quarta-feira, 23 de junho de 2010

"CARTAS PARA JULIETA"


Todos os tiques cômicos que o diretor Gary Winick havia exagerado em Noivas em Guerra, felizmente, conseguiu atenuar em sua nova comédia água com açúcar, Cartas Para Julieta. O tema? O amor, como sempre.

Durante uma viagem a Verona, Sophie encontra uma carta escrita há 50 anos pedindo conselhos sobre um amor proibido. Ela resolve responder e a autora volta a Itália para encontrar seu amor da juventude.

Amor proibido perdido no tempo, o sonho de ser escritora, um casal cujo relacionamento está desgastado por falta de comunicação... o filme Cartas para Julieta (Letters to Juliet) usa elementos que não podem ser chamados de originais para criar uma história de amor fofinha.

O que diferencia essa produção das demais são as belas paisagens italianas, exploradas ao máximo durante a jornada dos personagens em busca do amor do passado. De resto, as coisas caminham muito de acordo com uma fórmula pré-estabelecida, apostando no carisma de Amanda Seyfried (O Preço da Traição) para somar simpatia ao conjunto.

Se você estiver em um dia tolerante, de bom humor e pronto para um mundo no qual tristeza não tem vez, Cartas Para Julieta pode ficar bem melhor do que ele é. Isso porque Winick fica na fronteira entre derrubar o pote de mel sobre sua história ou adicionar doses pontuais de doçura no filme.

Na maioria do tempo, consegue se controlar, afastando a câmera nos momentos necessários, mantendo o respeito aos personagens. Pesam a seu favor um argumento interessante, locações paradisíacas e a participação de dois monstros do cinema, Vanessa Redgrave (ainda deslumbrante aos 73 anos) e Franco Nero, o astro dos western spaghetti (e extremamente charmoso com 68 anos).

Cartas Para Julieta é uma jornada de descobrimento para todos os personagens. A começar por Sophie (Amanda Seyfried), que trabalha apurando fatos, mas almeja tornar-se uma jornalista da revista The New Yorker. Ela viaja para Verona em Lua de Mel com Victor (Gael García Bernal) e, inesperadamente, conhece a Casa de Julieta: mulheres de todo o mundo vão para lá depositar bilhetes sobre o amor (seja a presença ou a falta dele). Quem responde as cartas são as Secretárias de Julieta.

Sophie precisa da viagem para entender se o amor está realmente no seu coração. Victor, por sua vez, tem várias descobertas profissionais. Charlie (Christopher Egan) precisa provar que não tem uma pedra em vez de um coração. Do outro lado, Claire (Redgrave) e Lorenzo (Nero) buscam recuperar o passado. Cada um com seu objetivo, todos envolvidos direta ou indiretamente nos paraísos da região de Toscana, como Siena e Florença.

Um ponto negativo que salta aos olhos é a atuação caricata de Gael García Bernal, vivendo um cozinheiro empolgado pelos sabores da cozinha italiana que às vezes parece um idiota (não no sentido cômico). O personagem não colabora, mas a atuação de Bernal acaba afundando ainda mais qualquer posibilidade de torcida que o rapaz teria. Felizmente seu tempo em cena é bem reduzido.

Um fato curioso para a produção é que Redgrave e Nero amantes também na vida real reataram o romance entre eles em 2006, já que foram amantes a quase 40 anos atrás.

Com Vanessa Redgrave e Franco Nero , um casal na vida real no elenco, o desfecho é bem previsível. Assim como sabemos como irá terminar a relação de ódio entre Sophie e Charlie.

Como toda comédia romântica padrão, tudo acaba bem para todo mundo , até mesmo para os que ficam sós. Os méritos de Cartas Para Julieta estão muito antes do final. Eliminando o desfecho esperado, o filme de Winick distribui um astral boa-vida sem derrubar um pote de mel, assumindo assim o mérito de ser a melhor comédia romântica do ano até o momento.

NOTA 4 ÓTIMO