domingo, 26 de setembro de 2010

"GENTE GRANDE"


Repetição. Essa é a palavra que resume o novo filme dos inseparáveis Dennis Dugan e Adam Sandler. Recolhendo o substrato de piadas e situações de seus trabalhos antigos, os dois transformaram “Gente Grande” em mais um produto de humor barato, apelo dramático amador e desfecho previsível. O que resta ao público é se apoiar no carisma de Sandler para ter a chance de esquecer as falhas do que está vendo e se deixar levar por um roteiro que poderia dar certo.

Em “Gente Grande”, acompanhamos a reunião informal de cinco amigos e suas respectivas famílias. Lenny (Adam Sandler), Eric (Kevin James), Kurt (Chris Rock), Marcus (David Spade) e Rob (Rob Schneider) estudaram juntos e entregaram ao seu mitológico treinador o troféu de primeiro lugar do campeonato de basquete da cidade. 30 anos depois, sensibilizados pelo velório do ex-técnico, os amigos decidem alugar uma casa de campo e reviver os anos de glória da equipe.

Se o argumento principal decepciona, as tramas paralelas conseguem elevar a qualidade do roteiro de Sandler e Fred Wolf. As famílias dos protagonistas guardam peculiaridades interessantes e as sequências em que aparecem garantem boas risadas.

No papel da esposa de Lenny, Salma Hayek vive uma empresária do mundo da moda, mais preocupada com o andamento de seu desfile em Milão e com o videogame de seus filhos.
O rol de personagens curiosos avança ainda com um garoto crescido que não abandonou o leite materno, crianças mimadas, filhas que traem o lamentável tipo genético do pai, uma sogra metida e uma esposa centenária. São eles que sustentam a trama cheia de falhas e compensam a falta de humor das situações vividas pelos protagonistas.

Para o público brasileiro e para culturas mais distantes do centro irradiador norte-americano, o excesso de referências e links propostos pelos personagens pode comprometer algumas piadas. Para aqueles que assimilam as alusões, uma constatação: seu humor não funciona.

As demais tiradas cômicas seguem o padrão fílmico de Sandler, com tombos, piadas infantis e alguma escatologia. Não há mais do que isso, e a equipe envolvida na realização do longa não parece muito interessada em ultrapassar a fronteira de qualidade que marca as comédias do gênero. Desde o roteiro, passando pela construção das situações cômicas, pela direção e pela atuação do elenco, nada passa do limiar da falta de originalidade.

Dennis Dugan imita o convencionalismo da direção de seus filmes anteriores, como “O Paizão”, “Eu os Declaro Marido e… Larry” e “Zohan: um Agente Bom de Corte”. Todos os aspectos técnicos abraçam o que já foi testado pela parceria entre o diretor e a produtora Happy Madison, de Sandler.

A trilha sonora é marcada pelos grandes nomes do rock. Se em “Click” Adam Sandler demonstrava seu bom humor ao som de Peter Frampton, The Strokes e The Cranberries, em “Gente Grande” ouvimos boas músicas de Aerosmith, AC/DC e Paul McCartney. Nada mais apropriado para embalar o reencontro de trintões ensandecidos.

Nesse retorno proposital aos fundamentos da comédia pastelão, o humor óbvio e sem graça dos cinco amigos se encaixa bem. Para quem riu dos filmes anteriores de Sandler e para quem gosta de ver as mesmas piadas disfarçadas em situações diferentes, “Gente Grande” é a comédia do ano. Aqueles que estão cansados de tombos e declarações de amor perdidas entre escatologias desnecessárias, devem fugir dos cinemas.

NOTA 2 REGULAR