terça-feira, 11 de maio de 2010

"Zombieland"


Zombieland é um filme simples de zumbis. A Terra foi tomada pelos monstros e quatro sobreviventes, dois homens e duas mulheres, dirigem pelos Estados Unidos devastados, tentando fazer o melhor que podem. Logo no início, de forma muito original e divertida, somos apresentados a Columbus, vivido pelo ótimo Jesse Eisenberg de Adventureland .

Ele é o narrador e nos chama a atenção para o conjunto de regras segundo o qual vive sua vida. Uma delas, politicamente correta, é “use o cinto de segurança”. Essas regras – e variações delas - pontilharão o filme do começo ao fim, de forma muito divertida. Columbus é, na verdade, um daqueles nerds que só jogam videogames e para quem mulheres só existem na televisão. Como ele sobreviveu é um mistério mas que ele tenta explicar pela fiel obediência às regras que criou.

O segundo sobrevivente é Tallahassee, vivido pelo sensacional Woody Harrelson, de Natural Born Killers. Ele é o estereótipo do machão que adora matar os zumbis das formas mais grotescas possíveis. Sempre dirige carros possantes e tem aquela carapaça de insensível quando por dentro sabemos que ele é bem sensível (afinal, somente um cara sensível poderia passar o filme inteiro atrás de Twinkies, aquele bolinho industrializado que faz muito sucesso nos EUA, igual ao bolinho Ana Maria daqui do Brasa). Tallahassee e Columbus logo se unem e encontram Wichita (Emma Stone de The house bunny e minhas adoráveis Ex namoradas) e Little Rock (Abigail Breslin de Little Miss Sunshine e My sister’s keeper), duas irmãs. São duas meninas que não confiam em ninguém e passaram a vida dando golpes nos outros. Não é diferente depois da praga dos zumbis e Tallahassee e Columbus aprendem da pior forma possível.

A interação dos quatro personagens é sensacional e muito engraçada. Os zumbis são meros acessórios à esse divertido quarteto, que vive como se o amanhã não existisse.

O que esse filme não tem é a crítica social. Zombieland é um filme comparável a Shaun of the Dead em termos do frescor com que nos apresenta ao tema “zumbis” mas falta o ataque direto que Shaun faz à sociedade como um todo. Zombieland, porém, tenta compensar a falta do lado “cerebral” desse tipo de filme com muitas situações de chorar de rir e com o que talvez seja o melhor uso de uma “ponta” na "História do Cinema". A cena, mais longa que uma ponta comum mas ainda sim uma ponta, é de dar câimbras na barriga de tanto rir. Não vou contar nada sobre ela mas o ingresso já valeria se fosse só para assistir a esses 10 minutos. Deu vontade de ver Zombieland novamente.

A história não possui muitas reviravoltas e o roteiro não é lá nem um pouco complexo. As interpretações do trio jovem é correta e bem natural. Quem rouba a cena é, claro, Harrelson

O que torna Zombieland um ótimo filme são os detalhes. As pequenas coisas que fazem a diferença. Sabiamente, o diretor estreante Ruben Fleischer soube utilizar os zumbis como eles são exatamente: canibais, perigosos, assustadores e mortíferos. O humor vem realmente de como os vivos se portam perante a ameaça. É como se dançássemos polca em frente ao Jason.

Zombieland não é nenhuma obra prima e também não possui ácidas críticas à sociedade, como a série de Romero. Muito menos o humor incisivo e sofisticado de “Todo mundo quase Morto”, mas é um filme que diverte muito por ser inocente. É daqueles “filmes para toda família”, com muito sangue, tripas, zumbis e Woody Harrelson interpretando um cara maluco em busca de um bolinho.

Nota: 4 Ótimo