terça-feira, 11 de maio de 2010

" 2012"


Esqueça os Maias. O único elemento da cultura deste povo que teve alguma serventia foi a previsão catastrófica para o dia 21 de dezembro de 2012. E parou por ai. Ainda assim, o mito que gerou o argumento do novo filme de Roland Emmerich nem ao menos tem seus quinze minutos de existência na tela.

Em 2009, o cientista indiano Satnam Tsurutanium descobre através de suas pesquisas que uma erupção solar está causando o aquecimento do núcleo do planeta e, mais cedo ou mais tarde, isto causará transtornos colossais em toda a estrutura da Terra. Terremotos, tsunamis, vulcões em plena erupção; toda a ordem de desastres naturais virá a ocorrer a cabo de 3 anos, mudando completamente a fisionomia do globo e ameaçando a sobrevivência nele. Antes do previsto pelos cálculos do cientista, o planeta começa a reagir. É neste ponto – único – em que a previsão maia ganha alguma visibilidade; bem passageira.

O herói da história é Jackson Curtis (John Cusack), um motorista de limusine e escritor fracassado, que tenta reconquistar os filhos, que moram com sua ex-mulher, Kate (Amanda Peet). Não bastasse Curtis ter que disputar o amor dos filhos com o simpático Gordon, novo namorado de Kate, para piorar sua vida ainda descobre que todo o planeta está indo desta para melhor. Assim, sua missão agora é salvar sua família (Gordon incluso) e levá-la até um local secreto onde estão sendo construídas “naves” que permitirão que uma parte da humanidade sobreviva.

É claro que ninguém espera um grande roteiro de um filme desses, vamos ser sinceros. Mas, mesmo assim, Emmerich e seu parceiro na história, Harald Kloser (um músico que anda se arriscando no roteiro) conseguem baixar o nível ainda mais do que se esperaria. O espectador, na primeira meia-hora de projeção, ainda tenta gostar do filme. A produção tem um elenco legal, o John Cusack é sempre uma figura simpática etc… Mas logo fica claro que os roteiristas apelaram para o mínimo denominador comum, usando todos os clichês do gênero. Moleque que não respeita o pai e depois vai admirar sua coragem e mostrar que o ama? Tem aqui. Família separada a caminho de uma reaproximação? Tem também. Um cientista bonzinho enfrentando um político egoísta? Deixa com a gente. Tudo tão chato e previsível que certos momentos do filme se tornam piadas involuntárias.

Algumas coisas se salvam. A limusine correndo em meio ao caos, com tudo sendo destruído à sua volta, é muito bem feita, mostrando o que talvez seja a melhor sequência de destruição já vista nas telas. Um momento improvável, mas divertido. Mais tarde, dois aviões protagonizam variações desse cena com resultados mistos: alguns bons efeitos, misturados com outros meio ridículos. E a queda do Cristo Redentor, que levou muita gente aos cinemas, parece levar mais tempo no trailer do que no próprio filme. Se você piscar,com certeza perde.

Outro destaque também vai para o sempre bom ator Woody Harrelson, com seu personagem completamente amalucado e também bastante engraçado, que de sua maneira tenta avisar ao mundo de que uma tragédia está prestes a acontecer.

Se ao menos o climax do filme fosse grandioso e emocionante, esqueceríamos as agruras das duas horas anteriores e tudo ficaria mais palatável. Mas perca a esperança. O final do filme, com gente mergulhando e tentando destravar um certo dispositivo enquanto a água atinge as tais “naves” é um dos mais insossos do cinema nos últimos anos. Mas o que esperar de um filme onde um técnico do Força Aérea Um anuncia que “todos os sistemas de comunicação do mundo deixaram de funcionar” e, vinte minutos depois, um dos heróis recebe uma chamada em seu celular, vinda de um amigo perdido no meio das montanhas da Índia? Qual é a operadora que esses caras usam? Quero fazer o mesmo plano de minutos! “Fale até o Fim do Mundo!”

No final o que podemos dizer de 2012 é que é um filme com alguns bons efeitos , que no final não conseguem compensar o roteiro e a história tão frouxa e superficial. Muito dinheiro gasto , muita expectativa e no final o que nos resta é saber o por que de ter perdido tanto tempo numa sala de cinema para ver tanta baboseira.

Nota 1: Ruim