sábado, 5 de junho de 2010

"PRÍNCIPE DA PÉRSIA AS AREIAS DO TEMPO"


A maioria da molecada gamemaníaca de hoje não tem idéia da tradição que o jogo Prince of Persia representa no mundo dos games. Um dos jogos mais populares para os antigos computadores 486, foi inovador por misturar jogos e Le Parkour, prática esportiva obscura nos anos 80. De lá até a superprodução da Walt Disney muita coisa rolou e a franquia foi revigorada com jogos para os consoles da nova geração. A longa tradição do príncipe que enfrenta lugares estranhos, escala e pula paredes e precipícios chega em grande estilo as telonas e não faz feio frente aos fãs da antiga e nova geração.


Príncipe da Persia: As Areias do Tempo é sobre Dastan (Gyllenhaal), um jovem príncipe persa que deve juntar forças com a princesa Tamina, para impedir que seu nobre tio Nizam possua as Areias do Tempo, um presente dos deuses em forma que permite a viagem ao passado através de uma adaga que apenas seu portador permanece ciente do que aconteceu. Nas mãos erradas, as Areias do Tempo podem ser capazes de poder inimaginável e até da destruição da humanidade.

Lendo essa simples premissa e vendo os clips e trailers é fácil se deixar levar por um sentimento “repetitivo” na constante ação da divulgação. A grande vantagem é que o diretor Mike Newell resgata uma atmosfera a muito perdida com os primeiros filmes de Indiana Jones. Suspense, comédia e romance temperam o filme de ação na dose certa. As cenas são belíssimas e as caracterizações mais do que sofisticadas, no melhor estilo dos novos games. As cenas de Le Parkour estão coreografadas no limite da perfeição com leves deslizes, principalmente em momentos climáticos, com algumas tomadas bem aceleradas que as vezes ficamos sem saber exatamente o que está acontecendo, mas nada que vá prejudicar enormemente o filme.

No campo das atuações, quase não se tem nada a reclamar. Com atores muito bem colocados, todos desempenham perfeitamente seus papéis. Infelizmente pareceu até um pouco de desperdício um elenco tão fenomenal dramaturgicamente estar interpretando diálogos de certa forma limitados. Gemma Arterton aqui desempenha um papel mais forte e também com maior participação do que em Fúrias de Titãs. Jake Gyllenhaal tem a oportunidade de expressar sua veia cômica de forma nova e inusitada como a muito não fazia e dessa vez faz até bem, o único porém é o fato dele ser um ator extremamente expressivo que pode atrapalhar um pouco para personagens de filmes de ação ou seja faltou um pouco a ele aquele ar de machão que pode bater em todo mundo a qualquer momento , mas nada que chegue a atrapalhar o seu trabalho. Quem rouba a cena é, o sempre maravilhoso, Alfred Molina, com seu “anti-herói” contraventor. O grande destaque ao meu ver vai para o pequeno, mas importante papel de Tus interpretado por Richard Coyle. Pequeno mas muito bem executado.

Nunca é demais dizer que para um bom filme de ação, mesmo sendo apenas um filme de ação, é melhor ter diálogos mais profundos e menos repetitivos. Se espera que quando abram a boca nas suas raras ocasiões, os personagens tenham melhores argumentos a apresentar e não sejam sempre as mesmas frases, tentando explicar toda hora o que a adaga com as Areias do Tempo faz, por exemplo. Isso insulta um pouco a inteligência de alguns espectadores. Apesar do medo de que a própria ação pudesse ficar repetitiva, foi muito bem sacada e coreografada. Não enjoa. No final das contas, apesar desses pequenos “probleminhas’ na produção, pode-se facilmente classificar Príncipe da Persia: As Areias do Tempo como uma futura franquia bem sucedida.

O roteiro surpreende pelas conversas e tiradas entre Dastan e Tamina. Rola uma tensão sexual tão grande que arrancou certas reações da galera no cinema. Vale também a conferida. Seja por amor ao jogo, por gostar de filmes de ação divertidinhos, Príncipe da Persia é recomendado de qualquer forma para esse final de semana.


NOTA 4 ÓTIMO