segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

" TRON- O LEGADO"


Assisti pela primeira vez o primeiro Tron a pouco tempo, com certeza não farei comparações entre os dois filmes devido ao grande hiato de tempo que separam os dois filmes, mas vale salientar que o primeiro filme na sua época foi inovador, enquanto o novo filme não.

O filme se enquadra no novo subgênero de filmes que trazem a vida jogos de videogame e computador para a vida. Dito isto, o visual do filme e sua trilha sonora é absolutamente deslumbrante e arrebatador, já a história, o roteiro do filme , não é nenhuma obra-prima, mas também não chega a ofender a inteligência do espectador.

O filme começa, não de onde o velho filme parou, mas anos mais tarde, quando o filho de Kevin Flynn, Sam (Garrett Hedlund de "Tróia"), cresceu como o futuro herdeiro do império de software de seu pai , o que parece ser uma empresa muito parecida com a Microsoft. Sam não sabe o que aconteceu com seu pai (interpretado por Jeff Bridges, de "Crazy Heart"). Ele tem problemas de abandono. Respondendo a uma mensagem misteriosa, ele vai para a velha loja de videogames do seu pai, onde ele descobre o laboratório secreto do seu pai, lá ele é transportado para a realidade virtual de um mundo da informática. Chegando lá nesse mundo virtual paralelo, ele descobre que seu pai ainda está vivo, e o programa software de computador que é seu alter ego também está vivo e bem. Este programa de computador se transformou para o lado maligno e retomou o controle da realidade virtual ambiente.

Para escapar desse mundo virtual, Sam tem de viajar para o terminal em menos de oito horas antes do seu fechamento. Kevin não quer correr o risco da jornada, porque se o seu disco de computador for capturado, programas de computador agressivos poderiam escapar para o mundo real, onde poderiam causar grandes danos. Sam decide tentar chegar ao terminal, escapar para o mundo real e com isso impedir a fuga dos programas de computador malignos para o mundo real. Ele vai de encontro aos desejos de seu pai e sai em uma motocicleta totalmente cool gerada por computador.

Assistindo à produção, fica claro que o tempo passa, o tempo voa, mas a gente continua sempre a ver as mesmas histórias. Isso até não seria um problema se o filme apresentasse novidades, o que não é o caso. A embalagem aqui pode ser mais neon e iluminada, mas falta a “Tron – O Legado” o vigor e a ação desenfreada de uma produção de James Cameron (“O Exterminador do Futuro”) ou a aura enigmática e filosófica de um longa dos irmãos Wachowski (“Matrix”).

É verdade que o estreante Joseph Kosinski se sai melhor do que Lisberger no comando do espetáculo. Além de ter senso estético (o filme é realmente belíssimo e o 3D muito bem utilizado), o diretor sabe comandar a ação e construir uma narrativa minimamente envolvente, evitando os vazios dramáticos do primeiro longa. Mas, apesar de bem editado e das cenas de ação realmente empolgarem, revezar câmera lenta com uma montagem acelerada não deslumbra mais ninguém.

Um dos acertos é manter uma série de elementos do primeiro, inclusive alguns atores (Jeff Bridges e Bruce Boxleitner reprisam seus papéis), e dar continuidade à história, mesmo que quase 30 anos depois, prestando homenagem a um filme que marcou uma geração e hoje estava praticamente esquecido. O clima futurista também é bem vindo, mas parte do mérito disso vai para a eficiente trilha musical do Daft Punk.

Provavelmente o personagem mais interessante no filme é Castor (interpretado por Michael Sheen de "Underworld: Rise of the Lycans"). Ele é uma espécie de David Bowie em crack. Castor é um dono de boate que é contactado por Sam, que espera que ele possa providenciar o transporte até o terminal.

No final das contas, “Tron – O Legado” é entretenimento digno e eficaz. Um desses blockbusters que faz uso de toda a tecnologia à mão para proporcionar uma experiência sensorial ágil e em alto e bom som. Não há como negar que seja visualmente encantador, mas, ao contrário do primeiro, não deixará marca alguma na História do Cinema.

NOTA 3 BOM

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

"O APRENDIZ DE FEITICEIRO"


Mesmo antes de O Aprendiz de feiticeiro estrear nos cinemas, os críticos foram rápidos a pronunciar uma decepção garantida. Eu não sei porquê. Afinal de contas, "O aprendiz de feiticeiro" foi inspirado em uma das histórias do Mickey, no original "Fantasia", e alguns fãs consideram a obra como algo sagrado. Para outros, o nome de Jerry Bruckheimer é tudo que eles precisam ouvir para logo descartar a seriedade da obra. O ponto é, eu tinha ouvido falar que este filme foi medíocre na melhor das hipóteses, e eu provavelmente era tão culpado quanto qualquer outra pessoa para assumir o pior. Então eu fui assisti-lo com a minha família, e quando a votação foi mista, nós concordamos em uma coisa: os críticos que destruíram este filme foi o modo de ser muito duro com ele.

O importante a ressaltar é que o filme, funciona muito bem como um entretenimento leve, mas com certeza não há o desenvolvimento mais profundo de qualquer personagem ou até mesmo dos diálogos para tornar o filme com mais importância ou relevância para a vida de qualquer pessoa.
Mas quanto realmente precisamos saber sobre um feiticeiro secular ou mesmo sobre o seu aprendiz do século 21, para percebemos que esses caras são a única esperança da humanidade contra um outro feiticeiro do mal que quer destruir o mundo?

Nicolas Cage volta aos cinemas na pele de Balthazar Blake, um feiticeiro que mora em Manhattan e que busca defender a cidade de seu arquiinimigo, Maxim Horvarth. Além disso, o mágico busca também encontrar o “mais novo do milênio”, nome dado ao jovem herdeiro do poder de seu antigo mestre. Depois de muitas tentativas furadas, Baltazar o encontra e passa a ajudar o jovem a entender e praticar a magia dentro da missão de proteger o mundo. Boa parte do longa será destinada ao desenvolvimento e aprendizagem do jovem, que ainda arranja tempo para se apaixonar e complicar ainda mais a missão.

O principal problema está no roteiro, que pecou por não sai do padrão. Os efeitos visuais conseguem esconder um pouco as falhas da obra. É interessante ver que não ocorre aqui uma economia como ocorreu com o tempo de duração da obra e no romance na mesma. Eles estão em toda parte e para todos os lados. E como de praxe, os melhores ficaram para o final. O mais intrigante é que nenhum habitante da cidade consegue vê-los. Ninguém acha estranho um dragão de tecido transformar-se em um dragão de verdade.

Algo que vale ressaltar é o crescimento da história. Embora repleta de falhas em sua execução, ela chega ao seu ápice com vários ganchos que conquistam por sua força. O humor surge na obra de forma bem contida. Algumas piadinhas e a própria inexperiência do jovem ao lidar com os poderes dão um tom leve e agradável à história. A cena em que ele, ao invés de melhorar o carro, o transforma em um calhambeque é divertida.

NOTA 2 REGULAR

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

PIORES DO ANO DE 2009





























01-ANTICRISTO
02-GAMER
03-SEGURANÇA FORA DE CONTROLE
04-SEGURANÇA DE SHOPPING
05-BRÜNO
06-CONTATOS DE 4° GRAU
07-O GOLPISTA DO ANO
08-TERROR NA ANTÁRTIDA
09-O ELO PERDIDO
10-AMELIA
11-HERÓIS

MELHORES DO ANO DE 2009













01-BASTARDOS INGLÓRIOS
02-WATCHMEN
03-AVATAR
04-500 DIAS COM ELA
05-DESTINOS LIGADOS
06-ENTRE IRMÃOS
07-CORAÇÃO LOUCO
08-A ÓRFÃ
09-SIMPLESMENTE COMPLICADO
10-REC 2
11-O FANTÁSTICO SR RAPOSO

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

"SCOTT PILGRIM CONTRA O MUNDO"


Edgar Wright, o escritor britânico e diretor de filmes de sucesso como Todo mundo quase morto e Chumbo grosso, deixou para trás seu habitual parceiro de criação Simon Pegg para ir sozinho em busca do sucesso em Hollywood. O resultado é um filme original, engraçado e inteligente que é um verdadeiro deleite aos sentidos.

"Scott Pilgrim contra o mundo" é como se fosse os elementos da cultura jovem americana amontoados em um único pacote ou seja, onde o supérfluo domina domina em todos os meios de comunicação: É sobre amor, da alienação, videogames, quadrinhos, acorde de guitarra de indie rock / punk, mensagem sms, empregos sem futuro e dos ex-namorados malévolos. Principalmente videogames e ex-namorados malévolos.

O que fazer quando a garota de seus sonhos tem problemas com os ex-namorados? Se você for um universitário, rockeiro ou nerd, nada mais natural do que se tornar um super herói e combater todos os "exs". Em Scott Pilgrim contra o Mundo, encontramos nosso herói na honrosa missão de combater os sete ex- namorados de sua amada - Ramona Flowers, é em torno disso que a trama gira ou melhor dizendo, o jogo. Baseado na história em quadrinhos “Scott Pilgrim Volume 1: Scott Pilgrim´s Precious Little Life” de Byran Lee O´Malley, o filme tenta reproduzir um mundo cheio de loucuras na telona. Scott Pilgrim tem 22 anos, uma banda de rock e namora a garota mais cobiçada do colégio, tudo em sua vida está uma maravilha até ele mergulhar em uma aventura sem limites, repleta de mulheres, música e adrenalina. Quando ele percebe, tudo está de cabeça para baixo e o que era real se tornou parte da fantasia.

Michael Cera, o protagonista do filme, firma definitivamente o seu lugar no mundo do cinema , como o ator de um papel só. De certo modo, isso pode ser muito bom por um lado, já que Scott e Cera são a mesma pessoa e sem ele, com certeza o longa não sairia do papel, porém é ruim para o ator Cera, já que hoje já não tenho mais dúvidas da limitação desse ator, já que repetitivamente ele interpreta o mesmo papel nos filmes, no filme em questão ele está perfeito já que a impressão que fica é que ele não precisou interpretar para realizar o filme. Simplesmente foi ele mesmo.

O roteiro do mais bem humorado inglês a surgir nos últimos tempos, nos leva de maneira brilhante a epopéica aventura do jovem rumo ao autoconhecimento. Cada personagem do cotidiano de Pilgrim pode ser encarado como um estereótipo da cultura de massa, como também cada ex namorado representa metaforicamente as deficiências e dificuldades do personagem que impedem ele de evoluir, amadurecer ou até mesmo passar de fase como num videogame.

Wright mantém na direção do filme a mesma pegada, elevando o filme ao status de ser talvez o filme mais cool e divertido do ano, não há uma cena sequer no filme que não tenha um potencial cômico ou mesmo algo que esteja acontecendo de interessante no fundo , como exemplo, as onomotopéais, ou os detalhes e informação de cada personagem que vão surgindo ao longo do filme.
Todos os atores estão muito bem no filme, valendo recordar a participação do colega de quarto gay interpretado por Kieran Culkin, Brandon Routh(o último super homem do cinema) e Chris Evans( o tocha humana e esperado capitão América) como uns dos ex namorados de Ramona, não esquecendo também um dos meus jovens atores preferidos Jason Schwartzman em mais uma ótima atuação.

A edição é primorosa e os efeitos especiais fantásticos, o mundo dos nerds, batalha de bandas de rock, muito videogame e quadrinhos e é claro toda a cultura e contra cultura jovem americana embalada num filme filme irretocável e que desde já pode ser considerado como um filme que vai marcar a história do cinema.

NOTA 5 EXCELENTE

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

"MINHAS MÃES E MEU PAI"


Toda família tem seus problemas, e não há dúvidas também que os pais sempre querem acertar com educação dos seus filhos. Em Minhas mães e meu pai (The Kids Are All Right) a única diferença é que os pais na verdade é um casal homossexual , duas lésbicas, mas elas estão lutando com os mesmos problemas que o resto do mundo para criar seus filhos. Questões como a confiança, respeito, limites, como o amor pode resistir por bons e maus momentos e como explicar aos seus filhos adolescentes, por que você está ficando excitada por pornô gay masculino são tratadas nesse filme.

Essa última não pode ser lá tão generalizada, mas este filme inteligente enfoca sobre encontrar as verdades universais em circunstâncias específicas. É perspicaz, espirituoso e bem encenada por um elenco de primeira linha que inclui Annette Bening, Julianne Moore e Mark Ruffalo. Minhas mães e meu pai inicialmente parece mostrar uma intenção um pouco em trazer o espectador médio fora de sua zona de conforto. Ele logo se instala em um conto imensamente agradável das famílias modernas, as relações complexas e à noção de que toda ação tem uma conseqüência.

A doutora Nic (Bening) e sua parceira Jules ( Moore) estão juntas há 20 anos. Elas criaram duas crianças de uma maneira que faria qualquer pai orgulhoso. Joni (Mia Wasikowska) tem 17 anos, inteligente e está para começar na faculdade. Meio irmão Laser (Josh Hutcherson) é um verdadeiro atleta de 15 anos de idade. Ambos são responsáveis ela um pouco mais do que ele, respeitosos e começam a sair da coleira dos pais, mas, como o título sugere, as crianças estão bem.
Na verdade são os adultos que estão tendo problemas. Nic é uma enrolada, controladora que não parece ter encontrado um copo de vinho tinto que ela não gostou. Jules tardiamente tentar fugir da longa sombra da domesticidade e, finalmente, arrancar com a sua carreira como uma arquiteta. Ela tem claramente alguns arrependimentos sobre o que poderia ter sido.

Tudo muda quando Laser diz que gostaria de conhecer seu pai biológico (ou doador de esperma).
O homem em questão é Paul (Ruffalo), um charmoso e sensível, dono de restaurante que anda em torno da cidade em uma moto. Laser acha que ele é um cara legal. Joni parece ter encontrado uma figura paterna. Nic sente ele como apenas uma ameaça à sua estabilidade, enquanto Jules não tem certeza do que ela encontrou neste cara atraente que parece estar dando bastante atenção a ela.

Paul é o intruso clássico que perturba a ordem natural. Ele parte corações e sempre desafia a complacência, mas permanece sempre um simpático personagem na história.

O roteiro é muito bem escrito pela diretora Lisa Cholodenko e Stuart Blumberg e da a sensação de ser elaborado a partir de experiências da vida real. Ruffalo é uma alegria como o solteirão despreocupado, tranquilão e sempre de bom humor exalando a sua masculinidade. Moore traz apenas o suficiente para mostrar e lapidar o desespero da sua personagem, sugerindo uma frustração que tem sido alimentada ao longo dos anos.

Bening nos entrega mais uma de suas grandes performances no ano, ela que não faz nada para disfarçar o fato de que ela tem 52 anos e consegue captar perfeitamente os dentes cerrados e olhar de contralodora que em certo momento do filme, vê que a sua vida simplesmente não podem ser controlada da maneira que ela gostaria. Meu único descontentamento com o filme, é em relação ao final destinado ao personagem de Mark Ruffalo, pode ser corporativismo entre homens ou não , mas não fiquei satisfeito.

No final de tudo, Minhas mães e meu pai (The Kids Are All Right) é vivamente recomendado para qualquer pessoa em busca de entretenimento inteligente e adulto, com certeza um dos melhores filmes do ano.

NOTA 5 EXCELENTE

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

"ATRAÇÃO PERIGOSA"


Atração Perigosa (The Town , EUA , 2010) é o segundo filme dirigido pelo ator Ben Affleck, que desta vez também é o protagonista principal e um dos roteiristas. Baseado no livro “O Príncipe dos Ladrões“, de Chuck Hogan, este longa está sendo considerado um retorno muito bem-sucedido, principalmente como diretor, em sua carreira cinematográfica.

Doug MacRay (Ben Affleck) é o líder de um grupo de assaltantes de banco, da famosa cidade de Charlestown, conhecida por abrigar um grande número desse tipo de ladrão. Durante um assalto, alguém aciona o alarme e eles mudam totalmente os planos decidindo levar a gerente, Claire Keesey (Rebecca Hall), como refém. Após libertá-la, descobrem que ela mora na mesma cidade e, como medida de segurança, Doug começa a segui-la, mas logo em seguida se vê apaixonado por ela.

Desse modo, a história toma novo rumo: como tornar viável o romance entre duas pessoas com estilos de vida tão diferentes? Atração Perigosa, então, torna-se o conflito de um personagem que pretende alterar seu modo de vida, mas, ao mesmo tempo, não quer trair a amizade dos amigos, principalmente por dívidas passadas. Até aí reina a impressão da obviedade e essa tendência prossegue até o final, principalmente com as supostas sacadas inteligentes que só repetem velhas fórmulas.

Aqui temos todos os elementos de um filme de assalto misturado com romance: o bandido se apaixona por uma mulher que estava envolvida num roubo, ele quer largar sua antiga vida para começar uma nova com ela, mas para isso precisa praticar um último ato antes da redenção final. A grande diferença de Atração Perigosa é que não há toda aquela sessão explicando todo o planejamento dos assaltos, como em Onze Homens e um Segredo e afins, criando uma expectativa maior do que poderá acontecer. Além disso, o filme tem como mérito a humanização dos personagens, os moradores da cidadezinha parecem verdadeiros caipiras modernos americanos (será que o dente quebrado do Affleck era parte da “maquiagem”?).

Apesar dele se esforçar, é difícil se convencer com a atuação de Ben Aflleck, principalmente como um “brutamontes” anti-herói quando se está acostumado a ver ele em comédias “bonitinhas”. Entretanto, Atração Perigosa tem bons momentos dentro de suas fraquezas. Os atores tornam o enredo digno e são eles os responsáveis por segurar a atenção do público em relação ao que é contado. Jeremy Renner destaca-se ao interpretar um tipo comum que facilmente poderia ser retratado pela caricatura. Rebecca Hall consegue dar graça a uma personagem sem sal e sem profundidade. Se Affleck já conseguiu ver a atriz de seu filme anterior ser indicada ao Oscar, Amy Ryan por Medo da Verdade (Gone Baby Gone, 2007), talvez a condução de atores seja seu maior talento atrás das câmeras.

o roteiro se aproveita de momentos de distração dos personagens para envolver sub-tramas (como a busca de Doug pela mãe que foi embora e os conflitos que justificam a amizade de Doug e seu companheiro de crime Jem (Renner)). Outro destaque fica por conta das realistas cenas de ação, especialmente as de perseguição e tiroteios.

Um ponto bem interessante em Atração Perigosa é a enfatização de que, não importa quão seguro e planejado seja um sistema de segurança, o ponto mais fraco dele sempre será o fator humano. De que adianta uma porta super especial que só abre com chaves muito específicas, se a família de quem tem a chave é ameaçada e na mesma hora o seu detentor abre a porta?

Apesar de Atração Perigosa não possuir nada de inovador, além de ser bastante previsível, consegue manter a atenção do expectador. Atração Perigosa não funciona e nem tenta funcionar como uma crítica socialista ou moralista, o máximo que faz é nos levar ao seguinte dilema: "Eu não deveria estar torcendo para os policiais?".
No fim, é mais um ótimo filme de polícia e ladrão que consegue entreter - assim como os paralelos "Caçadores de emoção", e o já clássico “Fogo contra fogo” de Michael Mann.

NOTA 4 ÓTIMO

A VIDA E A MORTE DE CHARLIE


Charlie St. Cloud é um jovem rapaz que sofre pela morte de Sam, seu irmão caçula, num acidente de carro pelo qual sente-se responsável. A dor é tanta que ele vai trabalhar como coveiro justamente no cemitério em que o irmão está enterrado. É assim que Charlie faz um pacto com Sam, podendo não apenas vê-lo mas também passar as noites conversando com ele. Até que um dia uma garota entra na vida de Charlie.

Zac Efron decidiu sair do elenco da refilmagem de “Footloose”, dando preferência a este drama. Esta escolha já mostra certa inteligência, quando ele se dispõe a desistir de um projeto de lucro fácil e prioriza um filme com potencial para somar em seu conjunto de obra. Ponto para ele!

O grande problema é que mesmo com claros potenciais, a obra não se sustenta! Além de não oferecer nada de novo em originalidade ou entretenimento, peca por excesso de melodrama e nenhum aprofundamento nos personagens.

Efron vive Charlie St. Cloud, um jovem que encontra dificuldades em superar a morte de seu irmão mais novo. Como a relação dos dois era muito próxima, ele decide arrumar um emprego como zelador no cemitério em que ele está enterrado. Aparentemente um roteiro típico de Nicholas Sparks, porém sem sua competência. Craig Pearce e Lewis Colick não conseguem tornar o livro original de Ben Sherwood algo visualmente interessante.

A direção de Burr Steers mesmo que sem nenhuma personalidade, demonstra-se funcional. Em alguns momentos nota-se o princípio de algo engenhoso, porém fica apenas na promessa. Algo curioso também são as pequenas participações de Kim Basinger e Ray Liotta, com a participação de Basinger que interpreta a mãe de Efron na história, em nenhum momento sendo explicada o por que do súbito desaparecimento da sua personagem na trama, Ray liotta até tem uma funcionalidade para a trama, mas mesmo assim é bem rapidinha a sua aparição também.

Vale um pouco pela química do casal: Efron e Amanda Crew (Tess Carroll) e por algumas boas intenções, mesmo que o ritmo excessivamente lento atrapalhe na maior parte do tempo.

NOTA 2 REGULAR

"TROPA DE ELITE 2"


Alguns homens nascem apenas para a guerra. Roberto Nascimento, o já icônico personagem vivido por Wagner Moura, é uma dessas pessoas. No final de “Tropa de Elite”, Nascimento fora abandonado por sua esposa grávida, o que lhe desmotivou da ideia de sair do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (BOPE) do Rio de Janeiro. Anos se passam e o agora Coronel Nascimento ressurge para o público neste “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro”.

Esta sequência, tal qual o original, tem em seu leme o diretor José Padilha, que escreveu o roteiro do longa ao lado de Bráulio Mantovani. A dupla, de maneira inteligentíssima, traz um exercício de metalinguagem como pontapé inicial do filme. Após uma ação do BOPE no presídio de Bangu I que trouxe graves repercussões políticas, os dois líderes do batalhão, o Coronel Nascimento e o Capitão Mathias (André Ramiro) tiveram “punições” diferentes. Nascimento foi elevado (tal como na realidade) à posição de herói por sua resposta firme (para não dizer excessiva) junto aos criminosos, assumindo o cargo de Subsecretário de Segurança Pública. Já Mathias é usado como bode expiatório pelo governo e expulso em desonra do BOPE.

Na posição ideal para conseguir travar sua luta contra o tráfico de drogas, Nascimento descobre que a situação não é tão simples quanto ele pensava, percebendo que as raízes da corrupção são bem mais profundas do que meros policiais subornados por traficantes. Além de encarar um inimigo que parece ser onipotente, o Coronel ainda tem de encarar a própria solidão, encontrando-se afastado do filho e vendo sua família sendo chefiada pelo ativista político Fraga (Irandhir Santos), seu maior crítico público. Os desafios enfrentados por Nascimento convergem de maneira explosiva em um conflito que mudará toda a percepção de realidade do personagem.

Interessante notar que Padilha pega todas as crenças e certezas que Nascimento tinha no primeiro filme e as desconstrói de maneira brilhante aqui. Em dado momento, Nascimento imagina as consequências de seu plano para a segurança pública, apenas para depois a audiência compreender, com a ajuda do próprio personagem, que nada do que fora planejado realmente aconteceu. Deste modo, a continuação não funciona apenas como um mero desdobramento dos temas propostos na primeira fita, mas como uma evolução daquele longa, mostrando que a resposta meramente coerciva para o problema da violência funciona tão bem quanto um band-aid para uma perna gangrenada.

Diga-se de passagem, a produção é tão sutil quanto um rolo compressor ao mostrar algumas de suas facetas. Sua violência é tão explícita quanto a hipocrisia política de seus “vilões”, sendo difícil saber qual das duas provoca mais revolta e asco junto ao público. Em um momento marcante, Nascimento surra sem dó ou piedade um político corrupto. Essa falta de sutileza merece ser saudada, pois a fita transmite, quão grave e assustadora é a situação nada fictícia que é mostrada.

O elenco é simplesmente magnífico. Wagner Moura entrega uma das performances mais arrebatadoras que já tive o prazer de assistir, com o Coronel Nascimento revelando a cada instante sua frustração perante seu verdadeiro inimigo. Ora, Nascimento é um homem que nasceu para a luta, tanto que os momentos de ternura e de diálogo que possui junto ao filho são em um tatame de jiu-jítsu. Colocá-lo em meio ao território inimigo completamente fora de seu terreno de ação foi crucial para nos mostrar um lado mais frágil daquele homem e fazê-lo rever suas crenças.

Enquanto no primeiro longa o Nascimento que víamos na farda preta era um leão altivo, cujos conflitos psicológicos irromperam quando da gravidez de sua esposa, todas as cenas que retratam o personagem de terno e gravata nesta continuação mostram um homem apequenado, embora não pare de lutar contra a sujeira ao seu redor, algo retratado por Moura na postura física de seu personagem e do cansaço em sua voz. A evolução de Nascimento dialoga diretamente com o clássico policial “Serpico”, inclusive na desconstrução de crenças dos protagonistas de cada produção. Acreditem, Wagner Moura merece a comparação com Al Pacino.

Irandhir Santos foi um verdadeiro achado para o papel de Fraga. Com um personagem tão forte quanto Nascimento do outro lado do espectro, seria muito fácil transformar um ativista social em uma figura caricata, mas Fraga vai além de ser apenas um contraponto inteligente ao Coronel. O respeito mútuo que nasce entre os dois homens também advém de um arco narrativo que é bem explorado por Santos para apresentar diferentes camadas ao seu personagem, como o ciúme que sente de sua família.
André Ramiro aparece pouco, mas aparece bem, de volta ao papel de Mathias, uma das peças cruciais no verdadeiro jogo de xadrez que é esta película. Ramiro possui duas cenas em especial (ambas ao lado de Wagner Moura) em que o ator se apresenta no mesmo nível que Moura, mostrando que Mathias está longe de ser aquele rapaz idealista do começo do primeiro filme.

Outro regresso da fita original, Milhem Cortaz diverte (e enoja) como o covarde e corrupto Coronel Fábio. Falando em figuras detestáveis e cômicas, André Mattos dá um show como um demagogo apresentador de programa policial sensacionalista que se torna um político hipócrita. Sandro Rocha, que na primeira produção teve um papel pequeno, aqui retorna como o Policial Rocha, grande antagonista de Nascimento e líder das milícias, nova facção criminosa que se apresenta. Perigoso, corrupto e sanguinário, Rocha é um necessário vilão “clássico” que aparece em um longa onde o próprio sistema é o inimigo, Sandro Rocha foi a grande revelação do filme , roubando todas as cenas em que aparece na película.

Tecnicamente, o longa é perfeito, com Padilha trabalhando com a mesma equipe do original. Montado por Daniel Rezende de modo que se torna impossível tirar os olhos da tela um momento sequer, “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro” hipnotiza por seu ritmo empolgante e pelo trabalho fenomenal de câmera realizado em suas cenas de ação, que remete às produções de Paul Greengrass, principalmente ao recente “Zona Verde” (aliás, reparem na “Operação Iraque” que acontece em dado momento do filme).
A fotografia desempenha um papel ímpar aqui, com Lula de Carvalho utilizando um jogo de luz e sombras não apenas para capturar a ação da melhor maneira possível, mas também para capturar os sentimentos dos personagens. Note, por exemplo, o momento em que Nascimento chega em casa após a ação em Bangu I, para seu sombrio apartamento e compare com o ambiente repleto de iluminação, com cores quentes e acolhedoras onde sua família e Fraga vivem.

A evolução mostrada nos temas e na técnica do primeiro filme para este não desmerece de modo nenhum o longa original, que ganha ainda mais força ainda com o crescimento pessoal de Nascimento na sequência. Mais do que uma sucessão de tiros e frases de efeito, “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro” é uma obra densa e destemida, que não se furta em expor os problemas de uma sociedade doente e de um sistema político moribundo. Recomendado.

NOTA 5 EXCELENTE

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"WALL STREET O DINHEIRO NUNCA DORME"


A ganância é uma coisa boa? A questão é relevante, pois afinal é ela (a ganância) que faz o governo de um país procurar melhorias para seu povo, que faz o homem comum evoluir como ser humano, que incentiva você a não ficar parado no mesmo lugar. O maior problema é a linha tênue entre a ganância e a falta de ética e moral, duas virtudes que parecem não existir na cartilha dos investidores milionários.

Quem já assistiu a “Wall Street: Poder e Cobiça”, viu uma das melhores atuações de Michael Douglas, que na época levou o Oscar para casa. O personagem Gordon Gekko é ironicamente cativante, com sua índole desprezível e sua lábia sociopata. Mas ele pagou o preço por suas fraudes e lavagens de dinheiro, e acabou preso, servindo de exemplo para os capitalistas selvagens que transitam em seus helicópteros por Nova York. Apenas em 2001 ele foi solto, sem muito dinheiro no bolso, barba por fazer e um celular último modelo de 1987, pesando dois quilos no mínimo.

Avançando no tempo, mais precisamente em 2008, somos apresentados a Jake Moore (Shia Labeouf), jovem estereótipo de Wall Street que, apesar de sua vontade de fazer fortuna, é um idealista dos investimentos em energia limpa e sustentável, atitude que talvez seja o único motivo plausível do envolvimento com Winnie (Carey Mulligan), filha de Gekko, que despreza o pai e tudo que o rodeia. Ela, também uma idealista, trabalha fortemente com seu site ativista, divulgando verdades inconvenientes mundo afora.

Jake trabalha apostando em mercados financeiros na renomada Keller Zabel, que aparentemente passa por uma crise. Como o mercado não aposta em investimentos ”aparentemente” confiáveis, o preço das ações da empresa despenca e Lois Zabel (Frank Langella), que comanda toda a bagunça, se reúne com o Banco Central Americano para tentar manter-se em pé. Dentro de um meio movido por interesses e rinchas antigas, Zabel é praticamente apunhalado na reunião, tendo sua empresa comprada por seu inimigo Bretton James (Josh Brolin), do banco de investimentos Churcill Schwartz, a preço de banana.

Gekko sabe tudo que se passa por trás da economia, entre problemas e falcatruas, apunhaladas e chantagens, e Jake, como pupilo de Zabel, quer ir a fundo no assunto e descobrir o que aconteceu realmente. Ele então se aproxima do sogro em busca de “consultoria” e em troca promete tentar aproximar Gekko de sua filha. Uma troca “aparentemente” segura.

Entre muitas informações que estouram como “bolhas”, “Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme” é um bom filme. Usando como pano de fundo toda a agressividade velada de Wall Street, o roteiro conta a história de um homem que busca sua redenção, tentando voltar aos negócios e se aproximar de sua única filha, que o odeia e o culpa pela morte do irmão, viciado em drogas. É claro que Gekko mudou, mas não o suficiente, para nosso alívio.

Oliver Stone dirige esta sequência com muita atenção aos detalhes, fazendo ligações diretas ao seu primeiro filme, fato que pode ser observado já na abertura dos créditos. O destaque vai com certeza para a edição contemporânea e criativa, que traz os colossais prédios de Nova York formando gráficos financeiros, e por aí vai.

Utilizando do humor de forma inteligente, a obra também é recheada de referências, como a participação de Bud Fox, interpretado por Charlie Sheen. Só de aparecer o público já cai na gargalhada, pois o ator mais parece estar a caminho de filmar algum episódio de “Two and a Half Man”, com um sorriso sacana no rosto, acompanhado de duas lindas garotas.

Um dos pontos que deixa a desejar é o drama entre o pai Gekko e a filha Winnie. Carey Mulligan, que já provou ser uma excelente atriz com sua interpretação em “Educação”, parece meio desconfortável no papel da ressentida filha, que odeia, mas se rende facilmente aos argumentos do pai, sendo que no final sua personalidade parece forçada e seu texto também não ajuda. O resto do elenco se sai bem melhor. Shia Labeouf, que ainda paga o preço de ter vendido sua alma ao Michael Bay, é um bom ator, que trabalha com humildade seu Jake Moore, não entregando um rapaz sabe-tudo e arrogante, inteligente sim, mais ainda com muito a apreender.

Michael Douglas não consegue repetir o êxito total de seu primeiro Gekko, mas com um personagem desses fica difícil errar. Talvez Douglas tenha ficado menos inescrupuloso com o passar dos anos, assim como seu personagem, mas no geral, suas tramóias continuam dignas de mestre. Temos ainda Josh Brolin como Bretton James. O ator, que já trabalhou com Stone em“W.” (obra que ainda não deu as caras no Brasil), está muito bem e mostra confiança como um perfeito cretino engravatado. Destaque para Frank Langella com sua pequena e excelente participação como Lois Zabel. Susan Sarandon também aparece como a mãe de Jake, mas a personagem acaba sendo pouquíssimo explorada.

“Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme” não supera seu antecessor, mas funciona. Com uma trama elaborada, que traz a bolha financeira como personagem importante, o filme derrapa no drama, mas convence na dinâmica e fluidez do enredo geral. Com boas interpretações, uma direção segura e edição competente, a obra agrada , e é um prato cheio aos interessados pelo tema. A ganância é uma coisa boa? Assista e tire suas conclusões.

NOTA 3 BOM

"HOMENS EM FÚRIA"


Em seu trabalho anterior com Edward Norton, o diretor John Curran entregou o romance chamado “O Despertar de Uma Paixão”. Repetindo a parceria com o ator, Curran apresenta ao público este “Homens em Fúria”, fita que tenciona ser uma parábola sobre o direito que temos de julgar os outros, mas acaba sendo engolido por suas próprias pretensões.

O personagem principal é Jack (Robert De Niro), agente penitenciário cuja função é avaliar o comportamento dos presos e recomendá-los ou não para condicional. O público já é levado a sentir asco do protagonista pelo fato do longa mostrá-lo, em sua primeira cena, cometendo um dos piores atos de chantagem que posso conceber. Anos mais tarde, Jack e sua esposa Madelyn (Frances Conroy) vivem uma vida miserável, pontuada pelo tédio e pelo desespero silencioso.

Prestes a se aposentar, Jack é designado para avaliar o caso de Stone (Norton), detento acusado de cumplicidade no assassinato dos próprios avós. Desesperado para sair dali, Stone pede para que sua esposa Lucetta (Milla Jovovich) o ajude a convencer Jack a lhe dar um parecer favorável. A partir daí, começa um jogo perigoso entre os três, que começam a revelar suas verdadeiras faces.

Jack talvez seja o personagem mais detestável da carreira de Robert De Niro. Ao longo de décadas, vimos o veterano ator encarnar figuras complexas e de moral mais do que duvidosa, como psicopatas, ladrões, assassinos… Mas Jack é um homem extremamente mesquinho e egoísta, que esconde tudo isso por trás de uma fachada de religiosidade, algo que é extremamente corriqueiro, o que o torna, paradoxalmente, ainda mais assustador. Sem dúvida este é o melhor trabalho de Robert De Niro como ator desde sua participação no fantasioso Stardust.

Ao invés de investir nas características palpáveis dos personagens, o roteiro de Angus MacLachlan se perde em psicologia de botequim e retóricas religiosas que simplesmente não chegam a lugar nenhum, retratadas por sequências longas e morosas pelo cineasta John Curran, com o diretor simplesmente não conseguindo imprimir ritmo algum à trama.

Em contrapartida, o elenco está ótimo, com o quarteto de atores entregando performances competentes. Embora o filme pertença a De Niro, Edward Norton também não fica atrás do colega, criando uma persona completa em Stone. Os trejeitos e dicção criados pelo ator para o preso, que se modificam com o passar do tempo, combinam perfeitamente com o personagem, em um soberbo trabalho de caracterização realizado pelo ator. Interpretações de tal calibre, aliás, já são rotina para Norton.

Milla Jovovich surge sedutora e enigmática como nunca, sendo surpreendente o seu trabalho aqui, considerando suas já conhecidas limitações como atriz. Após anos vivendo apenas heroínas de ação, chega a ser incrível ver a bela ucraniana se arriscando em uma figura tão complicada quanto Lucetta que, graças à atriz, possui um ar que lembra as antigas femme fatales.

Frances Conroy tem a tarefa mais complicada da empreitada, conseguindo exprimir todo o desespero de sua personagem mesmo com pouquíssimos diálogos. Em meros momentos, o olhar de sua Madelyn nos revela uma mulher à beira de um precipício, algo que não só é comovente para o público como também nos ajuda a perceber quão nocivo Jack é para aquela pobre pessoa.

É o elenco que consegue fazer com que o longa se sustente. O texto pretensioso de MacLachlan aliado a uma direção pouco inspirada de Curran simplesmente impede que nos aprofundemos naquele mundo e naqueles personagens. Existem alguns momentos fortes, como o assassinato na prisão, mas não há uma coesão entre eles, algo que prenda o espectador na cadeira entre os diálogos tensos entre aqueles personagens.

Curran flerta com o cinema noir em várias sequências, nos poucos momentos em que o filme dá um passo a mais rumo ao espectador, principalmente nas cenas envolvendo Jack e Lucetta. Sem a imersão do público naquele universo, temos apenas atores talentosos em cena representando personagens, que pouco reconhecemos como seres humanos. Um maior investimento na pergunta feita por Stone à Jack (“quem é você para me julgar?”) talvez conseguisse trazer mais humanidade ao filme.

Infelizmente, “Homens em Fúria” desperdiça o ótimo trabalho feito por Norton, De Niro, Jovovich e Conroy em um longa apenas mediano.

NOTA 3 BOM

terça-feira, 26 de outubro de 2010

"MARIA ANTONIETA"


Na trama, Maria Antonieta deixa seu palácio aos quatorze anos para casar-se com o delfim Luís XVI, herdeiro do trono francês. Inexperiente e resguardando a inocência de uma jovem cheia de aspirações para sua vida, Antonieta vê-se em um ambiente de intrigas e chacotas em Versalhes e a não aceitação de uma vida sacal acaba transformando-a em uma vilã para o povo francês, por não saber como lidar com as problemáticas políticas e por ter seus anseios de liberdade e de uma juventude que não se diferencia quase em nada do mundo contemporâneo. Em Versalhes, Antonieta viverá momentos de crise pessoal e mundial, sendo tachada desde frígida a impiedosa. Tendo que aprender a viver em um mundo de reverências e inveja, a jovem passa a conviver com companhias que não agradaram a linhagem real do palácio, desfrutando da luxúria consumista e dos desejos hormonais, já que seu casamento era uma preocupação, pois, quanto mais era forçada a seduzir o rei e gerar um filho, menos Antonieta conseguia colaboração de seu parceiro.

A essência feminista de Coppola está cada vez mais amadurecida. Suas pretensões estão se tornando grandes desafios em sua carreira e certamente a construção de "Maria Antonieta" é uma das mais problemáticas. Depois de seus filmes anteriores como roteirista e diretora, é impossível não perceber que a cineasta tem um feeling muito forte ao ambientar sua história e determinar o que será trabalhado em cena. Coppola ousa de uma forma que muitos cineastas veteranos não se atreveriam a ousar e isso se dá pela segurança e na crença em seu talento. De uma sensibilidade incrível, Coppola traz em "Maria Antonieta" elementos que o transformam em mais um grande filme.

O primeiro ato do longa é um tanto sacal, visto sua evolução posterior. Sempre cheio de reverências e de um estranhamento da protagonista com o novo mundo que teria que enfrentar, poucos seriam capazes de ridicularizar Versalhes e Coppola, além de fazê-lo, retira toda a beleza e encantamento do palácio como um todo. Parece que ali dentro só servem os móveis e as pessoas são meras transeuntes fofoqueiras. Todo o processo de aceitação de Maria Antonieta em sua nova vida e as dificuldades vividas aos quatorze anos, onde as cobranças eram maiores do que uma menina ingênua poderia suportar, são perfeitamente registrados e humanizam a rainha. Vale ressaltar que em nenhum momento Coppola pretende defender a polêmica figura de Antonieta, mas faz um estudo psicológico e comportamental do que é uma adolescente ser forçada a receber o mundo em suas mãos e não saber administrar. É aí que se encontra todo o contexto do longa.

Para muitos, a soberba e a vida que Antonieta resolve viver para não endoidar dentro de um ambiente medíocre, pode até pintá-la como a vilã da história da França. Fato ou mito, a Maria Antonieta de Coppola é apenas uma demonstração do despreparo dos jovens em sua visão de mundo. Na realidade, a rainha não sabia em que contexto estava vivendo, muito menos conhecia as possíveis repercussões mundiais de seus atos nada agradáveis. Regado de uma trilha sonora contemporânea que foi bastante criticada por não se enquadrar no ambiente da época, um pouco de bom senso justifica a escolha. Maria Antonieta é nada menos do que um paralelo ao que os adolescentes são hoje em dia e isso condiz não só pelas aspirações, mas sim pelas cobranças que o sistema impõe e todo o rigor familiar. Esta relação é tão clara que é impossível não deixar de compactuar com as fugas que a personagem estabelece para tentar viver um pouco de sua meninice, como se buscasse uma liberdade retirada de si.

Coppola fez questão de deixar em segundo plano as discussões políticas da época, não por não serem importantes, mas seriam uma forma de desvirtuar a intenção principal de seu roteiro. Daí ela decide inserir a política em poucas passagens no decorrer da vida de Antonieta e principalmente no seu final, que acaba se revelando o melhor momento para fazê-lo. Isso também justifica a escolha de parar a vida da rainha muito antes de ser guilhotinada, como conta a história, pois este fato final não teria relevância, pois não condiz com a essência da história montada por Coppola. A diretora consegue realizar mais um trabalho de destaque, que talvez não agrade a todos pela falta de verossimilhança com os verdadeiros acontecimentos (e boatos) sobre a vida de Antonieta, porém dá um caráter bastante autoral para a personagem.

É preciso um pouco de senso para que a admiração do longa não fique somente na direção de arte, figurino e aspectos técnicos que, realmente estão impecáveis, mas não se limitam a isso. Tudo na trama é bem fundamentado e seria impossível que Coppola não soubesse com clareza o que estava fazendo. Por mais que não seja sua melhor obra (particularmente, acredito que “As Virgens Suicidas” seja sua melhor contribuição ao cinema), “Maria Antonieta” mostra um mundo controverso que gera controvérsia a quem assiste. Se você procura um registro histórico cheio de maneirismos de filmes de época, passe longe. A Maria Antonieta de Coppola mostra seu lado cool, ao som de rock, aspirações, guloseimas e luxo. É um retrato de uma menina que não é tão diferente à nossa juventude atual e tais semelhanças levantam interessantes debates sobre isso.

NOTA 4 ÓTIMO

"A HORA DO PESADELO"


Nos atuais filmes de terror, temos um grau de realismo realmente incrível. Uma garganta cortada com perfeição, sangue verossímil aos montes, um rosto queimado deformado e grotesco. Ao lembrarmos esses mesmos efeitos no passado é impossível não rir, pois eles foram tão ultrapassados, que acabaram envelhecendo muito mal. Apesar disso tudo, “A Hora do Pesadelo” de 1984 é um bom filme. Dirigido por Wes Craven, o longa trazia inovações para o cinema de terror, com elementos pop saltando a tela. Foi um grande sucesso.

As grandes mentes de Hollywood tiveram então a brilhante ideia de refazer a obra. Com certeza uma tarefa ingrata. Tudo que há de brega e ruim no cinema atual de terror foi herdado desses típicos filmes dos anos 80. Na época, nada soava ruim, pois não havia um passado vergonhoso tão contundente para compará-los como nos temos hoje. Não me entendam mal, aqueles filmes são clássicos do terror de sua geração e têm o direito de serem chamados assim, mas não podemos negar que tudo mudou tão drasticamente que eles se tornaram obsoletos como a groselha que tomávamos naqueles tempos. Todos esses elementos bregas que citei, no caso da franquia do cruel Freddy Krueger, eram atenuados por um simples motivo: tudo era um sonho. Coisas absurdas como sair as 3 horas da madrugada para procurar o cachorro eram perdoáveis.

Esta nova versão do longa tenta se utilizar desta “desculpa do sonho” para criar seus momentos de tensão, mas falha. O exagero é tão grande na hora de apresentar o clima de terror que acaba sendo cansativo. Até para acender uma luz qualquer a trilha executa suas notas aterrorizantes. A verdade é que o filme infelizmente passa longe de ser adaptado de forma original.

A história começa nos apresentando um grupo de jovens que andam sonhando com um terrível personagem. Ele é desfigurado e possui facas no lugar dos dedos. Compartilhando estranhamente o mesmo sonho, os garotos percebem que existe uma ligação entre eles, que envolve um antigo acerto de contas entre o estranho Freddy e seus pais.

O filme de Samuel Bayer se utiliza inteligentemente de muitos elementos da obra original, o que mostra certa atenção e respeito para com sua fonte. Outro ponto positivo é a agonia criada mediante a privação de sono. Muito bem trabalhados, estes momentos de exaustão realmente são contundentes. As cenas de violência e mortes também são satisfatórias, mas não se destacam como deveriam.

Apesar do link com o filme original, o roteiro é fraco e trabalha pouco seu personagem principal, que fica fadado a solta frases mixurucas de efeito amoral. Apesar de Jackie Earle Haley ser um ótimo ator e se sair bem com máscaras, aqui ele não tinha Alan Moore escrevendo seu texto. Já o time de atores jovens é todo ruim, sem profundidade, sem relevância nenhuma. O trabalho de câmera tem seus momentos interessantes, algumas cenas bem planejadas, ângulos corretos, mas quase nada que cative a plateia a ponto de levar algo daquilo para casa. Tirando uma cena na banheira e mais uma ou duas mortes, o filme não apresenta nada de novo.

Produzido pelo caçador de tesouros Michael Bay, “A Hora do Pesadelo” consegue se sair melhor do que outro assassino da mesma época, Jason da “Sexta Feira 13” (também produzido por Bay). Enquanto o de Krueger é apenas sem graça, o de Voorhees é tão ruim que chega a dar raiva. Mas tudo que Bay toca vira ouro, uma triste realidade. Se preparem para muitos “Transformers”.

NOTA 2 REGULAR

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

"A EXPERIÊNCIA"


the Experiment é um remake hollywoodiano do longa alemão Das Experiment, dirigido por Paul Scheuring. O filme mostra a história de 26 homens que são recrutados para viverem uma experiência em uma prisão. Alguns serão prisioneiros e outros serão os guardas, o objetivo é examinar como o poder influência as pessoas.

Um grupo de pesquisadores resolve selecionar cobaias humanas para uma mórbida experiência: simular o ambiente de uma penitenciária dividindo os homens em dois grupos, os presos e os carcereiros. Prevendo algumas reações básicas do instinto humano, como as de sobrevivência e de rebelião, os pesquisadores acreditam ter toda a situação sob controle. No entanto, medidas tomadas pelos carcereiros para conquistar a obediência, como humilhações e agressões físicas, tornam a prisão simulada numa bomba-relógio.

é um filme que prende o espectador na cadeira até o último instante. A progressão que parte do controle total ao caos irremediável faz parte daquela curiosidade última das pessoas em ver o circo pegar fogo.

"A Experiência" traz à tona aquele instinto mais primitivo e animalesco do ser humano e a vontade de potência que caracteriza qualquer agrupamento social. Nesta luta pelo poder, poucos são aqueles que podem dizer que lucraram algo e a experiência certamente se converte num fracasso, tanto de uma ciência inescrupulosa como daquilo que se convenciona como moral.

O elo fraco do roteiro é o romance entre o protagonista, personagem de Adrien Brody, e uma mulher que ele conhece numa briga pouco antes de ser encarcerado. As digressões psicológicas do personagem de Adrien Brody destoam completamente naquele ambiente opressor e é possível que a intenção do roteirista fosse a de quebrar a tensão constante da trama. Mesmo assim, o inverossímil romance permanece como um corpo estranho no interior do filme, mas nada que interfira fatalmente no desenrolar da história.

Seguindo uma linha de cinema que transmite até as últimas consequências uma angústia visceral, A Experiência é um filme bem interessante que merece ser conferido.

NOTA 3 BOM

"VOLTANDO A VIVER"


Criado com a mesma intensidade vista em seus melhores trabalhos como ator, a estréia de Denzel Washington como diretor em Voltando a Viver conta uma história verídica e emocionalmente carregada sobre a tenacidade e a redenção de um homem.

A sábia decisão de enxugar a autobiografia Finding Fish, transformando-a numa narrativa empolgante, fez com que o roteiro de Antwone Fisher pudesse ser filmado com mão firme e segura por Denzel Washington, que arranca performances marcantes de dois atores principais novatos. A história focaliza o amadurecimento cheio de tropeços de um jovem recruta na Marinha e a busca por sua verdadeira família.

Dono de um temperamento volátil e um jeito soturno, que o levam a indispor-se com seu oficial comandante (numa cena única com o ator James Brolin, cujo nome não figura nos créditos), o marinheiro Antwone Fisher (Derek Luke) é enviado à base de San Diego para ser avaliado pelo psiquiatra Jerome Davenport (Denzel Washington).

Homem inteligente que estuda japonês e desenha, Fisher é possuído por uma raiva que fervilha constantemente. Em tom de desafio, ele diz a Davenport: "Não tenho problemas", e responde a perguntas sobre sua infância com frases evasivas.

Depois de semanas, a história de Fisher começa a emergir em flashbacks que pontilham a ação principal. Nascido de uma mãe detenta, dois meses depois de seu pai ter sido morto a tiros, o garoto sofreu abusos mentais e físicos horrendos às mãos de sua mãe adotiva temporária, sra. Tate (Novella Nelson), em Cleveland.

Após isso, foi colocado num orfanato e, mais tarde, transferido para um abrigo para sem-tetos, de onde saiu diretamente para alistar-se na Marinha.

De repente, as sessões de terapia que a Marinha impusera ao rapaz chegam ao fim, mas Davenport se vê incapaz de deixar de pensar em seu paciente, brilhante mas sofrido. Ao mesmo tempo, Antwone, que nunca pediu ajuda a ninguém na vida, descobre que a idéia de ver mais uma figura de autoridade o abandonando lhe é insuportável.

Pouco a pouco ele começa a controlar seus demônios internos e, atendendo à recomendação de Davenport e com o apoio de sua namorada, Cheryl (Joy Bryant), parte em busca de sua mãe verdadeira, no Ohio.

O psiquiatra começa a receber Antwone em sua própria família, que também tem problemas, e descobre que a influência dele é benéfica.
Denzel Washington se revela um diretor dotado de estilo narrativo limpo e direto. Um material de carga emocional e inspiradora como este poderia facilmente se degenerar em sentimentalismo, mas a abordagem decididamente sóbria do diretor impede que isso aconteça.

O risco de recorrer a extensas sequências de diálogo se justifica, na medida em que Luke e Bryant (Antwone e sua namorada) atuam com tranquilidade e segurança e o grande elenco de apoio se mostra perfeito.

O próprio Denzel Washington imbui seu personagem, o psiquiatra, do misto ótimo de autoritarismo e modéstia, sabendo ser duro quando Fisher o enfrenta, mas suave e gentil quando necessário.

NOTA 4 ÓTIMO

terça-feira, 19 de outubro de 2010

"PREDADORES"


Nascida no final da década de 80, Predador se tornou uma das franquias mais icônicas do período, em especial por reunir fãs de ficção cientifica, terror e suspense sob uma premissa criativa e, até então, não muito utilizada nos cinemas. Estrelada por nomes como Arnold Schwarzenegger e Danny Glover, mesmo longe das telas o alienígena manteve um grupo fiel de fãs, ampliados por games, quadrinhos e outros produtos.

Trazer o Predador de volta às telas em 2010, portanto, não deixava de ser uma aposta temerosa. Coube a Robert Rodriguez planejar e produzir o retorno dos predadores ao cinema e, felizmente, é possível afirmar ao assistir a produção que, se está longe da qualidade dos seus antecessores, ao menos devolve a dignidade à franquia, resgatando alguns valores que haviam se perdido por completo e abrindo possibilidades para novos projetos.

Dirigido por Ninród Antal - dos poucos significativos Temos Vagas e Assalto ao Carro Blindado – o filme aposta em duas vertentes distintas ao longo da projeção e, em ambas, se comporta de maneira satisfatória. Na primeira metade o foco reside no suspense. Sem muita explicação Royce (Adrien Brody) surge em queda livre no céu. Logo, outros aparecem na mesma situação e, reunidos em uma selva, buscam entender o motivo de terem sido levados para aquele lugar bem como uma maneira de voltar para onde vieram.

Com sequências de caminhadas em meio à mata, discussões e pequenos mistérios, os trinta minutos iniciais de filme chegam a lembrar alguns episódios da primeira temporada de Lost, em que o foco era apresentar mistérios em meio à ilha muito mais do que resolvê-los. Nesse momento o roteiro aproveita não só para despertar a atenção por meio do mistério como também para aos poucos revelar características dos caçados e dos caçadores, inclusive remetendo a fatos do primeiro filme - como na sequência em que Isabelle (Alice Braga) cita os acontecimentos de 1987.

Já a segunda parte abandona o mistério e parte para o embate mais brutal, servindo-se de cenas de luta, tiroteios e violência emblemática para justificar a caçada organizada pelos predadores. Nesse ponto o filme, de certa forma, destoa por soar menos sério - ou por não se levar tão a sério - do que na primeira parte. A linha que o separa do trash, em certos pontos, é tênue demais, mas de forma alguma isso compromete o desenrolar da história.

Se há muito mais pontos positivos do que negativos na estruturação da narrativa, infelizmente é impossível deixar de notar alguns clichês e falhas de edição que prejudicam sensivelmente o filme em alguns momentos. A ideia de se ter em cena um “representante” de cada raça ou gênero - temos um negro, um latino, um russo, uma mulher, um americano, um oriental, entre outros - recai no velho clichê politicamente correto, de agradar a todos os tipos de espectadores.

No caso específico de Predadores a justificativa é válida - reunir os combatentes mais fortes do mundo, dentro de suas características -, porém não deixa de ser repetitiva e pouco criativa.

Já em relação à edição o problema é incômodo e prejudica o desempenho da história. Alguns cortes são abruptos demais, dando a sensação de uma montagem pouco cuidadosa e fluída. Em alguns pontos a trama passa de uma sequência para outra aos solavancos, tirando o espectador do filme em determinados momentos para que ele possa tornar inteligível a estrutura de ideias que acabou de ver. Um exemplo claro disso é uma sequência de fuga do grupo, já na metade do filme, em que Edwin (Topher Grace) se perde do grupo. De uma hora para outra ele some do grupo e surge dentro de uma outra sala pedindo ajuda. Não há fluidez alguma na transição e a sensação que fica é que um pedaço do filme foi suprimido, um erro simples demais para uma produção de grande porte.

Adrien Brody no papel do líder do grupo se sai muito bem. Contido em muitos momentos, o ator consegue impor uma espécie de liderança e estabelecer uma empatia (ou antipatia) com o espectador muito mais por meio da ação do que pela força física, algo que não é comum em filmes do gênero. A brasileira Alice Braga também se mostra eficiente, servindo como um contraponto ao perfil de Brody sem precisar para isso ser submissa ao personagem principal. Um dos pontos altos fica por conta da participação de Nolan (Laurence Fishburne). São pouco mais de dez minutos em cena, mas suficientes para mostrar um personagem tão perturbado quanto aterrorizador, capaz de ir de um extremo a outro em questão de segundos. É pena que sua saída de cena seja tão simplória e mal elaborada, não condizendo com o perfil construído pelo ator.

Longe de se tornar uma unanimidade ou ser capaz de reascender a franquia aos níveis em que já esteve, Predadores em resumo se apresenta como um filme eficiente dentro do que se propõe, se afastando um pouco mais da ficção científica para apostar no suspense e no terror. Se por um lado a produção tem seus méritos por retirar da UTI o personagem, por outro deixa no ar a sensação de que os predadores, ao menos no cinema, se encaminham para um outro patamar, longe dos blockbusters de alto orçamento e muito mais perto das produções alternativas para públicos cativos como Sexta-Feira 13, Halloween ou A Hora do Pesadelo.

NOTA 3 BOM

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

"SPLICE"


Sabe quando algo te causa tanta repugnância que você não consegue parar de ver? É justamente o caso de Splice. Normalmente não sou grande fã de ficção científica, porque geralmente são meras desculpas para mostrar o que há de mais moderno em efeitos especiais (assim como quase todos os blockbusters de ação e odisséias épicas), fogem demais da realidade, ou são meio infantis. Por infantis eu digo no sentido dos temas abordados serem bobos ou não trazerem discussões interessantes. Mas evidente que há sempre Gattaca, Matrix (só o primeiro), Intelgência Artificial, Eu, Robô, Minority Report, entre outros exemplos de ficções interessantes.

Enfim... Splice é o novo filme do Vincenzo Natali, que escreveu e dirigiu O Cubo, aquele “clássico” pré-Jogos Mortais que todo adolescente e jovem adulto deve conhecer, e tem no elenco o Adrien Brody, aquele que ganhou o Oscar por O Pianista (o mais jovem a ganhar na categoria principal até hoje), fez aquele super discurso, mas meio que sumiu do mapa depois. Lembro que ele fez King Kong e A Vila depois. E também da Sarah Polley, que nunca foi muito famosa do grande público, mas fez uma comédia que eu adoro chamada Vamos Nessa, e recusou o papel de Penny Lane em Quase Famosos, que deu um Globo de Ouro e uma indicação ao Oscar a Kate Hudson.

Bom, a história é sobre uma empresa farmacêutica que financia uma equipe de cientistas, liderados pela Sarah e pelo Adrien, que são um casal. Eles criam criaturas que são mutações feitas a partir das genéticas de diversos animais. São asquerosos. Parecem chiclete mascado. E aparentemente a partir desses seres podem-se estudar curas para diversas doenças.

O próximo passo deles é incluir genes humanos nas criaturas. Aí é que entram as questões éticas e morais da ciência e tal, e a empresa patrocinadora breca o casal 20. Mas, sorrateiramente, eles decidem levar o plano à diante, e fazer a tal experiência por debaixo dos panos. Aí nasce a tal criatura hedionda.

Eles fazem um rápido estudo e percebem que esse bicho envelhece mais rapidamente que o normal (incrível como tudo que envolve clonagem ou experiências genéticas coloca essa desculpa no meio), e provavelmente viverá pouquíssimo. E como tem doido pra tudo nessa vida, eles decidem criar essa coisa, que ninguém sabe no que vai dar. É aí que todo mundo já sabe que nada de bom pode vir por aí. A gente só não sabe como exatamente. E isso é o que nos prende.

O roteiro, apesar de ter sua cota extrapolada de bizarrices, é instigante e mantém a platéia fisgada do começo ao fim. Tem um bom ritmo, flui rapidamente, e mal percebemos o tempo passar. Assim como O Cubo. Mostra que provavelmente poderemos esperar coisas melhores vindas de Natali num futuro próximo. O elenco é afiado, em especial a atriz que faz a fase adulta do ser de espécie inominada, a francesa Delphine Chanéac, que é aparentemente muito boa (não vi outros trabalhos para dar um veredito mais preciso) e me lembrou muito a Samantha Morton em Minority Report.

E claro, como todo filme que aborda esse tema, as discussões sobre as conseqüências de clonagens e práticas afins são levantadas. O famoso “brincar de Deus”, que as religiões, em quase suas totalidades, gostam de recriminar e censurar. Eu interpretei que o filme é abertamente contra a esse tipo de experimento, o próprio enredo em si já mostra isso, mas eu não sou totalmente contra ou a favor, porque pode haver benefícios, mas também há outros seres vivos envolvidos. Mas como quase tudo que é ou foi tabu na sociedade, como bebê de proveta, por exemplo, acredito que um dia vai passar a ser banal.

NOTA 4 ÓTIMO

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

"JONAH HEX"


O sucesso de “Batman Begins” (2005) e “The Dark Knight” (2008) levou a Warner Bros. a tentar obter um sucesso comercial semelhante com outra conhecida personagem da DC Comics, Jonah Hex, um dos poucos cowboys do universo das histórias em quadrinhos, no entanto, esta aposta não surtiu o efeito desejado porque foi um verdadeiro desastre comercial e cinematográfico tanto nos Estados Unidos da América como no resto do Planeta. A sua história é centrada em Jonah Hex (Brolin), um soldado e caçador de recompensas com o rosto deformado que se isola do mundo por causa da morte da sua família assassinada pelo poderoso Coronel Quentin Turnbull em um acerto de contas . Jonah é contratado pelo Governo dos Estados Unidos da América para deter o homem que massacrou a sua família, Quentin Turnbull (John Malkovich), um empresário corrupto que planeja recuperar o poder econômico que perdeu durante a Guerra Civil Americana e que culpa Jonah pela morte do seu filho. A história é relativamente batida, um cara que sai atrás de vingança pela morte de sua família...temos filmes aos milhares contando essa mesma história.

Então, o que pode diferenciar Jonah Hex dos demais filmes com o mesmo tema? Primeiramente, o fato de se passar em uma época do tipo “velho oeste”.
Mas o mais interessante é o próprio Jonah. Após ver sua família sendo assassinada, Quentin Turnbull marca o rosto do personagem com ferro de marcar cavalos para que ele ande pela terra sem esquecer quem tirou sua família.
Depois disso, ele é deixado para morrer e alguns dias depois é resgatado por alguns índios de uma tribo que tentam fazer com que ele sobreviva.A "magia" dos índios funciona mas deixa Jonah com um dom/maldição. Ele pode falar com os mortos. Basta tocá-los para trazê-los de volta a vida parcialmente até que os solte.

Os apreciadores de westerns não deverão ficar desiludidos com “Jonah Hex”, um filme que nos oferece muitos tiroteios e muitas explosões, ou seja, muitas cenas onde a ação e a violência explícita são predominantes, no entanto, esta predominância acaba por afetar o seu argumento que obviamente sofre com estes exageros de violência e de adrenalina porque acaba por não ter tempo suficiente para conseguir desenvolver coerentemente e corretamente a sua história e as próprias personagens que protagonizam este western alternativo.

O cineasta Jimmy Hayward trabalhou como animador em “Finding Nemo” (2003), “Monsters, Inc.” (2001) e “Toy Story” (1995) e até realizou “Horton Hears a Who!” (2008), um filme animado relativamente interessante, no entanto, “Jonah Hex” marca a sua estreia em filmes live-action, uma estreia que infelizmente não foi muito positiva porque este cineasta sucumbiu aos clichés e aos exageros cinematográficos como comprovam as inúmeras sequências cinematográficas com muitas explosões e confrontos físicos, sequências que até não são mal feitas, mas também não são grande coisa. Dois pontos positivos do longa são em relação a duração da película com curtíssimos 73 minutos que não da pra estragar ou não gostar tanto do filme assim e a sua trilha sonora, composta por uma banda de metal progressivo chamada “Mastodon” que funciona muito bem para a sombriedade da estória.

O seu elenco é composto por várias estrelas de Hollywood como Josh Brolin, John Malkovich, Michael Fassbender, Megan Fox, Aidan Quinn, com participações de Wes Bentley e Michael Shannon. No entanto, nenhum destes atores consegue nos oferecer uma performance minimamente convincente ou atrativa. Josh Brolin interpreta Jonah Hex, um típico anti-herói com algumas características sobrenaturais e com um passado marcado por vários acontecimentos violentos e sinistros. A performance de Brolin não é muito positiva mas também é verdade que a caracterização extravagante da sua personagem não o deixou transmitir qualquer emoção ou qualquer expressão facial. John Malkovich e Michael Fassbender interpretam respectivamente Quentin Turnbull e Burke, dois vilões e rivais de Jonah Hex que resultam de uma construção extremamente estereotipada. John Malkovich até não está muito mal como Quentin Turnbull, no entanto, esta sua personagem é muito pouco credível e interessante. A maior figura feminina do elenco é Megan Fox, uma atriz que interpreta, sem muito caráter ou carisma, uma prostituta que também sabe usar uma arma e que até participa em alguns tiroteios mas que, em ultima análise, acaba por ter muito pouca significância para o filme.

“Jonah Hex” é um produto comercial que falhou redondamente em quase todos os aspectos, no entanto, ainda poderá ser encarado como uma boa aposta por todos aqueles que apreciem filmes com muito ação e filmes de western que cada vez mais está se tornando raridade.

NOTA 2 REGULAR

"O PIOR TRABALHO DO MUNDO"


O extrovertido Aldous Snow nos foi apresentados em “Ressaca de amor” (2008), uma comédia romântica muito razoável que até obteve bons resultados comerciais nas bilheteiras mundiais, assim sendo, não é de estranhar que os seus criadores tenham tentado lucrar ainda mais com o seu sucesso, assim sendo, decidiram avançar com “Get Him To The Greek” na tradução tupiniquim “O pior trabalho do mundo”, uma “sequência” que é então protagonizada por Aldous Snow, uma das personagens mais carismáticas dessa comédia romântica. “O pior trabalho do mundo” acompanha as cômicas aventuras de Aaron Greenberg (Jonah Hill, em um papel completamente diferente do filme anterior), um recém-licenciado que se torna o assistente/babysitter de Aldous Snow (Russell Brand), uma estrela musical muito talentosa, mas extremamente problemática que o vai obrigar a enfrentar inúmeras situações adversas e vexatórias durante a sua atribulada viagem entre Londres e Los Angeles onde Aldous deverá fazer um grande show no mítico Greek Theater.

“O pior trabalho do mundo”, não é em nada semelhante a “Ressaca de amor”, este último é uma comédia romântica sem muitos momentos cativantes ou memoráveis e com uma narrativa essencialmente centrada numa vertente romântica relativamente comum, “O pior trabalho do mundo” também é uma comédia mas não é tão romântica como o seu antecessor, muito embora existam vários momentos secundários onde o romance está no centro de várias decisões/atitudes de Aldous Snow, no entanto, este filme tem o seu lado humorístico, como o seu maior e mais relevante elemento, assim sendo, somos confrontados com inúmeras cenas onde os personagens desta história se vêm metidos em situações excêntricas e incômodas, cenas onde a excentricidade e a sexualidade são temáticas recorrentes, no entanto, “O pior trabalho do mundo” não é um filme descartável ou excessivamente absurdo/ridículo, é sim um filme onde os extremos e os excessos da comédia foram convenientemente e criativamente utilizados pelos seus criadores, assim sendo, estes conseguiram rentabilizar temas humorísticos que não resultam em outras comédias e que são universalmente tidos como imaturos ou levianos.

A primeira metade do filme, é onde realmente o filme se destaca e decola, com os personagens de Russell Brand e Jonah Hill sendo confrontados com situações realmente hilariantes, há também de se lembrar a grande participação de Sean combs o rapper “Puffy Daddy”, extremamente sarcástico e bem à vontade no papel de um produtor musical , ambiente do qual ele conhece muito bem.

No entanto, a segunda metade do filme, o ritmo cai bastante, quando os personagens chegam em Los Angeles, a estória perde um pouco o fio da meada e se arrasta ainda por mais meia hora sem ter um destino certo, o filme tenta alcançar uma resolução emocional que infelizmente nunca ganha: podemos também perceber, que os dois primeiros atos do filme, são capazes de esconder muito bem, que Hill e Brand não tem lá uma química tão boa juntos comicamente, individualmente, os dois são fantásticos, ótimos comediantes, porém nunca dá a sensação ao longo do filme que eles estão construindo uma amizade.

Para os seus dois primeiros atos “O pior trabalho do mundo”, é um dos filmes mais engraçados do ano, com dois dos melhores comediantes da nova geração, Puff daddy muito bem, roubando praticamente todas cenas em que está, com uma premissa sólida, e alguns momentos bem inspirados parodiando sobre o rock moderno e a cultura da celebridade, no entanto o filme só consegue terminar até razoavelmente bem o ato final graças ao talento dos seus dois protagonistas.

NOTA 3 BOM

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

" O ÚLTIMO MESTRE DO AR"


M. Night Shyamalan é um caso estranho. O cineasta indiano, que estourou em 1999 com “O Sexto Sentido” e fez em seguida o magnífico “Corpo Fechado”, começou uma espiral descendente com o mediano “Sinais” e o mal compreendido “A Vila”, que culminou nos fracassos retumbantes “A dama na água” e“Fim dos Tempos”. Escolhido pela Paramount e pela Nickelodeon Pictures para adaptar a popular série animada “Avatar – A Lenda de Aang” para o cinema, o projeto era visto por todos como a esperança de redenção do realizador, que trabalharia pela primeira vez em um projeto não original. Não foi o que aconteceu.

A empreitada era ambiciosa. A trama do seriado, dividido em três temporadas (ou “livros”) de 20 episódios cada, demandaria muito cuidado para ser transposta para a telona. A intenção de realizar uma trilogia, com cada filme englobando uma das temporadas, fora estabelecida logo de início. A história se passa em um mundo fantástico, dividido por quatro povos: a Nação do Fogo, a Tribo da Água, o Reino da Terra e os Nômades do Ar. Dentro dessas culturas, nascem pessoas com a habilidade de dobrar os respectivos elementos à sua vontade.

A cada geração surge alguém capaz de controlar todos os elementos, cuja responsabilidade é manter o equilíbrio entre todos esses povos e ser a ponte entre o mundo físico e o mundo espiritual, este alguém é o Avatar. O pequeno Aang (Noah Ringer), dos nômades do Ar, é a encarnação atual dessa figura. Assombrado por suas responsabilidades, o jovem sofre um acidente e passa cem anos congelado. Nesse meio tempo, sem a presença do Avatar, a Nação do Fogo conquista boa parte do planeta.

Até que Aang é despertado pelos irmãos Katara (Nicola Peltz) e Sokka (Jackson Rathbone), da Tribo da Água. Ao descobrir o que sua ausência acarretou, Aang se junta aos seus dois novos amigos e parte para iniciar uma rebelião, aprender a dominar os demais elementos e cumprir seu destino. Mas o garoto está sendo caçado de maneira implacável por dois membros da Nação do Fogo, o príncipe Zuko (Dev Patel), que busca recuperar sua honra levando o Avatar para seu pai (Cliff Curtis), e o ambicioso Comandante Zhao (Aasif Mandvi), que quer consolidar uma posição forte junto ao Senhor do Fogo Ozai.

Se você acha que esta sinopse é longa, imagine compactar isso tudo em um filme de 90 minutos. Pois foi exatamente isso que Shyamalan tentou fazer. O resultado é que praticamente TODOS os diálogos do filme são basicamente expositivos, com a trama sendo contada para o espectador e não mostrada pelo longa, quebrando uma das regras principais da produção cinematográfica.

Ainda temos algumas das piores passagens de tempo que já pude ver, com várias semanas se passando sem que o público sinta o impacto. Shyamalan parece que resolveu apenas copiar e colar algumas situações aleatórias da animação, sem se dar ao trabalho de desenvolver os personagens ou aquelas situações, com o filme tendo o mesmo impacto dramático de um resumo da primeira temporada exibido em alta velocidade.

Com isso, simplesmente não conseguimos nos identificar com nenhum dos personagens, pois estes não passam empatia junto ao público, já que são apenas figuras estereotipadas cuja única função é dar prosseguimento à história. Não ajuda em nada o elenco principal do filme não apresentar um pingo de carisma ou vivacidade.

Durante boa parte do longa, o pequeno Noah Ringer não dá nenhum sinal de vida. Apático como um boneco de cera, o menino faz parecer que fora escolhido para o papel apenas por convencer nas lutas. A situação é tão grave que, durante muitos momentos, mais parecia que Shyamalan tinha vergonha de enquadrar o garoto que é o astro de uma possível franquia.

Nicola Peltz e Jackson Rathbone estão lá somente para explicar o que Aang deve fazer neste temível mundo novo. A moça não passa na tela o quanto ela se importa com o Avatar, precisando de uma linha de diálogo (surpreendentemente expositiva) para transmitir seus sentimentos para com Aang.

Rathbone passa o filme inteiro mais morto do que o seu Jasper da série “Crepúsculo”, já que o roteiro oferece um interesse amoroso para o rapaz nos últimos 25 minutos de projeção. Como o público vai se importar com o destino de um casal que acaba de ser apresentado e de uma maneira extremamente forçada?!

Dev Patel, que ficou responsável pelo personagem mais complexo da série, não transparece a profundidade de seu príncipe Zuko. A raiva interior do personagem é mostrada apenas por gritos quase histéricos do ator e todos os conflitos do personagem são transmitidos por, adivinhem só, diálogos expositivos! No elenco adulto, Shaun Toub é o único a entregar uma atuação decente e serena com o seu General Iroh. O mesmo não pode ser dito por Aasif Mandvi, patético como o vilão Zhao e Cliff Curtis, que praticamente entra mudo e sai calado como o Senhor do Fogo.

Com relação aos efeitos visuais estes são praticamente impecáveis, com a dominação de cada elemento apresentada de maneira soberba, em mais um trabalho irretocável da ILM, que só falha em uma tomada em tela azul fraquíssima, logo no começo do filme, quando Katara e Sokka encontram Aang. A recriação dos fantásticos animais Appa e Momo está perfeita, mesmo que a fita simplesmente esqueça de usá-los. Os cenários são amplos e majestosos, além de fiéis aos da série animada, com a direção de arte do filme se mostrando deveras competente.

Fica claro que Shyamalan não sabe filmar cenas de ação, que são em sua quase totalidade chatas e desinteressantes. Há um plano longo em específico, no qual dominadores do fogo e da terra se enfrentam, que mostra falta de entrosamento entre o diretor, o diretor de fotografia, atores e dublês, com estes últimos realizando uma coreografia que beira o ridículo.

Aliás, a despeito de apreciar muito planos longos, marca registrada do diretor, o cineasta os usa de modo exagerado e retira qualquer dinamismo das lutas. Não que eu preferisse praticamente a montagem convulsiva adotada por certos cineastas, mas o tédio instaurado em determinados momentos chega a ser assustador. A trilha sonora de James Newton Howard, colaborador habitual de Shyamalan, não se mistura à fita, em muitos momentos se sobressaindo a esta, em mais um problema grave da produção.

A série animada conquistou o coração do público, mas “O Último Mestre do Ar” irá desagradar a maioria dos fãs da franquia justamente por fazer uma adaptação fria e sem vida de uma obra repleta de alegria e complexidade. Como primeira parte de uma série cinematográfica, o longa também não funciona, contando com uma trama atropelada e personagens rasos, tendo como único atrativo seus efeitos visuais, sem conseguir despertar ansiedade para o próximo capítulo – se é que este vai existir.

NOTA 2 REGULAR