannes na França. Não porque eu tenha achado o filme ruim ou monótono, como a maioria da crítica especializada tem falado, mas sim porque narra uma grande e vergonhosa derrota da França, sendo tratada como vilã e déspota o filme inteiro, logo o país que patrocina o Festival. No mínimo foi de mau gosto, mas enfim, vamos ao filme.

Depois de considerável hype e comparações pela clássica dobradinha vista pela última vez em Gladiador. Chega aos cinemas de todo o mundo uma das figuras da mitologia pop mais famosas das últimas décadas. Robin Hood ganha uma repaginada, seja por motivos de melhor acuidade histórica ou só para tentar fugir do clichê, não tem como fazer algumas comparações com a outra obra histórica que ator e diretor criaram juntos com outra equipe “épica”, e assim o filme cai em alguns clichês, mas ainda assim um dos melhores filmes, senão o melhor, do personagem até hoje.

Robin Hood conta a história de Robin Longstride, arqueiro a serviço do Rei Ricardo Coração de Leão na volta das tropas inglesas das cruzadas a Jerusalém. Quando o rei morre e ele se vê em condição de ter que se virar para sobreviver com um pequeno grupo de companheiros, tem no seu caminho o destino de entregar uma espada nas terras de Nottingham para cumprir o último desejo de um moribundo, Robert Loxley. Ao retornar para a Inglaterra, encontra um reino dividido, um sucessor tirano no trono, que prejudica os seus súditos com taxações absurdas e uma parte desse reino que precisa de ajuda para lutar contra as injustiças. Com a ajuda de importantes aliados e se envolvendo cada vez mais pela bela Lady Marion, ele vai descobrindo sobre seu passado e sua vocação para ensinar sobre tirar dos ricos para dar aos pobres.

Ridley Scott ataca novamente. Com capricho talvez ainda maior e efeitos especiais ainda mais discretos e fenomenais, ele privilegia a atuação e a história sempre. Como discutir com tamanho detalhismo na reconstrução de época e toque artístico de superprodução que vai da abertura aos fenomenais créditos finais do filme, que são um show a parte? Nos transportando para meados do milênio passado, nos mostra como era dura a vida na Europa e deixa bem claro visualmente que as coisas mudam, mas continuam as mesmas.

No elenco, o novo Robin Hood é um guerreiro no melhor estilo Russell Crowe de ser. Mais bruto e menos sutil do que nunca, ele está aqui para rachar crânios não como um ex-nobre-ladrão mas como um soldado “aposentado” que volta para o campo de batalha por uma causa nobre. Quase um Rambo. Mas isso tudo foge do clichê Rambo só por conta do elenco de apoio que se sobressai a ele. Um “Coração de Leão” realista interpretado por Danny Huston, um sucessor nojentinho interpretado por Oscar Isaac – muito bem, por sinal – o sempre mentor Max Von Sydow, seus bons colegas que são muitos para listar, o eterno general veterano William Hurt e a melhor e maior atuação de todas, Cate Blanchett como Lady Marion, roubando a cena. Personagem difícil de interpretar, superou todas as expectativas. Mark Strong fez um vilão um pouco inexpressivo, sua repetitividade interpretando seus vilões começa a enjoar, fazendo a mesma cara de mau que fez em Sherlock Holmes.

Em uma bela repaginada, o roteirista Brian Helgeland consegue criar uma história centrada tanto nos personagens e suas histórias quanto na ação. Apenas cai em alguns clichês básicos de filmes de ação, mas que também não podem faltar em uma trama do estilo “Begins”. É o surgimento de um herói e uma lenda, que nos leva a acreditar no que pode provavelmente ser feito para um próximo filme. Aproveitando nomes e fatos que criaram o personagem histórico que até hoje não se pode comprovar se foi fato ou ficção, a narrativa não é tão cansativa de se seguir para um filme de 2 horas e 20, assim como a direção de Scott, que ajuda a construir tudo isso e não ficar uma total chatice.

O filme traça um perfil bem diferente do personagem que estamos acostumados a adorar: Robin continua destemido e valente, mas longe de ser o ladrão famoso que o cinema sempre retratou. E se a ideia era essa - mostrar quem foi Robin antes de se tornar Hood - Scott atingiu seu objetivo perfeitamente.

Abandonando o tradicionalismo, o Sherife interpretado por Matthew MacFadyen é colocado de lado e serve apenas para as tiradas cômicas em momentos do filme. Quem sabe guardado para ser o próximo Coringa? Os clichês e a narrativa aproveitada de Gladiador acaba prejudicando um pouco o filme, mas com certeza não o suficiente para que não recomendemos. Está recomendadíssimo e lembrem-se que a violência no filme pode ser bem gráfica, apesar de bem comedida e nada gratuita.

Robin Hood pode não ser brilhante, mas é entretenimento da melhor qualidade. Parece uma história à moda antiga, grandiosa, bem ao estilo aventura épica. É cinemão puro para agradar a toda família, que traz de quebra o bom e (não tão) velho Russell Crowe em boa forma.


NOTA 4 ÓTIMO

quarta-feira, 19 de maio de 2010

"O CLUBE DE LEITURA DE JANE AUSTEN"


O Clube de Leitura... tem como premissa a vida de várias mulheres que têm um ponto em comum: o amor pela obra literária de Jane Austen. A partir desta paixão, elas formam um clube de leitura para discutir as seis obras da escritora inglesa, agregando mais tarde três homens ao grupo – obviamente, interesses amorosos das protagonistas.

O filme, obviamente, foi feito para atrair todos os tipos de público, já que tem diversas situações engraçadas e é de fácil apelo. Entretanto, só quem leu toda a obra de Jane Austen será capaz de compreender os paralelos entre a vida dos personagens do filme e dos livros. Os diálogos do clube não explicam para o espectador quem são Marianne, Elinor, Emma, Mr.Knightley, Fanny Price, entre outros. Mesmo assim, a narrativa é capaz de prender a atenção de todos os espectadores, sem nunca ser cansativa.

Um dos grandes trunfos do filme é que ele provoca uma vontade enorme de ler todos os livros da escritora inglesa, o que acaba mantendo-o na memória das pessoas por mais tempo do que aconteceria se ele concentrasse apenas nos relacionamentos entre os personagens. Como a obra de Jane Austen é excepcional e não se esgota mesmo após releituras sucessivas, O Clube de Leitura...ganha relevância por discutir, mesmo que superficialmente, vários temas dos livros. Sem esse forte ponto de apoio, o filme não se sustentaria.

O filme, entretanto, acaba caindo no moralismo barato ao usar o nome de Jane Austen para justificar as escolhas mais conservadoras da trama. Todas as mulheres que têm problemas com seus casamentos no filme, em vez de terminá-los sem traumas e seguir com a vida, ficam eternamente no dilema volto ou não volto, fiz certo ou não... Quando Prudie está em dúvida se trai ou não o marido que não ama mais, aparece a frase "O que Jane faria?", como justificativa para a "integridade" da personagem ser mantida. Mas as situações não são, nem de longe, as mesmas. O divórcio, na época de Jane Austen, só existia caso a mulher fosse infiel. Ao defender que o casamento era a mais importante escolha da vida da mulher, portanto, a escritora não demonstrava conservadorismo, e sim um realismo que condizia com sua época. Transformar o pensamento de Austen em algo tão tradicional é tirar a obra de seu contexto para justificar o conservadorismo da trama de O Clube de Leitura...

Para os amantes da elegante ironia e da inteligência de Jane Austen, o filme é interessante e gostoso de assistir, embora não passe disso. Para os que não a conhecem, é uma boa oportunidade para se interessar pelos livros. Infelizmente, esse é o saldo final que o filme transmite, já que não se aprofunda nas questões dos livros de Austen, usando-os apenas como ponto de partida. Mas é inegável que O Clube de leitura... é um filme agradável e que merece,ser conferido por todos.

NOTA 3: BOM

segunda-feira, 17 de maio de 2010

"DIREITO DE AMAR"


Estilista de renome, Tom Ford foi o responsável por tirar a marca Gucci da falência e torná-la uma das mais lucrativas marcas do mundo da moda. Obteve posteriormente o mesmo êxito ao fazer parceria com Yves Saint-Laurent e finalmente com sua marca própria de vestimentas masculinas.

Em seu primeiro trabalho no cinema, ele dirige, produz e roteiriza esta obra, cujo título em português mais parece nome de novela mexicana:Direito de Amar. Acredite, não tem absolutamente nada a ver com o filme.Poderiam ter colocado um Homem só para "A single man" que seria muito melhor e pertinente com a história.

O longa é baseado no romance A Single Man de 1964, de Christopher Isherwood e tem como protagonista George (Colin Firth), professor universitário que acabara de perder o amante, Jim (Mathew Goode), o que o faz entrar num processo lento e doloroso de autodestruição psicológica. Sua única amiga é Charley (Julianne Moore) e seu único novo conhecido é um insistente aluno, interpretado pelo jovem Nicholas Hoult( o garotinho hoje um jovem do filme “o Grande garoto” filme com Hugh Grant).

O personagem de Colin Firth arrasta-se todo o filme, pálido, sem vida, o que fica bem evidenciado pelo excelente trabalho de colorização, que deixa a fotografia com pouquíssimas cores, ficando estas mais vivas nos poucos momentos nos quais George vê o mundo com simpatia. Tal alternância acontece sutilmente, num mesmo plano, como se uma onda de cor e iluminação tomasse conta da tela. Em outros momentos, o slow motion é utilizado, como se a vida passasse lentamente aos olhos de George e ele fosse inerte a isso. Recursos adequados e criativos, que fazem com que o filme ganhe um poder plasticamente muito forte e incisivo na história.

A trilha sonora é de grande beleza e pontua as cenas com violinos que permeiam toda ela. Até a escolha das músicas inclusive das duas músicas não-originais – as que George dança com Charley – são de extremo bom gosto.
Obviamente, não poderíamos esperar um figurino que não fosse muito bem cuidado, num filme em que o diretor é um estilista de renome, mesmo não sendo ele o que assina a função de figurinista, assim como a transposição para época que é muito bem cuidada e adaptada.

Mas Direito de Amar não seria nada se não fosse a atuação nada menos que brilhante de Colin Firth, deprimente e instrospectivo, de olhar vazio e com muito ressentimento por talvez não ter aproveitado o que a vida lhe ofereceu. Por sua vez, Colin encontra suporte em Julianne Moore, também excelente e igualmente deprimente, só que ela esconde a solidão em luxo e álcool.

Direito de amar é um belo filme tecnicamente e plasticamente falando contendo uma falha ou outra no roteiro , como o abuso dos flashbacks para contar a história e pelo exagero também um pouco da trilha sonora em determinadas cenas , mas não chega a atrapalhar o resultado final da elegante estréia na direção de Tom Ford.

NOTA 3: BOM

"MEDIDAS EXTRAORDINÁRIAS"


O filme "Medidas Extraordinárias", drama médico sobre um pai que tenta salvar seus filhos, funciona em um nível pouco sutil - seria preciso ter um coração de pedra para não se comover com a história de criancinhas adoráveis correndo perigo de morte. Mas em nenhum momento o filme consegue escapar das fórmulas batidas.

Um título na abertura informa o espectador de que "Medidas Extraordinárias" é "inspirado em uma história verídica". De fato, John Crowley (Brendan Fraser) foi uma pessoa real que lutou para encontrar tratamento para a doença de Pompe, um transtorno genético raro relacionado à distrofia muscular.

Mas o médico representado por Harrison Ford é um personagem composto, o tempo em que os fatos transcorrem foi drasticamente comprimido e a empresa farmacêutica que desenvolve a enzima salvadora é um conglomerado fictício. Essas mudanças são compreensíveis, mas roubam o filme do impacto que um registro mais realista talvez tivesse.

Quando Megan (representada com eficácia por Meredith Droeger), filha de John, quase morre de infecção respiratória, John procura o recluso cientista Robert Stonehill (Ford), e este concorda em se unir a ele na busca por uma cura.

O melhor do filme é a boa performance de Ford como o ranzinza Stonehill. Embora o conceito de gênio excêntrico não seja exatamente inovador, Ford representa o papel com minimalismo magistral.

Com relação a Fraser( visivelmente gordo e barrigudo, não sei se foi para o papel ou não), não é possível dizer o mesmo. Embora Stonehill descreva Crowley como "implacável", Fraser não nos deixa ver esse lado do personagem; em vez disso, se mostra nobre e de bom coração. Keri Russell está simpática no papel de esposa de Crowley, mas seu papel é padronizado.

Pode-se dizer que “Medidas Extraordinárias” não é um filme ruim, apesar de conter algumas falhas na sua construção, como a fotografia é rotineira, e a trilha sonora melosa de Andrea Guerra ressalta a natureza convencional do roteiro. A primeira metade de "Medidas Extraordinárias" tem energia considerável, mas o filme como um todo é prejudicado por um excesso de confrontos exagerados e pensamentos e citações um pouco previsíveis.

Nota 2: Regular

" LEAVES OF GRASS"


Norton interpreta Bill e Brady, gêmeos idênticos que seguiram caminhos opostos em suas vidas. Enquanto Bill se tornou um bem sucedido professor em universidade conceituada, Brady permaneceu em sua cidade natal se envolvendo com drogas. Quando Bill descobre que seu irmão foi assassinado, ele retorna à Oklahoma para enterrá-lo. É quando ele é surpreendido pelo próprio Brady, que parece ter forjado a sua morte em um perigoso plano cujo alvo é o grande mafioso de drogas do local. Antes de Bill conseguir fugir da enrascada, ele é envolvido em um assassinato e vê sua vida virar de cabeça pra baixo.

“Leaves of Grass” (“Folhas de Grama”, em tradução livre) traz a assinatura de Tim Blake Nelson, que dirige, roteiriza e estrela o projeto. Nelson é mais conhecido pelos seus trabalho à frente das câmeras e recentemente estrelou “O Incrível Hulk” ao lado de Norton. Atrás das câmeras, Nelson dirigiu e roteirizou apenas quatro filmes, sendo “Jogos de Intriga” de 2001 o mais reconhecido.

O maior problema de “Leaves of Grass” é não saber qual Gênero seguir, não se pode dizer que é uma comédia, muito menos drama, ou até mesmo um filme de ação, o filme tem no seu roteiro seu ponto fraco, pois em nenhum momento a fita consegue engrenar ou fazer com que o público se interesse pela história.

Edward Norton um dos grandes atores da chamada “nova geração” hoje nem mais tão novo assim, até que se esforça no duplo papel principal da história, conseguindo construir duas personagens bem antagônicas, mas ele sozinho não consegue salvar o filme da grande confusão que é. Outros atores como o próprio Tim Blake Nelson, o sumido Richard Dreyfuss , Susan Sarandon fazendo o papel da mãe maconheira e sem noção dos gêmeos e também a “Ex” Felicity Keri Russell aqui visivelmente “desarrumada e Mal- tratada” para o papel, desfilam pelo filme com atuações bem contidas.

Na metade final da película, o filme se torna um tremendo banho de sangue sem sentido de dar inveja até mesmo para Tarantino, tornando a confusão que já era o filme em algo mais lastimável ainda.

Fico triste pelo próprio Edward Norton que nesta década parece ainda não ter encontrado um bom papel ou um bom filme para que ele desempenhe ótimas atuações costumeiras para ele na década passada como sabemos que ele é capaz de fazer.

Em um dia chuvoso, em vez de assistir “Leaves of Grass” em casa , prefira ir para rua e pegar um pouquinho de chuva que vai ser mais agradável.

NOTA 1: RUIM

"O Visitante"


Há algum tempo grande parte do dito cinema independente estadunidense vem focando seu olhar para o seu cidadão médio. Pequenas histórias que, na maioria das vezes, demonstram a fragilidade do cidadão perante situações limites.

O Visitante se encaixa exatamente nesse perfil, ainda que com algumas surpresas que, se não fazem o filme ser brilhante, ajudam a torná-lo eficiente em sua proposta de tematizar a imigração.

A primeira surpresa deste novo filme de Thomas McCarthy, é ver Richard Jenkins protagonista, no papel de Walter Vale, um professor universitário que, após perder a esposa, dedica-se a frustradas aulas de piano, como uma forma de manter acesa a chama da mulher, que era uma notável pianista.

Vale (que a princípio é sempre fotografado de costas, uma sutil referência à forma como encara a vida nesta fase difícil), é pego de surpresa ao visitar seu abandonado apartamento em Nova Iorque, o qual não visitava a tempos. Lá, ele encontra residindo um casal de imigrantes africanos ilegais, o simpático Tarek (Haaz Sleiman) e a arredia Zainab (Danai Jekesai Gurira). Os dois logo esclarecem que tinham alugado o apartamento e que não sabiam que tinham caído em um golpe.

Percebendo que o casal não teria para onde ir, Vale logo os convida a ficar no apartamento até encontrarem uma nova residência. Para sua surpresa, Tarek é músico, e logo este começa a apresentar a ele os segredos da percussão. A música os aproxima, e Vale percebe que o destino pode trazer novos caminhos para sua até então fragilizada vida, e quão farsesca estava sendo sua existência.

É quando o roteiro, do próprio McCarthy, se apropria do famoso ponto de virada para colocar injustamente Tarik atrás das grades e condená-lo a uma provável deportação. O filme passa então não só a questionar temas caros à América, como a imigração, como também apresenta-nos a personagem Mouna, em um extraordinário desempenho da israelense Hiam Abbass.

Mouna, mãe de Tarik, aparece sem sobreaviso no apartamento de Vale atrás de Tarik, seu filho. Ao descobrir que ele está preso, adentra então em uma espécie de limbo, onde o desespero de saber que o filho está atrás das grades é amenizado (se pudermos falar assim) com o afeto que cresce entre ela e Vale.

O visitante era um filme que estava na minha lista para assistir já há algum tempo, um dos pontos que fez colocar esse filme como “prioridade” foi a indicação de Richard Jenkins para o Oscar. Mas depois de ver esse filme, me rendi ao talento do ator, confesso que em filmes anteriores, eu nunca tinha visto esse ator sorrir,iguao ao Tommy Lee Jones... e nesse filme ele sorria como uma criança, ao mesmo tempo que ia aprendendo a batucar no tambor.

O Visitante poderia muito bem se resvalar no melodrama barato e cair nos velhos clichês, mas McCarthy conduz tudo com tanta sutileza e sobriedade que é impossível não se encantar com o filme. O desfecho, que poderia cair em truques tentadores de redenção, é de partir o coração mesmo fugindo das situações fáceis. E, enfiar o dedo na ferida de forma tão contundente e sóbria, é um grande mérito.

NOTA 3 : BOM

quarta-feira, 12 de maio de 2010

"Red Cliff"


Não sei vocês, mas não tem coisa que eu mais odeie em um filme do que personagens estrangeiros falarem inglês! Não qualquer personagem, mas como no filme “Valquíria” no qual o Tom Cruise fazia o papel de um militar alemão e falava INGLÊS!

Não tenho absolutamente nada contra a língua inglesa, muito pelo contrário, sou totalmente o oposto do anti-americano, mas sério, filme de história toda estrangeira falado em inglês é absolutamente péssimo.

Por detestar filmes que retratam de forma ruim a cultura de países em filmes (língua original), resolvi assistir o filme Red Cliff e ele será a minha primeira grande recomendação para um filme.

Eu tinha grandes expectativas para esse filme , por ser um aficionado pelo gênero e pela cultura oriental em geral, e sem aumentar ou diminuir, tenho convicção que é um dos melhores filmes que já vi na minha vida.

O filme Red Cliff foi lançado em 2008 na Ásia. É um filme chinês que retrata a história da batalha dos três reinos no final da dinastia Han (208 d.c.). Porém, apenas será lançado no mundo este ano.
O filme é dividido em duas partes, Red Cliff I e Red Cliff II, os dois filmes com mais de 2 horas. Felizmente os dois filmes já foram lançados na Ásia, então não precisamos sofrer com a espera do segundo filme.

O interessante do Red Cliff é que não é um filme de simples batalhas, pois retrata um fato verídico. Obviamente é um filme de ação, porém totalmente intercalado com coisas intelectuais. Portanto, homens e mulheres irão gostar deste filme.


Sou muito ligado a coisas orientais e para quem também é este filme é imperdível – claro que também é para quem simplesmente quer passar o tempo, ou adicionar mais coisas à sua cultura. Fiquei o filme todo boquiaberta, pois o filme retrata o tempo todo à Arte da Guerra, Arte do Chá, influências da natureza, estratégia e até falam sobre Feng Shui.

As atuações são perfeitas e obviamente todos os atores falam chinês. Os atores, em sua maioria, também participaram de outros dois filmes do gênero: Herói e O Clã das Adagas Voadoras. Para quem gostou destes dois filmes irá amar Red Cliff, pois sem dúvida é mais surpreendente do que os dois juntos.

O diretor do filme é John Who, mesmo diretor de Missão Impossível e este filme está sendo considerado pela crítica, como o retorno triunfante do diretor. O investimento do filme foi pouco mais de 80 milhões de dólares, maior investimento feito em algum filme em toda a Ásia. A arrecadação do primeiro filme foi de 120 milhões, ocupando o lugar do Titanic como filme de maior faturamento no continente.

A heresia que fizeram, foi quando juntaram os dois filmes de duas horas em um filme de pouco mais de duas horas para o lançamento mundial. Quem assistir esta versão de lançamento sem dúvida irá perder boa parte da história, por isso, indico que assistam as duas partes na íntegra.

Infelizmente o filme não será lançado no Brasil, uma pena, pois este filme bateu todos os recordes na Ásia, desbancando o campeão de bilheteria Titanic do posto, além de ficar em primeiro lugar na estréia à frente de Dark Knight!
A crítica internacional está elogiando muito o filme, sendo literalmente aclamado. Por isso eu digo, são as quatro horas mais bem gastas em um filme!
Assistam e saibam um pouco mais sobre a China, seus costumes e várias coisas que conhecemos apenas hoje em dia e que os chineses já faziam uso naquela época. Vejam o quanto a inteligência e os pequenos detalhes fazem toda a diferença em tudo.


NOTA 5: EXCELENTE

"Homem de Ferro 2"


Com o mercado cheio de títulos baseados em histórias em quadrinhos, era cada vez mais difícil entrar em uma sessão do gênero e sair satisfeito com o resultado.
Guardadas poucas exceções, as adaptações eram sofríveis e muitas vezes chegavam a deturpar os personagens retratados ou, preocupadas demais com o visual, esqueciam que um filme vai além dos efeitos especiais e precisa ter uma história de verdade.

Entre as exceções, surgiu o primeiro filme Homem de Ferro. Ainda que o personagem não fosse um dos favoritos do público, o respeito a suas características básicas, somado ao carisma e talento de Robert Downey Jr. e a um roteiro bem amarradinho, fizeram do filme um sucesso e agradaram aos fanáticos do gênero.

Com o sucesso, seria natural que houvesse uma sequência. Natural também que as expectativas para o novo filme fossem muito maiores do que para o primeiro.
Homem de Ferro 2 chega sexta-feira aos cinemas nacionais e traz de volta o playboyzinho cabeçudo Tony Stark. Agora ele tenta reverter os danos causados pela sua indústria à humanidade e fazer a paz.

Sua armadura é objeto de desejo das forças armadas estadunidenses e de um concorrente, o vilão Justin Hammer. Ao mesmo tempo, Ivan Stanko, o filho de um antigo colaborador russo de Stark, resolve se vingar do herói.
A Viúva Negra e a SHIELD, agência internacional que trabalha junto com os Vingadores - grupo de super-heróis do qual o Homem de Ferro faz / fará parte - também aparecem no filme.

É fato que o excesso de histórias ficaria melhor se dividido em mais de um filme e que as mesmas não receberam a atenção e o arremate devidos. Sem falar que o tempo de filme poderia ser reduzido drasticamente.

Com diálogos engraçadinhos e muitas cenas de ação, cheias de efeitos especiais e coreografias de luta, o filme é daqueles que cumpre o seu papel primeiro de divertir e fazer com que seu público tenha pelo menos duas horas sem pensar em nada.
Mas ainda que tenha um resultado positivo, se excede em alguns pontos e tem soluções tão fáceis e batidas que podem incomodar, como achar aquela mensagem gravada há um tempo e que ninguém sabia que existia, ou a providente proximidade de Nick Fury.
A quantidade de piadas no roteiro é outro problema. A impressão que fica é a de que todas as cenas precisam ser arrematadas com risos, o que nem sempre funciona e pode cansar e atrapalhar o desenvolvimento do filme.

Sem tantos problemas, algumas modificações também foram feitas na história. Por exemplo, não são exatamente os problemas de Stark com o álcool que fazem Rodhey, o amigo fiel, assumir a armadura do herói. E a função de motorista continua sendo de Happy Hoogan, papel vivido pelo diretor Jan Favreau.

Do lado positivo estão os efeitos especiais, a trilha sonora sensacional e o elenco. O Tony Stark de Downey Jr. continua muito bem e fica ainda melhor ao assumir toda a sua divertida arrogância, Mickey Rourke também está bem como o vilão russo e o Justin Hammer de Sam Rockwell está caricato na medida certa.

Do lado feminino, Scarlett Johansson aparece estonteante como a Viúva Negra e tem a melhor cena de luta do filme. Gwyneth Paltrow continua fraquinha, mas está mais solta em sua segunda vez no papel.
Ainda que seja mais problemático do que o primeiro, O Homem de Ferro 2 é ainda um dos exemplares de adaptações de HQ's que promete agradar mais do que desagradar. Pelo menos aos fãs do gênero.

Entre risos, explosões e choques elétricos, o filme também funciona bem para quem entra na sala sabendo que está indo ver um filme única e simplesmente para se divertir.
NOTA 3: BOM

"Alice no País das Maravilhas"



Publicado em 1865 depois de ter sido supostamente escrito por Lewis Carroll como uma espécie de declaração de amor à garotinha Alice Lidell, então com 10 anos de idade (Carroll tinha 32), Alice no País das Maravilhas ganhou, ao longo das décadas, mais de 30 adaptações cinematográficas, numa prova clara do fascínio que despertou – e desperta – em cineastas de todo o mundo.
Com uma narrativa episódica, repleta de simbolismos e uma protagonista que não se encaixa na sociedade à qual pertence, o livro parecia ideal para um tratamento de Tim Burton, um cineasta que freqüentemente enfrenta problemas com tramas que exigem um desenvolvimento mais complexo e que, além de adorar universos fantasiosos e incômodos, exibe uma clara preferência por personagens desajustados de uma maneira ou outra. Infelizmente, apesar do casamento aparentemente perfeito, a versão do cineasta desaponta pela falta de energia da narrativa, que surge tão enfadada e enfadonha quanto a Alice aqui apresentada.

Usando não só Alice no País das Maravilhas como base do roteiro, mas também a continuação Alice Através do Espelho, o roteiro de Linda Woolverton (O Rei Leão) adota a estratégia mal-sucedida de Hook – A Volta do Capitão Gancho ao trazer a personagem-título já mais velha de volta ao mundo mágico que conheceu na infância. Prestes a se tornar noiva de um aristocrata aborrecido e cansada das convenções impostas pela sociedade de sua época, Alice segue mais uma vez o Coelho Branco de volta ao mundo dominado pela Rainha Vermelha, onde descobre que deverá derrotar o temido Jabberwocky a fim de devolver a coroa à boa Rainha Branca. Para isso, ela contará com a ajuda do Chapeleiro Maluco, do Gato de Cheshire e de várias outras criaturas fantasiosas vistas nos livros de Carroll.

Com o design de produção assinado pelo mesmo Robert Stromberg que este ano recebeu o Oscar por seu trabalho em Avatar, Alice é visualmente eficiente: o mundo visitado pela heroína combina bem os cenários com cores fortes e arrebatadoras com outros nos quais a direção de arte investe em tons mais monocromáticos, como no castelo da Rainha Branca, que parece ter sido uniformemente mergulhado na alvura que batiza a monarca. Além disso, detalhes como a escultura da Rainha Vermelha feita na vegetação servem não apenas para ilustrar algo sobre a personagem (seu egocentrismo) de maneira orgânica, mas também como referência divertida à carreira do diretor (Edward Mãos-de-Tesoura, obviamente). Da mesma maneira, o próprio design das criaturas virtuais merece aplausos – e gostei particularmente do exército de cartas, que surge devidamente trajando armaduras finas como papel. Sim, aqui e ali o trabalho recai no óbvio, como no campo de batalha que se apresenta como um tabuleiro, mas ainda assim é difícil imaginar uma alternativa que teria funcionado melhor, o que torna a opção mais compreensível.

Já os rebuscados efeitos visuais surgem irregulares: por um lado, os personagens puramente digitais, como a Lebre Maluca, o Coelho Branco e a Lagarta conseguem combinar bem as características de um animal com outras que os tornam expressivos como humanos (destacando-se, aí, os sapos suspeitos de furto); por outro, figuras como o Valete (Glover) tropeçam por investirem em corpos digitais para cabeças humanas, já que o gestual das criaturas se apresenta artificial e trôpego. Enquanto isso, Johnny Depp, basicamente dependendo apenas da maquiagem e de próteses, investe numa composição caricata como o personagem exige ao mesmo tempo em que se apresenta em cena como uma espécie de filhote assustado de Madonna, Gene Wilder e Elijah Wood. Falando com a língua presa e usando os ocasionais acessos de raiva do Chapeleiro como recurso para torná-lo um pouco mais complexo, Depp faz o possível para tornar o sujeito interessante, mas acaba sendo vitimado pelo roteiro, que, parecendo ter sido modificado apenas para aumentar sua participação, não consegue justificar plenamente estas cenas adicionais.

E se a Rainha Branca de Hathaway apresenta-se como uma distração curiosa com seus gestuais excessivamente (e propositalmente) delicados, Helena Bonham Carter acaba roubando o filme sempre que surge como a Rainha Vermelha, concebendo a vilã como uma criatura mimada cuja crueldade serve apenas para ocultar sua terrível insegurança. Abusando de todos os animais do reino (os morcegos usados para carregar os lustres são um toque particularmente divertido), a Rainha consegue se tornar bem mais complexa que todos os seus parceiros de cena, sendo hábil também em provocar o riso e em sugerir traumas de infância que, resultantes de sua imensa cabeça, parecem ter plantado as sementes de sua tirania. Com isso, é até injustiça tentar compará-la à Alice de Mia Wasikowska, aqui concebe uma protagonista terrivelmente desinteressante. Sim, Alice nunca foi a mais fascinante das heroínas, mas aqui ela estabelece um tom tão monocórdio desde sua primeira cena que realmente se torna difícil compreender por que deveríamos investir duas horas em sua companhia – mesmo que Burton construa seu gradual fortalecimento através de pistas visuais como o fato de soltar os cabelos assim que pisa no “país das Maravilhas”.

Mas talvez este tédio constante da protagonista apenas reflita a falta de vigor de toda a narrativa: perdendo longos minutos com cenas que mais parecem ter saído de um videogame (beba, diminua; coma, cresça, pegue a chave; beba, diminua, abra a porta; salve o jogo antes de passar para a próxima fase), Burton falha em imprimir ritmo até mesmo a um roteiro episódico como este, o que não deixa de ser preocupante no que diz respeito aos rumos de sua carreira. Além disso, ao transformar os sonhos descritos por Carroll em realidade, o diretor mata todos os interessantes paralelos que aquele universo estabelecia com o mundo de Alice, perdendo qualquer indício da complexidade antes existente na história, já que nada daquilo parece mais refletir as experiências e anseios da garota.

Como se não bastasse, a conversão para o 3D feita durante a pós-produção reflete o desconhecimento do cineasta com relação à linguagem: observem, por exemplo, como ele investe no rack focus (mudança brusca de foco) em vários planos, o que contraria, por definição, a própria lógica do campo tridimensional. O erro, aliás, acaba se refletindo também na legenda em português (mas aí a culpa não é de Burton, claro), que em alguns momentos parece sair diretamente do corpo dos personagens em vez de ser projetada à sua frente. No quesito 3D “Alice” não chega nem aos pés do trabalho apresentado anteriormente pelo espetáculo visual “Avatar”.

Ainda assim, embora irregular e com sua parcela de problemas, Alice prende o espectador graças ao espetáculo visual que oferece. Uma pena, portanto, que isso se deva mais aos artistas responsáveis pela direção de arte e aos supervisores de efeitos visuais do que diretamente a Tim Burton, um cineasta que às vezes se esquece de como é talentoso.
NOTA 2 : REGULAR

"O Preço da Traição"


O prevísivel se tornou algo comum em filmes de suspense. Mas não tem como reclamar. O gênero aprendeu a fazer sucesso dessa forma, assim como o seu público que passou a não se importar com as reviravoltas impostas pelo drama. Desde o início de O Preço da Traição, dirigido por Atom Egoyan, se poderia imaginar que ele terminaria de uma forma trágica. O comum, neste caso, estava impregnado à história do roteiro escrito por Erin Cressida Wilson. Mas com estas reviravoltas já perceptíveis, onde a verdadeira brincadeira é tentar adivinhar como serão as próximas cenas, O Preço da Traição se torna um filme altamente superficial no tratamento da sua história. E, por mais que a história consiga empolgar em alguns poucos momentos, o que se vê é nada mais que o mesmo no filme.

Catherine Stewart (Moore) é uma médica e dedicada esposa que começa a desconfiar do seu marido, David Stewart (Neeson), quando ele perde o vôo de volta para casa e, consequentemente, a festa de aniversário surpresa que ela havia preparado para ele. Esta crise inicializada por ela dá início a uma megalomania. Achando que estava sendo traída pelo seu marido, ela contrata os serviços de Chloe (Seyfried), uma dessas prostitutas que são pagas para serem acmpanhantes. Neste caso, ela estava recebendo para seduzir o marido de Catherine. A história avança, Chloe e David parecem ter encontros casuais em um café até que a relação começa a ficar mais quente, interferindo diretamente no casamento que eles tinham.

A desconfiança de Catherine se dá em diversos momentos, seja quando David está conversando com alguma aluna pelo computador ou quando ele trata bem uma garçonete. Esta paranoia na qual ela enfiou o seu casamento é uma das provas da crise de meia-idade que ela começa a passar, sendo estes um dos assuntos que são abordados pelo filme. Entretanto, a história vai além do que isso. E o espectador poderá perceber estas mudanças a partir do momento em que Chloe se mostra apaixonada por Catherine. As duas passam, então, a viver uma paixão intensa. A esposa, que não se sentia mais desejada, encontra nos braços de uma jovem mulher o que ela não estava encontrando em seu marido.

Assim, Julianne Moore e Amanda Seyfried proporcionam cenas de prazer e fazem um bom trabalho de atuação. Logo quando Catherine aparece em cena, é possível perceber a sua maneira ciumenta com que trata o seu marido tentando protegê-lo para si. Em outros momentos, ela demonstra desconforto e inveja ao olhar para outros casais se beijando apaixonadamente nos restaurantes que frequentam. Tudo isso serve de mola propulsora para ela se envolver (casualmente?) com a mulher que ela pagava para seduzir o seu marido. Por isso, Amanda Seyfried vem se consolidando como uma excelente atriz (desde o filmeMamma Mia!). Aqui ela tenta desempenhar um bom trabalho, mesmo sendo limitada por um roteiro fraco e superficial.

Esta superficialidade está ligada às narrações de Chloe sobre os possíveis encontros que ela tinha com David. Ainda que seja empolgante notar como tudo isso vira uma “bola-de-neve”, na virada da narrativa em que tudo fica claro (e já estava bem antes para quem assistia), ele se concentra em começar a anúncia a tragédia que aconteceria. A trilha cria um clima maior de suspense mas, obviamente, recai nos clichês dos gêneros em que o espectador já está acostumado com este tipo de filme. Isso, claro, não faz dele uma obra ruim ou boa. Mas talvez perca a sua força por não ter o intuito de ousar (apesar desta também não ser a proposta da história ao apresentar os fatos e os personagens). Ao se concentrar nas duas mulheres, Liam Neeson perde espaço e se torna linear do início ao fim.

O Preço da Traição é um filme sobre confiança e até que ponto cada um decide chegar para conseguir a verdade. Mesmo que exista amor em um relacionamento, é impossível que ele consiga caminhar apenas com este sentimento. Outros, que são também de extrema importância, costumam alinhar para que as coisas dêem certo. Catherine estava passando por uma crise. Chloe é uma jovem mulher “perseguidora”, que se apaixona e não aceita o fato de receber “não” de ninguém. Afinal de contas, para ela não se tratava apenas de dinheiro. E não prefiro acreditar que tudo isso foi planejado, pois seria coincidência demais a forma como elas se conheceram dentro do filme. O Preço da Traição não é um filme ruim (é bom que se diga). Mas se torna cansativo ao se tratar dos mesmos elementos já trabalhados em outras obras do gênero.

NOTA 2: REGULAR

"Transamerica"


Em um ano em que a indústria americana, principalmente a de filmes independentes, resolveu tratar de temas gays, geralmente oprimidos dentro das gavetas dos executivos, como O Segredo de Brokeback Mountain e Capote, Transamérica surge, a princípio, como o mais marginalizado de todos. Afinal, se homossexuais de chapéus já são difíceis de serem aceitos, imaginem um que realmente quer virar mulher!

Sim, esse é o sonho de Bree: se livrar da genitália e se tornar definitivamente uma mulher. Quando tudo se encaminhava para a operação, surge uma notícia bombástica em sua vida: quando ela ainda se chamava Stanley, concebeu um filho que jamais soube existir. E pior, o garoto está preso em Nova York acusado de prostituição e porte de heroína. Sua terapeuta (Elizabeth Peña) então decide só assinar a autorização da cirurgia depois que Bree vá conhecer o garoto.

A futura transexual então decide viajar de Los Angeles, onde mora, até Nova Iorque, a fim de livrá-lo da cadeia. Decide voltar de carro para casa e também deixar o rapaz, que não tem para onde ir, com familiares, para que este possa receber a educação e atenção que jamais pôde dar. Entram então dentro de um carro velho em uma viagem pela fronteira com o México, com Bree incapaz de identificar-se como pai do garoto Toby (Kevin Zegers, incrivelmente idêntico ao galãzinho Zac Efron de High School Musical), se apresentando como uma missionária religiosa.

É nessa viagem que ambos se conhecerão, se aproximarão e descobrirão finalmente o sentimento entre pai (ou seria mãe?) e filho. Assumindo-se como um road movie previsível e convencional, às vezes um melodrama, o filme se sustenta graças a uma interpretação sobrenatural de Felicity Huffman. Ela, mais conhecida como uma das protagonistas da telessérie Desperate Housewives, nunca tinha conseguido uma grande oportunidade, oportunidade essa que finalmente surgiu com esse filme e no qual brilha absurdamente. Sua composição discreta e equilibrada transparece verdade, sem nunca cair na caricatura, e um desavisado qualquer ficaria na dúvida se é um homem ou uma mulher interpretando a personagem (algo que agora vai ser difícil de acontecer, já que o filme acabou conseguindo projeção na mídia – inclusive acabou sendo indicado a dois Oscar, de melhor atriz e melhor canção).

A personagem Bree, por incrível que pareça, é a mais conservadora do filme! Sua postura, suas ideologias e sua forma de encarar a vida não poderiam ser mais de direita! Até sua forma de vestir é antiquada, o que provavelmente deixará o espectador mais atento bastante confuso. Todas essas nuances para com a personagem, méritos de um roteiro perfeito nesse aspecto, encontram na atuação de Huffman o veículo ideal. Aliás, não tenho palavras para definir melhor o que é ver essa mulher em cena. Digna de estar no panteão das melhores atuações da história do cinema, Huffman me conquistou completamente. Virei fã.

Uma pena que o filme do Tucker não siga o brilhantismo de sua atriz principal e peque em vários momentos. Como, por exemplo, aturar a cruel e cômica mãe de Bree (vivida por Fionnula Flanagan, mais conhecida como a governanta misteriosa de Os Outros), que parece ter saído dos piores melodramas latinos? Ou a falta de maior ambição do filme, que poderia aprofundar alguns dos temas propostos, mas prefere se manter na superfície.

É claro que no filme há várias qualidades indiscutíveis. Duncan Tucker, que já tinha familiaridade com o tema homossexual (dirigiu um curta-metragem gay, The Mountain King, que integra o longa Boys To Men), não deixa de criticar o conservadorismo da sociedade americana, ao mostrar Bree deslocada do convívio social. Também desenvolve bem a relação entre ela e o filho, mostrando as sutis e bem humoradas mudanças de comportamento que um e outro vão tendo no decorrer do longa. E, só por tratar de um tema tão polêmico como esse, já valeria o nosso respeito. Com Felicity Huffman então, vale os nossos aplausos.

Uma última curiosidade: Huffman apelidou de “Andy” a prótese peniana que usou durante as filmagens. Sem mais comentários...

NOTA: 3 BOM

"Defendor"


Woody Harrelson, enfim, vêm ganhando o reconhecimento que sempre almejou ter. O ator está crescendo bastante no cinemão hollywoodiano e em meio ao seu grande sucesso Zumbilândia e sua indicação ao Oscar pelo filme O Mensageiro, Harrelson estrela um pequeno trabalho ainda sem data prevista de estreia no Brasil, onde este interpreta um sujeito que se acha ser um super-herói e seu alto denomina DEFENDOR, é isso mesmo, De-fen-DORcom DOR bem no final.

A fita, dirigida por Peter Stebbings, aposta todas as cartas no talento cômico de Harrelson e encontra aí seu grande êxito. Aqui, apesar de ser um “super herói”, Harrelson não nos apresenta um personagem “fodão” que é apaixonado em bater nas pessoas, mais sim, uma figura inocente, humilde, com muitos problemas na vida e que decide, a partir daí, combater o crime e prender o suposto assassino de sua mãe chamado por ele de Senhor Indústria, e tudo, sem a menor capacidade bélica, física ou mental para isto. Porém, vale a inocência e a necessidade de fazer o bem, principalmente se isto é conduzido por um ator simpático e bem divertido. Afinal, a obra pega o embalo do inédito Kick Ass onde uma pessoa normal decide virar super herói pra meter porrada nos caras maus, e neste O Defensor, o que não falta é uniforme, apetrechos e situações que homenageiam a palavra “TOSCA”, como por exemplo: o logotipo em sua roupa feito de fita adesiva prata e atacar os bandidos com bolinhas de gude, mais tudo claro, feito de forma bem proposital para divertir o telespectador.

Entretanto, Defendor também não deixa de ter seus problemas. Apesar da divertida e simples atuação de Woody Harrelson, o diretor Peter Stebbings erra ao criar um ritmo muito sério para um filme, que se fosse levado menos a serio, daria uma comédia muito mais divertida e principalmente, bem mais engraçada. E a falta de ação e piadas inteligentes, e engraçadas, colaboram para a ineficiência do roteiro e um desenvolvimento por vezes bem fraco. Um estilo Kick Ass ou Zumbilândia ficaria bem mais legal.

Infelizmente o final do filme não é tão bom como na maioria dos filmes de “Super Heróis”, mas é bem legal e passa a mensagem que o diretor e roteirista (Peter Stebbings) pretendeu. Outra coisa legal é a trilha sonora, com bandas desconhecidas para mim como a Metric, de rock alternativo, que gostei bastante.

O melhor de tudo é realmente Woody Harrelson. O enredo pode não colaborar muito e ser bem fraco, mais devido a já dita simpatia e simplicidade de Harrelson, Defendor, de modo geral, é uma comédia simplória e despretensiosa. Se caísse nas mãos de um diretor mais capacitado e talentoso quem sabe o resultado final não seria bem mais satisfatório? Mas vale a pena conferir!

NOTA 3 : BOM

terça-feira, 11 de maio de 2010

" Jennifer's Body"


Com certeza não entendi o por que de tantas negativas para esse filme , pois com certeza o filme cumpre o que promete, ninguém vai ao cinema ver Jennifer´s Body esperando nenhuma obra prima, não , longe disso, mas com certeza o filme tem cenas bastante divertidas e algumas até mesmo picantes.

Feito especialmente para o seu público alvo que com certeza sairá satisfeito da sessão.

Megan Fox, em seu primeiro papel como protagonista, interpreta Jennifer Check, uma cheerleader típica, detentora de todas aquelas características inerentes ao gênero: beleza, futilidade e inconsequência. Em contrapartida, está sua melhor amiga, a nerd Needy, papel que coube a Amanda Seyfried – a insossa loirinha de Mamma Mia!. A história tem início quando as duas amigas vão a um show de rock que acaba em tragédia: o local se incendeia e Jennifer, interessada pelo vocalista da banda, aproveita a deixa para sair com ele. A partir daí, Jennifer passa a comportar-se de modo estranho. Ela começa a seduzir e matar os garotos de sua escola, beber o seu sangue e outras sutilezas mais. Assim que descobre, Needy tenta encontrar um meio de ajudar a amiga, ao mesmo tempo em que tenta proteger o próprio namorado de suas garras.

O roteiro, que ficou a cargo de Diablo Cody, vencedora do Oscar por Juno, não é de todo ruim: simples e narrado em primeira pessoa, dispensa o intrincado e desnecessário cruzamento de informações cada vez mais recorrente em se tratando de filmes de terror.

Um acerto inegável da diretora Karyn Kusama foi a seleção musical, que inclui Panic! At The Disco e Florence + The Machine, além de outros nomes populares entre o público alvo.

Anunciado como um misto de comédia e terror sobrenatural, a conclusão a que se chega após assistir à Jennifer´s Body é que lhe falta tanto de um gênero quanto do outro. Não há grandes momentos e os lugares-comuns predominam. As cenas mais expressivas se devem quase que exclusivamente à sensualidade impregnada à imagem de Megan Fox, que, convenhamos (e não poderia deixar de ser), está significantemente melhor que na franquia que a tornou famosa, Transformers. Sensualidade essa que pode frustrar os fãs mais afoitos, já que cenas mais picantes da atriz que circularam pela internet foram retiradas do longa. Os pontos altos nesse sentido se resumem a um beijo homossexual e uma briga usando roupa íntima.

No final das contas, Jennifer´s Body é um filme que como bom entretenimento, diverte e serve como escapismo por algumas horas e nada além.

Nota: 3 Bom

" Atividade Paranormal"


Escrito e dirigido por Oren Peli, que realizou o projeto por módicos US$ 15 mil dólares, a fita acompanha o casal Katie (Katie Featherston) e Micah (Micah Sloat), dois típicos americanos trabalhadores, que passam por uma situação incomum. Katie vê eventos estranhos acontecendo em sua nova casa e Micah resolve filmar o tal fenômeno com uma câmera.

A partir daí, “vemos” (entre aspas mesmo) os dois sendo cada vez mais perturbados pela tal atividade paranormal do título e ignorarem os conselhos de um psíquico, que os recomenda chamar um demonologista para lidar com a situação. O filme todo é mostrado pela fita na câmera de Micah, como se o público a tivesse encontrado, não muito diferente do que ocorreu em “A Bruxa de Blair”, fita que claramente inspirou Peli nesta produção.

Se a escuridão e a paranóia marcavam aquela fica graças ao temor do desconhecido representado pela floresta, em “Atividade Paranormal” o cenário se restringe à residência suburbana do casal protagonista, algo nada aterrorizante. Ora, o que deveria assustar o público seria a segurança do lar de Katie e Micah ser quebrada, com eles dois se sentido animais acuados em sua própria toca.

No entanto, quase nunca o espectador consegue sentir que aqueles dois estão realmente ameaçados, com o fenômeno se restringindo a ruídos e lençóis se movendo “sozinhos” durante boa parte da projeção. Nos últimos vinte minutos é que situações mais pesadas começam a ocorrer, mas é provável que o público já tenha sido vencido pelo tédio.

A montagem esquemática da fita a torna extremamente enfadonha, com uma discussão do casal, filmagem do fenômeno paranormal (algo como um lençol se mexendo), os dois comentando a filmagem, brigando depois de ver a fita… Esse padrão acontece por mais de uma hora, tornando o filme ridiculamente repetitivo.

É preciso reconhecer o esforço da equipe do longa em realizar os efeitos práticos do filme com relação às ações do fenômeno considerando o orçamento limitadíssimo da produção, mas ver uma fronha se movendo ou uma televisão ligando sozinha só assusta mesmo se for na sua casa, não em um filme.

Aliás, temos de dar os parabéns para Micah, já que o personagem se torna um dos mais idiotas dos últimos anos por ser um corretor de ações que, aparentemente, sempre quis ser um dos caça-fantasmas e acaba colocando a namorada e a si mesmo em risco por conta disso, ignorando qualquer conselho ou bom-senso na hora de lidar com a tal aparição. A imbecilidade do rapaz acaba sendo mais um fator negativo (ou cômico), pois o público acaba torcendo para que, seja lá o que tiver na casa, mate-o logo.

Por quase uma hora de filme, se arrasta uma discussão sobre chamar ou não alguém que entenda do assunto e, mesmo depois que Micah passa a acreditar na existência do fenômeno, ele diz que é completamente capaz de lidar com aquilo. Até mesmo o ator que vive a tal figura, Micah Sloat, parece não engolir algumas ações de seu personagem, tornando a situação ainda mais ridícula.

Já Katie Featherston, ao encarnar sua personagem homônima, se torna um dos poucos pontos positivos nesta produção. Carismática, bonita (sim, isso ajuda), ela encarna bem o estereótipo da vítima em um filme de terror. Sua reação ao descobrir a verdadeira natureza da ameaça que a cerca, além de plenamente crível, levam a sua personagem a um ponto extremamente interessante, com a atriz conseguindo conduzir muito bem sua Katie em um momento crucial do filme.

Infelizmente, tal sequência vem tarde demais para tentar redimir quase 80 minutos da mais pura chatice. A única lição que esta película deixa é que, em caso de fenômenos paranormais, não tente resolver sozinho. Para quem você vai ligar? Bom, tem um tal de Dr. Peter Venkman que dizem ser muito bom nisso…

Nota 1 Ruim

" 2012"


Esqueça os Maias. O único elemento da cultura deste povo que teve alguma serventia foi a previsão catastrófica para o dia 21 de dezembro de 2012. E parou por ai. Ainda assim, o mito que gerou o argumento do novo filme de Roland Emmerich nem ao menos tem seus quinze minutos de existência na tela.

Em 2009, o cientista indiano Satnam Tsurutanium descobre através de suas pesquisas que uma erupção solar está causando o aquecimento do núcleo do planeta e, mais cedo ou mais tarde, isto causará transtornos colossais em toda a estrutura da Terra. Terremotos, tsunamis, vulcões em plena erupção; toda a ordem de desastres naturais virá a ocorrer a cabo de 3 anos, mudando completamente a fisionomia do globo e ameaçando a sobrevivência nele. Antes do previsto pelos cálculos do cientista, o planeta começa a reagir. É neste ponto – único – em que a previsão maia ganha alguma visibilidade; bem passageira.

O herói da história é Jackson Curtis (John Cusack), um motorista de limusine e escritor fracassado, que tenta reconquistar os filhos, que moram com sua ex-mulher, Kate (Amanda Peet). Não bastasse Curtis ter que disputar o amor dos filhos com o simpático Gordon, novo namorado de Kate, para piorar sua vida ainda descobre que todo o planeta está indo desta para melhor. Assim, sua missão agora é salvar sua família (Gordon incluso) e levá-la até um local secreto onde estão sendo construídas “naves” que permitirão que uma parte da humanidade sobreviva.

É claro que ninguém espera um grande roteiro de um filme desses, vamos ser sinceros. Mas, mesmo assim, Emmerich e seu parceiro na história, Harald Kloser (um músico que anda se arriscando no roteiro) conseguem baixar o nível ainda mais do que se esperaria. O espectador, na primeira meia-hora de projeção, ainda tenta gostar do filme. A produção tem um elenco legal, o John Cusack é sempre uma figura simpática etc… Mas logo fica claro que os roteiristas apelaram para o mínimo denominador comum, usando todos os clichês do gênero. Moleque que não respeita o pai e depois vai admirar sua coragem e mostrar que o ama? Tem aqui. Família separada a caminho de uma reaproximação? Tem também. Um cientista bonzinho enfrentando um político egoísta? Deixa com a gente. Tudo tão chato e previsível que certos momentos do filme se tornam piadas involuntárias.

Algumas coisas se salvam. A limusine correndo em meio ao caos, com tudo sendo destruído à sua volta, é muito bem feita, mostrando o que talvez seja a melhor sequência de destruição já vista nas telas. Um momento improvável, mas divertido. Mais tarde, dois aviões protagonizam variações desse cena com resultados mistos: alguns bons efeitos, misturados com outros meio ridículos. E a queda do Cristo Redentor, que levou muita gente aos cinemas, parece levar mais tempo no trailer do que no próprio filme. Se você piscar,com certeza perde.

Outro destaque também vai para o sempre bom ator Woody Harrelson, com seu personagem completamente amalucado e também bastante engraçado, que de sua maneira tenta avisar ao mundo de que uma tragédia está prestes a acontecer.

Se ao menos o climax do filme fosse grandioso e emocionante, esqueceríamos as agruras das duas horas anteriores e tudo ficaria mais palatável. Mas perca a esperança. O final do filme, com gente mergulhando e tentando destravar um certo dispositivo enquanto a água atinge as tais “naves” é um dos mais insossos do cinema nos últimos anos. Mas o que esperar de um filme onde um técnico do Força Aérea Um anuncia que “todos os sistemas de comunicação do mundo deixaram de funcionar” e, vinte minutos depois, um dos heróis recebe uma chamada em seu celular, vinda de um amigo perdido no meio das montanhas da Índia? Qual é a operadora que esses caras usam? Quero fazer o mesmo plano de minutos! “Fale até o Fim do Mundo!”

No final o que podemos dizer de 2012 é que é um filme com alguns bons efeitos , que no final não conseguem compensar o roteiro e a história tão frouxa e superficial. Muito dinheiro gasto , muita expectativa e no final o que nos resta é saber o por que de ter perdido tanto tempo numa sala de cinema para ver tanta baboseira.

Nota 1: Ruim

"Lua Nova"


Responsável pelo ótimo “Um Grande Garoto”, mas também tendo comandado o medíocre “A Bússola de Ouro” (embora não tenha tido o menor controle criativo naquele filme), Weitz possui um gosto visual mais apurado que Hardwicke, além de ter sido beneficiado por um orçamento bem mais polpudo. Além disso, o diretor ainda sai no lucro por este segundo filme possuir algumas subtramas que realmente são capazes de causar empolgação, embora o seu plot principal seja ainda mais ridículo que o do longa original.

Na história, a humana Bella (Kristen Stewart) e o vampiro Edward Cullen (Robert Pattinson) continuam em seu romance na nublada cidadezinha de Forks. No entanto, no aniversário de 18 anos da garota, ela começa a perceber que, enquanto seu amado permanecerá para sempre jovem, ela envelhecerá e morrerá. Após um incidente na casa do clã do Cullen, Edward e sua família decidem deixar Forks e Bella para trás para sempre, com a jovem desabando em uma crise de depressão profunda.

Fragilizada psicologicamente após ser abandonada, Bella se joga em situações de perigo para ter visões de Edward, mas ela começa a se recuperar graças à companhia do seu amigo Jacob (Taylor Lautner). No entanto, a maligna vampira Victoria (Rachelle Lefevre) volta para se vingar dela. Mas Jacob e seus estranhos companheiros também não são nada normais, assumindo, quando com raiva, a forma de gigantescos lobos.

Jogando mais informações para o público ao mesmo tempo, o roteiro ainda introduz a realeza vampiresca dos Volturi, vampiros europeus aristocratas que se aproximam mais do mito clássico de Bram Stoker. O grande problema de “Lua Nova” é quando o filme se concentra no insuportável casal Bella e Edward. No primeiro filme, a personagem de Kristen Stewart era apresentada como uma garota normal em uma situação extraordinária, com ela sendo um dos poucos pontos fortes daquela película.

Já nesta continuação, Bella é mostrada comum uma garota altamente dependente, pouco inteligente, ingênua e com fortes indícios de desequilíbrio mental. O próprio filme deixa claro que as visões de Edward que a jovem tem não são místicas nem nada do gênero, vindo da própria mente dela. Some-se isso com uma crescente tendência suicida desta e uma atração inexplicável por tipos perigosos e temos uma bomba-relógio humana prestes a explodir, sendo alarmante que o comportamento dela seja admirado por tantas adolescentes ao redor do mundo.

Edward, por sua vez, se mostra bastante coerente com aquilo que fora mostrado na fita anterior, ou seja, uma figura que vaga por aí vomitando clichês românticos para a sua amada. Mal e porcamente vivido por Robert Pattinson, que também é retratado por Weitz como um presente de Deus para as mulheres (vide a chegada do rapaz na escola no começo do filme), Edward é uma figura altamente unidimensional, sendo ótimo para a história que ele apareça tão pouco durante o filme.

A terceira ponta deste triângulo amoroso, Jacob, é uma grata surpresa. Vivido por Taylor Lautner, o jovem lobo protagoniza alguns dos melhores momentos do filme, com sua transformação de um rapaz comum para lobisomem sendo bem mostrada pela fita. Aliás, a alcateia de Jacob é muito mais interessante que o chatíssimo clã dos Cullen, além de ser melhor explorado pelo roteiro que a família de sanguessugas, que, com exceção do pedante Edward e da interessante Alice (Ashley Greene), quase não ganha tempo de tela.

Os lobos, aparentemente, também sofrem da maldição do torso pelado, já que em toda cena em que aparecem em forma humana, surgem sem camisa. Apesar de o roteiro oferecer uma explicação para isso – a alta temperatura dos corpos dos rapazes -, esta não é lá muito convincente e não serve para amenizar o ridículo desse visual.

Devo dizer que o drama de Jacob chegou a me lembrar muito o de Bruce Banner, só faltando a música triste de piano ao fundo.

O clã dos Volturi foi uma adição interessante à mitologia da saga. Aliás, depois deste filme, pode-se realmente dizer que há algo de estranho com Bella, que chamou a atenção do líder aristocrata dos vampiros, Aro, vivido por Michael Sheen. Aliás, para tanta propaganda em cima dos Volturi, pensei que estes apareceriam mais, com Aro, Jane (Dakota Fanning) e os demais membros da “realeza” mal aparecendo em tela. Embora surjam de maneira nada orgânica em cena, eles acabam por colocar alguns pontos interessantes na trama geral da série que, espero, sejam resolvidos nos demais filmes.

É interessante notar a aparição nada chocante dos vilões da fita, Laurent (Edi Gathegi) e Victoria (Rachelle Lefevre). Enquanto o vampiro de dreads teve sua participação quase totalmente mostrada no trailer da produção e sua presença ser mal explicada pela película, com a própria Bella explicando o furo que é ele estar lá depois dos eventos de “Crepúsculo”, Victória não chega a dar uma só palavra no filme todo. Pior para Rachelle Lefevre que será substituída no próximo filme da série, no qual sua personagem terá algo para dizer realmente.

Weitz faz um trabalho razoável no comando do filme. Tremendamente melhor preparado que Catherine Hardwicke, o cineasta lança mão de recursos visuais interessantes e planos bem realizados, embora escorregue de vez em quando, vide a horrorosa cena do desaparecimento de Edward após este terminar com Bella e o plano que mostra Bella vagando pela floresta após isso. Mas só a sequência que traz a perseguição dos lobos a Victoria já é melhor que o primeiro filme inteiro.

A maquiagem dos vampiros continua deixando a desejar, embora se note uma evolução sensível na cinematografia e nos efeitos especiais em relação ao longa anterior, com os efeitos dos lobos e das cenas de luta merecendo palmas discretas. A trilha sonora também merece elogios, se bem que, como Weitz já trabalhou em uma adaptação de um livro de Nick Hornby, era o mínimo que poderia se esperar.

Embora seja um filme melhor que “Crepúsculo”, “Lua Nova”, ainda é um filme fraco , com inúmeras falhas de roteiro e continuidade, mas que deve agradar em cheio ao público adolescente ávido para saber o desfecho da história, apesar de ter alguns bons momentos ao longo do filme, a franquia tem ainda muito o que melhorar para ser considerada uma saga.

Nota: 2 Regular