quinta-feira, 22 de julho de 2010

" DESCONSTRUINDO HARRY"


Como artista, Woody Allen é um paradoxo vivo: como é possível que, apesar de vir interpretando o mesmo personagem há mais de 20 anos, ele consiga se reinventar a cada novo filme, introduzindo sua já clássica persona cinematográfica em histórias que, independente de sua complexidade, são verdadeiras sessões de auto-análise? E como seu alter-ego em celulóide, sempre ansioso, agitado e gesticulando muito, ainda é capaz de nos fazer rir depois de tantos anos?

A resposta: Allen não é apenas um cineasta dotado de extrema cultura e de um timing cômico irrepreensível. Ele é, antes de tudo, um dos mais talentosos roteiristas que o Cinema já produziu - e não estamos exagerando. Tomemos, como exemplo, Desconstruindo Harry, um dos mais ácidos, inteligentes e divertidos roteiros que este diretor já escreveu (e vale lembrar que estamos falando do responsável por verdadeiras obras-primas como Manhattan e Hannah e Suas Irmãs). Aqui, o alter-ego de Woody Allen se chama Harry Block (percebam a simetria dos nomes, ambos com 10 letras - 5 para o nome e 5 para o sobrenome). Block é um escritor de sucesso que, infelizmente, se encontra no meio de um terrível bloqueio que o impede de trabalhar em seu novo livro. É quando sua antiga Faculdade (da qual foi expulso) resolve homenageá-lo e ele começa a procurar por alguém que aceite acompanhá-lo até a cerimônia.

Todavia, por mais bem-sucedido que ele seja em sua vida profissional, sua vida particular é um verdadeiro caos. Depois de passar por `6 psiquiatras e 3 esposas`, Block ainda é um homem cheio de neuroses e conflitos. Para piorar, ele tem a mania de basear seus livros em acontecimentos reais de sua vida pessoal - o que faz com que suas ex-esposas, sua meia-irmã e seu cunhado nutram verdadeira aversão por ele. Durante sua trajetória em busca de uma companhia para a cerimônia de homenagem, o escritor acaba reencontrando todos os personagens que criou ao longo dos anos.

A partir destes elementos aparentemente dramáticos, Woody Allen constrói uma comédia deliciosamente mordaz - talvez uma das mais `rasgadas` de toda sua carreira. Desta vez, o diretor não economiza nos palavrões e nas referências sexuais mais explícitas. Em certo momento, por exemplo, ele pergunta para a prostituta Cookie, vivida pela ótima Hazelle Goodman: `Você já ouviu falar dos buracos negros?`. Sem pestanejar, a prostituta (que é negra) responde: `É assim que eu ganho a vida.`. Menos sutil do que de costume, seu roteiro ainda traz as costumeiras reflexões, sempre hilárias, sobre morte, sexo e religião.

Aliás, este é o aspecto mais interessante de Desconstruindo Harry: à medida em que Harry Block revisita sua galeria de personagens, Woody Allen faz o mesmo. Lá estão, por exemplo, o marido que se envolve com a cunhada (de Hannah e Suas Irmãs); a prostituta vulgar, porém sempre solícita (de Poderosa Afrodite); e os judeus ortodoxos (de praticamente todos os seus filmes). Além disso, ele ainda encontra tempo para disparar seus torpedos contra Hollywood e contra sua ex-esposa (ou alguém duvida que a personagem de Kirstie Alley, uma mulher vingativa que impede Block de visitar seu filho, seja francamente inspirada em Mia Farrow?).

No entanto, não pense que este filme foi engendrado como uma vingança particular de Allen contra seus desafetos. Na verdade, o alvo das piadas mais cruéis de Desconstruindo Harry é o próprio cineasta. Praticamente todos os personagens deste filme disparam ofensas contra seu personagem - as quais, certamente, o próprio Woody Allen já escutou na vida real. Seu Harry Block é retratado como uma espécie de `maníaco sexual` completamente obcecado em conquistar mulheres cada vez mais jovens. Além disso, ele não se acanha em usar descaradamente todas as pessoas com as quais se envolve e, para tornar as coisas ainda piores, depois de usá-las na vida pessoal o escritor ainda torna a usá-las como material de pesquisa, expondo suas intimidades em seus livros - costume que Allen já foi amplamente acusado de utilizar em suas obras.

Porém, o filme não é centrado apenas na figura de seu protagonista. O roteiro encerra, ainda, pequenas histórias extraídas dos livros de Harry, como a do ator (vivido por Robin Williams) cuja vida se encontra fora de foco - condição representada, no filme, pela própria falta de foco do personagem, cuja imagem se encontra sempre embaçada - e como a da esposa que descobre, depois de 30 anos de casada, um terrível segredo sobre o passado de seu marido. Como de costume, cada um destes personagens é interpretado por um nome de Hollywood, desde Billy Crystal até Demi Moore.

Mas o grande destaque fica mesmo por conta da estrutura narrativa adotada pelo roteiro. Sua apresentação das situações abordadas neste filme é tão complexa que ele merece ser visto mais de uma vez apenas para que possamos compreender todas as nuanças de seus mais de 20 personagens. Um exemplo: Demi Moore interpreta uma personagem criada por Harry Block para um de seus best-sellers. À primeira vista, ela é uma versão romantizada da ex-esposa de Block. No entanto, à medida em que a história se desenvolve, descobrimos que ela também encerra traços da personalidade da meia-irmã do escritor, sendo, portanto, um amálgama destas duas outras personagens. É ou não é intrigante?

Desconstruindo Harry é, em suma, um programa obrigatório para os apreciadores do bom cinema. Repleto de bom humor e fantasia - e regado por fartas doses de auto-crítica -, este filme merece lugar de destaque em qualquer antologia sobre a produção cinematográfica da década de 90. Ponto para Harry Block... digo: para Woody Allen.

NOTA 5 EXCELENTE

terça-feira, 20 de julho de 2010

" TRAPACEIROS"


Muitos criticam, não gostam, metem o pau em seus filmes... Mas é inegável, Woody Allen é um ótimo cineasta. Talvez um dos últimos da safra que ainda fazem filmes como antigamente. Onde o que vale é um bom roteiro, ótimos atores e direção impecável. Trapaceiros segue essa receita, e o resultado é um filme leve e despretensioso. Ideal para um relaxar de uma semana tensa e estressante.

O filme conta a história de Ray Winkler (Woody Allen), um lavador de pratos e ex-presidiário. Um fracassado que sonha em fazer o maior roubo de sua vida. E sua oportunidade está ali, em sua própria cidade. À poucos quarteirões de sua casa. Um banco, que fica atrás de uma pizzaria que está vazia, disponível para alugar.

O plano: alugar o local e cavar um túnel até o cofre do banco.

Um plano simples e perfeito. Ele só precisa convencer sua esposa Frenchy (Tracey Ullman), uma manicure pés-no-chão, que se nega veemente a entregar toda suas economias nas mãos de um grupo tão desqualificado quanto o que seu marido formou. Vencido o primeiro obstáculo segue-se o plano: alugar a pizzaria, que se transformaria em uma loja de cookies (a única coisa que Frenchy sabe fazer bem). Enquanto ela venderia os cookies o grupo de pretensos assaltantes ficariam na cozinha cavando o túnel. Isso garantiria a movimentação necessária sem levantar suspeitas.

Tudo ia bem até que acontece o inesperado. Os cookies de Frenchy fazem tanto sucesso que chegam a repercutir na mídia. E a fortuna acaba vindo de forma inusitada. Fim do filme? Não! Na verdade aí que ele esta começando. A segunda parte foca a mudança de estilo de vida dos personagens e o quanto isso reflete em suas personalidades. E quais as conseqüência disso.

Como na maioria dos filmes de Woody Allen, Trapaceiros toca na essência dos personagens, de forma critica e cômica. Como uma mudança de vida não é tão simples como muitos imaginam. E principalmente, os perigos de se conseguir algo muito desejado estando despreparado para isso. O resultado pode não ser exatamente o esperado... Como eu comentei, Woody Allen é um bom cineasta, e o que o torna um bom cineasta é sua grande competência em escalar os atores certos para o papel certo, a música certa no momento certo e principalmente, diálogos desenvolvidos na medida certa.

Para um filme ser grandioso não é preciso ter orçamento milionário nem uma chuva de efeitos especiais. E em Trapaceiros, Woody Allen mostra mais uma vez que é possível fazer um bom filme com um roteiro simples, contanto que os diálogos sejam muito bem trabalhados. E diálogos afiados, Trapaceiros tem bastante (talvez não tanto como em alguns outros filmes de Allen e também nem tão intelectualizados), principalmente na primeira metade do filme, que envolve o roubo ao banco.

É uma pena que da segunda metade em diante os diálogos esfriam um pouco. E não apenas os diálogos, os personagens mesmo não parecem tão a vontade quanto no início. Dando ao filme, mostras de irregularidade.

Trapaceiros é um filme leve e agradável. E, como tudo que é agradável, passa rapidamente. Talvez ele ficasse melhor se tivessem prolongado mais a parte do roubo. Da segunda metade em diante, o filme ainda ganha a presença de Hugh Grant, que, apesar de não se destacar muito, desempenha seu papel com competência. Aliás, são poucos os personagens que chegam realmente a se destacar no filme. Talvez, o maior destaque do filme seja Tracey Ullman, que conduz muito bem a personagem Frenchy. Desde suas desilusões até seu desejo de pertencer a alta sociedade da cidade.

Trapaceiros não é (e está longe de ser) o melhor trabalho de Woody Allen. Mas garante horas agradáveis e boas risadas. Certamente vale uma locação. Um filme despretensioso, que lembra bastante filmes antigos. Mesmo tendo sido filmado em 2000.

NOTA 4 ÓTIMO

domingo, 18 de julho de 2010

"ENCONTRO EXPLOSIVO"


Foi-se o tempo em que Tom Cruise era o exemplo de astro hollywoodiano e protagonizava um sucesso atrás do outro. Cameron Diaz também está longe de ser uma novidade na indústria cinematográfica, tendo suas caras e boca já sido exploradas à exaustão em comédias e filmes de ação os mais genéricos possíveis.

Mas uma vez astro, sempre astro. Mesmo sem alcançar nas bilheterias o sucesso de outrora, Cruise ainda mantém o charme do passado e sabe como poucos se portar diante das câmeras. Já Diaz pode até não ter mais o fôlego e o frescor dos tempos de “O Máscara” e “O Casamento do Meu Melhor Amigo”, mas ainda possui um timing cômico perfeito.


Chegamos assim a “Encontro Explosivo”, filme com pitadas de ação e comédia que reúne Cruise e Diaz e tenta dar um novo gás à carreira dos dois. O resultado, porém, não parece muito animador. As críticas foram razoáveis e a bilheteria decepcionante. Mas a culpa está longe de ser do casal em si e recai mais na falta de atrativos da produção. Repetindo a química obtida no drama “Vanilla Sky”, a dupla é a grande razão de ser de “Encontro Explosivo”. E é graças à dinâmica dos dois na tela que o longa-metragem tenta fugir da mesmice, ainda que nem sempre consiga.


Sem a menor vergonha de apelar para fórmulas, “Encontro Explosivo” mais parece um arremedo de uma série de outros filmes que coloca um homem e uma mulher às voltas com explosões, tiroteios, perseguições mirabolantes e uma trama para lá de absurda. De “Alta Tensão” (com Mel Gibson e Goldie Hawn) a “Sr. e Sra. Smith” (com Brad Pitt e Angelina Jolie), tudo parece servir de inspiração para o longa, que embarca na velha história de traição entre espiões e objetos que despertam o interesse tanto do governo quanto de terroristas.


Dirigido por James Mangold, cineasta com experiência em uma diversidade de gêneros (drama, comédia romântica, western, cinebiografia musical, policial, suspense), o longa acaba se beneficiando da experiência do diretor e consegue mesclar vários elementos de forma satisfatória. A comédia é derivada das tiradas de Cruise e Diaz. O romance também depende da química dos atores. A ação é constante, mas está no lugar certo. E o suspense vem com os poucos detalhes da trama e as constantes reviravoltas.

O resultado é um filme que procura agradar a diversos públicos, ainda que tenha um monte de falhas ao longo de sua duração. Primeiro, a história já começa sem grandes contextualizações. Se por um lado tal tática insere de imediato o espectador na ação, por outro sacrifica um pouco a identificação com os personagens, já que não temos muitos detalhes sobre eles. Em virtude dessa opção, a trama demora um pouco a engrenar e envolver o público em suas peripécias.

Outro problema do filme é que, em tempos de 007 anabolizados e de Jason Bourne, o melhor espião do cinema contemporâneo, a concorrência é grande e os longas de espionagem têm que oferecer algo de diferente para satisfazer o público. O que não é o caso deste longa, que se apóia com todas as forças no esquema garota-se-mete-em-confusão-sem-saber-o-porquê-e-conquista-a-simpatia-do-espião-que-tenta-provar-inocência.

Ainda assim, “Encontro Explosivo” entrega o que promete: é diversão sem pé nem cabeça, totalmente esquecível quando termina. Mas entre o início e o final da trama, o filme até que empolga em determinados momentos. Em parte porque a edição não é atropelada e traz uma solução muito bem sacada.

Narrado sob o ponto de vista da personagem de Diaz, ela é dopada por Cruise toda vez que o casal parece estar em um beco sem saída. Assim como Diaz, o público só “acorda” quando o problema foi resolvido, evitando que a história se mostre mais absurda ainda do que já é. Pode até parecer pouco, mas junto com a química entre os dois astros, a estratégia dá uma roupagem diferenciada ao filme, ainda que ele seja mais do mesmo.

NOTA 3 BOM

terça-feira, 13 de julho de 2010

" ALÉM DA LINHA VERMELHA"


Foram poucos os filmes que assisti mais de uma vez, seja por falta de tempo, qualidade da história, ou simplesmente por acreditar que seria melhor empregar meu tempo assistindo um filme que para mim ainda fosse inédito. Mas é claro que algumas exceções existem, e uma delas é este filme.

Dos fimes que tratam de guerras este foi um dos mais injustiçados pela crítica Hollywoodiana e nacional na época de seu lançamento.Em grande parte, isso deveu-se ao fato do filme ter sido lançado no mesmo período que outra superprodução:"O RESGATE DO SOLDADO RYAN" (que também tinha a Segunda Guerra como cenário). Narrativa confusa, estrelas de mais e filme de menos, foram algumas das ferroadas que esta obra recebeu. Na minha opinião, muito injustas por sinal, como já havia mencionado anteriormente. Embora eu confesse, que na minha releitura atual, muito do impacto e do fascínio de minha primeira investida no universo de ALÉM DA LINHA VERMELHA se perdeu. Contudo, a mensagem e a crítica à guerra nunca se perderá. O que para alguns é uma narrativa confusa, na verdade é uma abordagem diferente daqui estavamos acostumados até então. Em ALÉM..., não existe apenas um protagonista central. Na verdade a guerra com seus horrores e banalidades é que é a senhora da situação.

O diretor Terrence Mallick tem praticamente 40 anos de carreira, mas apenas 5 filmes realizados. Isso mostra que ele não faz filmes apenas por fazer. Quando inicia um trabalho, Mallick se dedica completamente a ele, criando obras que sempre trazem um significado. Em Além da Linha Vermelha ele utilizou vários atores importantes do cinema para mostrar um pouco do que foi a campanha do Pacífico na Segunda Guerra Mundial. John Travolta, Sean Penn, Jim Caviezel, Adrien Brody, John Cusack, George Clooney e Woody Harrelson são alguns dos nomes que fazem parte deste elenco de respeito.

É um filme de guerra, mas a abordagem é um pouco diferente do que estamos acostumados. O ritmo é peculiar. Mallick nos conduz pela história de cada soldado sem pressa alguma. Existem narrações em off de vários personagens. Elas mostram o sentimento deles em relação a guerra, ao inimigo e a raça humana como um todo.. Fui completamente absorvido por este filme de guerra intimista, que tem um trabalho fantástico de fotografia de John Toll. Ele explora muito bem os cenários naturais, concebendo imagens belíssimas com um ar poético.

As batalhas são poucas, mas quando acontecem mostram toda a habilidade de criação de Terrence Mallick. Ele as filma de uma maneira elegante e empolgante, como um ballet de tiros e sangue.

Diferente do que estamos acostumados a perceber nos filmes cuja temática é a guerra, essa obra não visa retratar heróis de batalha, nem descambar para um ufanismo típico, mas se propõe principalmente a mostrar a guerra sob ótica do espírito dos combatentes, e incitar o espectador a vasculhar dentro de si mesmo pensamentos que possam socorrer-nos diante das visões ou cenas daquele inferno humano. Trata-se de um filme reflexivo, gerador de indagações, que nos leva a uma forma diferente de encarar a realidade dos campos de batalha. Quando o filme acaba somos acometidos por aquela estranha sensação que apenas as grandes obras de arte são capazes de proporcionar. É um filme acima de tudo indagador, repito mais uma vez: reflexivo. Se você está apenas a fim de assistir cenas de guerras bem feitas, e bons efeitos especiais, lhe recomendo pesquisar outros filmes, esta obra pretende muito mais do que isso, e justamente por isso é uma obra-prima.

NOTA 5 EXCELENTE

quarta-feira, 7 de julho de 2010

" QUANDO EM ROMA"


Vamos direto ao assunto, Quando em Roma (when in Rome, 2010) é um péssimo filme. Sabe-se lá onde estavam as cabeças dos roteiristas David Diamond e David Weissman (também roteiristas do recente “Surpresas em dobro”) quando começaram a imaginar esta comédia romântica com toques de fantasia.

O script segue os passos de Beth (Kristen Bell), uma jovem curadora de artes plásticas, que vive uma fase de grande carência afetiva, e que vê sua vida mudar ao viajar a Roma para participar do casamento de sua irmã. Durante a cerimônia conhece Nick (Josh Duhamel), um jovem bem humorado que rapidamente conquista seu amor. Porém, Beth se decepciona ao descobrir que o rapaz vive um relacionamento amoroso com uma italiana.

A desilusão faz com que a jovem tome a inesperada atitude de saltar dentro de uma fonte mágica para retirar moedas com intuito de roubar os desejos amorosos de outras pessoas. Em decorrência disso, os donos dessas moedas (incluindo Nick) passam a persegui-la em busca de seu amor.

A partir daí, por incrível que possa parecer, a história só piora. Todo desenvolvimento da trama é baseado nas idas e vindas do casal protagonista, ora separados pela ira dos deuses do amor, ora por investidas dos outros três enfeitiçados. A impressão que dá ao assistir ao filme, é que tudo foi feito de forma muito zuada, pra tirar sarro com a cara de quem está vendo o filme

Mas a fita, infelizmente, não fica só no romance, ainda sobra espaço para tentativas frustradas de criar situações engraçadas, além de dramas forçados e discussões irrelevantes sobre relacionamentos amorosos.

Nem mesmo participações especiais de rostos consagrados do cinema como os de Danny DeVito , Anjelica Huston e Don Johnson dão credibilidade ao projeto dirigido por Mark Steven Johnson, diretor do também insuportável “Motoqueiro Fantasma”.

É difícil encontrar qualidades em Quando em Roma. Talvez a Cidade Eterna seja o único ponto positivo da produção que nem mesmo aparece tanto no filme, só apenas de relance. De resto, apenas uma colcha de retalhos feita com o pior do que cada tipo de gênero pode oferecer, e com certeza um dos piores filmes do ano até o momento, se não for talvez o pior mesmo.

NOTA 1 RUIM


" O SEGREDO DE NEVERWAS Texto por IAKISSODARA CAPIBARIBE"


Já ouviram falar da magia do cinema? Pois foi essa magia que nos envolve e transporta para uma viagem ao nosso encontro que experenciei ao assistir o “segredo de neverwas“.

Um encontro que revelou que crescer não é inversamente proporcional a sonhar. Que devemos ter a alma limpa como as crianças, confiando e acreditando na vida, sem medo do que vai acontecer. Pois, quando perdemos essa capacidade, nos arriscamos a entrar no caminho da autodestruição, o que aconteceu com “Pierson”, porém antes através de seu livro infantil, alertou seus leitores para esse perigo, principalmente seu filho “Zach”.

“Zach” é o menino da história, predestinado a levar o Rei Gabriel de volta para seu castelo no reino de Neverwas. Contudo, o menino cresceu e esqueceu de sua missão. Tornou-se “adulto”, uma palavra sinônima de responsável. Como tal não podia mais sonhar e acreditar em contos infantis. Seu reino agora pertencia ao mundo real, onde não existe espaço para fantasia; onde o tempo passa rápido e é preciso correr para alcançar objetivos.

40 anos depois, o adulto Zach, um psiquiatra, vem trabalhar no hospital em que seu pai, quando ele ainda era uma criança, pois fim ao seu conflito entre o que lhe era determinado como real e o seu imaginário. Zach veio em busca de respostas aos seus porquês. Aquelas respostas que quase todos os dias procuramos, no afã de entendermos nossas vidas. Em busca de fórmulas, como receitas de remédios naturais, que curam e não têm contra-indicação, nem efeitos colaterais. Porém, como disse em um texto meu, o segredo da vida é não ter respostas.

No hospital Zach conheceu o paciente (no literal sentido da palavra) Gabriel que por 40 anos esperou por Zach para tirá-lo dali e levá-lo de volta ao seu castelo em Neverwas. Mas, Zach ainda preso ao seu preconceituoso mundo adulto, não conseguia enxergar que Gabriel só precisava viver a “realidade da sua fantasia” para ser feliz.

Como Gabriel, muitos vão vivendo presos a uma realidade que não lhes pertence, apenas por conveniências de normas socialmente aceitas como certas e verdadeiras e passam, às vezes até a vida inteira, esperando para serem libertos de suas prisões. Entretanto, poucos são os que encontram Zach e voltam à seus reinos, onde a única Lei que existe se resume a ser simplesmente autenticamente você e cujo parágrafo único tem como conseqüência, o amor ao próximo e a paz no mundo.

Eis um filme que nem sabia de sua existência e por final tive uma bela surpresa, filme com elenco muito bem afiado e bem explorado pelo diretor também, nem cheguei a fazer crítica para esse filme, devido a este belíssimo texto que já diz tudo que o filme tem de melhor, eu mesmo não colocaria de melhor forma.

Mas é isso, um filme recomendadíssimo, que deve ser descoberto por todos e por fim é claro apreciado.

NOTA 4 ÓTIMO

sexta-feira, 2 de julho de 2010

" ECLIPSE"


Não há como fugir, “A Saga Crepúsculo – Eclipse” é um filme ruim. Não é tão desastroso quanto o primeiro Crepúsculo, mas chega bem perto. É incrível como o longa é truncado, sem ritmo e, por muitas vezes, tedioso e monótono. O pior é que este está sendo vendido como a fita que trará adrenalina para a série, algo que simplesmente não ocorre.

Qualquer esperança que alguém tinha de que o diretor David Slade (que vinha de dois bons filmes, “MeninaMá.com” e “30 Dias de Noite”) em trazer sangue novo para a franquia se perdem logo após a segunda cena. Após um início tenso, o longa volta para o lenga-lenga entre Edward (Robert Pattinson) e Bella (Kristen Stewart) e a velha discussão sobre ela virar ou não vampira.

O que ainda tenta dar um pouco de ânimo ao filme é o triângulo amoroso envolvendo o casal principal e o lobisomem Jacob (Taylor Lautner), com algumas cenas que realmente possuem algum investimento emocional, principalmente aquelas envolvendo só a garota e o jovem licantropo.

No entanto, TODA VEZ que Edward aparece em cena, qualquer química vai por água abaixo, já que Pattinson simplesmente não atua, mais parecendo um boneco de cera em frente às câmeras. Nas cenas envolvendo o trio, o galã britânico quase que desaparece em cena frente a Taylor Lautner que, mesmo não sendo um novo Paul Newman, ao menos é carismático e acaba roubando o filme para si.

Sou capaz de jurar que em uma cena envolvendo Edward, Jacob e uma Bella desacordada, deram o roteiro de “O Segredo de Brokeback Mountain” para Pattinson ao invés do de “Eclipse”, pois só isso explica o clima homoerótico que ele parece querer colocar em seu diálogo com o rival!

Bella, aliás, está mais insuportável do que nunca. Além do irritante ar eternamente blasé que Kristen Stewart adotou para a protagonista desde a fita passada, as ações da personagem se resumem em suspirar por Edward, provocar suspiros em Jacob, aparentar indecisão em momentos difíceis ou tomar decisões estúpidas. Continuo achando que a queridinha de Forks possui sérios transtornos psicológicos e deve ir procurar tratamento profissional o mais rápido possível!


Qualquer outra plot mais interessante, como a ameaça de Victoria (Bryce Dallas Howard) ou até mesmo o próprio dilema de Bella perde força justamente por conta das inserções de Edward na trama. Devo dizer que o roteiro de Melissa Rosenberg é terrivelmente mal-costurado, enfiando sucessivas subtramas indiscriminadamente no texto, mais parecendo uma colcha de retalhos com diálogos cafonas do que uma narrativa coerente.

Existem “paradas” no meio da história principal que jamais interagem de maneira orgânica com ela e geralmente envolvem diálogos expositivos ou pequenas “origens” dos coadjuvantes, engasgando o ritmo da película e fazendo-a aparentar ser mais longa do que realmente é, defeito piorado pela terrível montagem do longa.

Aliás, como Jasper evoluiu de um vampiro ainda sedento de sangue no segundo filme para um mestre controlado em tão pouco tempo é um mistério. Por falar do filme passado, alguém aí lembra dos Volturi? Bom, enquanto no segundo filme eles só fizeram aparecer, aqui… eles também só surgem de maneira ameaçadora, matam alguém e… fim. Esse deve ter sido o cachê mais fácil da carreira de Dakota Fanning.

Já Bryce Dallas Howard paga o mico de sua vida como a vampira Victoria. Além da personagem não ter absolutamente nenhum desenvolvimento, ela simplesmente não convence como vilã (até porque o filme não lhe dá espaço) e surge substituindo uma atriz no papel de maneira absolutamente inexplicável e com uma peruca que faria as de Nicolas Cage serem os acessórios mais naturais do mundo.

David Slade até que realizou boas cenas de ação que, embora curtas e apenas no ato final, são intensas (na medida do possível), mas parece ter sido atropelado pelo nada sutil caminhão de conservadorismo que é a franquia baseada na obra de Stephanie Meyer, já que pouco ele pôde imprimir de original em matéria de enquadramentos, visual ou ritmo, tendo a obrigação de seguir a fórmula deixada por seus predecessores.

A dificuldade de montar o filme ficou óbvia, principalmente no primeiro ato. Repare na cena em que Jacob explica a ligação entre Sam e sua amada e veja como a montagem ali é truncada. A trilha sonora, seja a orquestrada por Howard Shore ou a de canções conhecidas selecionadas para o filme, acaba ficando em terceiro plano.

Assim, “A Saga Crepúsculo – Eclipse” só consegue se sair melhor que o primeiro filme por não ser uma produção semi-mambebe, com o dinheiro em efeitos visuais (realmente bons, mas nada que não tenhamos visto antes em outros filmes) e em uma direção de arte mais caprichada conseguindo tirar o filme do desastre e levando-o para o patamar de meramente constrangedor.

Invariavelmente essa fita vai fazer dinheiro, com sua continuação, “Amanhecer”, já tendo sido anunciada como um finale em duas partes. Será que existe a possibilidade desses dois últimos filmes redimirem essa franquia? Pessoalmente, eu duvido.

NOTA 1 RUIM