segunda-feira, 17 de maio de 2010

"DIREITO DE AMAR"


Estilista de renome, Tom Ford foi o responsável por tirar a marca Gucci da falência e torná-la uma das mais lucrativas marcas do mundo da moda. Obteve posteriormente o mesmo êxito ao fazer parceria com Yves Saint-Laurent e finalmente com sua marca própria de vestimentas masculinas.

Em seu primeiro trabalho no cinema, ele dirige, produz e roteiriza esta obra, cujo título em português mais parece nome de novela mexicana:Direito de Amar. Acredite, não tem absolutamente nada a ver com o filme.Poderiam ter colocado um Homem só para "A single man" que seria muito melhor e pertinente com a história.

O longa é baseado no romance A Single Man de 1964, de Christopher Isherwood e tem como protagonista George (Colin Firth), professor universitário que acabara de perder o amante, Jim (Mathew Goode), o que o faz entrar num processo lento e doloroso de autodestruição psicológica. Sua única amiga é Charley (Julianne Moore) e seu único novo conhecido é um insistente aluno, interpretado pelo jovem Nicholas Hoult( o garotinho hoje um jovem do filme “o Grande garoto” filme com Hugh Grant).

O personagem de Colin Firth arrasta-se todo o filme, pálido, sem vida, o que fica bem evidenciado pelo excelente trabalho de colorização, que deixa a fotografia com pouquíssimas cores, ficando estas mais vivas nos poucos momentos nos quais George vê o mundo com simpatia. Tal alternância acontece sutilmente, num mesmo plano, como se uma onda de cor e iluminação tomasse conta da tela. Em outros momentos, o slow motion é utilizado, como se a vida passasse lentamente aos olhos de George e ele fosse inerte a isso. Recursos adequados e criativos, que fazem com que o filme ganhe um poder plasticamente muito forte e incisivo na história.

A trilha sonora é de grande beleza e pontua as cenas com violinos que permeiam toda ela. Até a escolha das músicas inclusive das duas músicas não-originais – as que George dança com Charley – são de extremo bom gosto.
Obviamente, não poderíamos esperar um figurino que não fosse muito bem cuidado, num filme em que o diretor é um estilista de renome, mesmo não sendo ele o que assina a função de figurinista, assim como a transposição para época que é muito bem cuidada e adaptada.

Mas Direito de Amar não seria nada se não fosse a atuação nada menos que brilhante de Colin Firth, deprimente e instrospectivo, de olhar vazio e com muito ressentimento por talvez não ter aproveitado o que a vida lhe ofereceu. Por sua vez, Colin encontra suporte em Julianne Moore, também excelente e igualmente deprimente, só que ela esconde a solidão em luxo e álcool.

Direito de amar é um belo filme tecnicamente e plasticamente falando contendo uma falha ou outra no roteiro , como o abuso dos flashbacks para contar a história e pelo exagero também um pouco da trilha sonora em determinadas cenas , mas não chega a atrapalhar o resultado final da elegante estréia na direção de Tom Ford.

NOTA 3: BOM