quarta-feira, 8 de setembro de 2010

" A EPIDEMIA"

Uma cidade pequena e pacata, um vírus desconhecido, um exército de pessoas contaminadas, estes são os principais ingredientes para o longa de terror “A Epidemia”. E, mais uma vez, não restará outra coisa aos habitantes da cidade a não ser a luta pela sobrevivência aos terríveis ataques dos exterminadores. O xerife da cidade David e sua mulher também são capturados pelas tropas e lutarão não só pela sobrevivência, mas também para continuarem juntos dentro da área separada para eles.

Algo bem relevante a ser dito é que o filme marca a volta dos famosos “mortos-vivos”. As pessoas que contraem o vírus transformam-se nas criaturas que por muito tempo tiraram o sono de uma geração. É interessante perceber o clima nostálgico que o surgimento dessas criaturas proporciona. Em um ambiente marcado pelos efeitos visuais de última geração, elas aparecem com sua simplicidade e objetividade que criam um aspecto mais realista a estes seres e, por isso, tenham causado tanto medo, algo que hoje em dia dificilmente acontece.

Na direção está Breck Eisner, que só havia dirigido filmes e séries para a TV. Ele respeita a versão original e acrescenta o ritmo tão conhecido nas obras atuais. É só observar as cenas de fuga dos personagens em que a câmera acompanha quase colada no elenco. O ângulo de visão também varia e muitas vezes assume o papel do personagem e seu olhar na cena. Recursos que muito agradam e surtem efeito principalmente na “modernização saudável” do filme.

Ainda assim, o roteiro não agrada e repleto de falhas que tiram da credibilidade da obra. As falhas estão por toda a parte, desde as coincidências forçadas a até mesmo a falta de explicação dos fatos, como a cena em que o sangue do xerife entra em contato com o de uma infectada e ele não contrai o vírus. Assim, o roteiro respeita até demais a versão anterior repetindo falhas que naquela época não eram tão interrogadas como hoje.

No elenco estão Timothy Olyphant e Radha Mitchell. O ator que faz o xerife David consegue ter um desempenho bem interessante a obra. Além de ser a principal autoridade da cidade, ele é também o principal nome do filme e consegue fazê-lo de forma modesta e eficiente. Já a atriz que interpreta Judy, esposa do xerife, faz um trabalho até melhor do que o seu companheiro de cena. A cena em que ela observa a crueldade dos infectados é digna de elogios.

Dentre os principais atrativos do longa estão os efeitos visuais e sonoros. Estes últimos os mais requisitados, uma vez que não faltam na obra cenas de ação e suspense em que o som tem total valor de impacto. As cenas de fuga e seus obstáculos só comprovam isso. Já os efeitos visuais, sobretudo no fim da obra, impressionam por tamanha precisão e acabam dando o tão almejado toque moderno. É bom lembrar que o equilíbrio é o mínimo que se espera, já que não se pode descartar nem passado nem presente.

O que faltou a esta obra sobrou em duas obras similares. Em “Extermínio”, e sua continuação,“Extermínio 2”, esbanjaram de um realismo poucas vezes visto em filmes do gênero. Em “A Epidemia” faltou essa realidade próxima. Tudo é muito superficial. E quando tenta fugir disso soa forçado e distante do compreensível. Em determinado momento, a tamanha sorte do xerife que consegue escapar de todos os ataques chega a ser cansativo a tal ponto do público torcer para que ele seja atingido.


“ A Epidemia” não consegue acrescentar muita coisa à obra original. A missão de trazer uma trama do passado deve ser encarada com mais cuidado, sem deixar de lado um componente fundamental e diferencial, a ousadia. Os tempos são outros e o público também.


NOTA 2 REGULAR