Como apreciador compulsivo e fanático pela Sétima Arte, farei uma análise crítica neste Blog para os filmes lançados no circuito cinematográfico. Façam bom proveito como eu e divirtam-se. Boa leitura!!
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
"VOLTANDO A VIVER"
Criado com a mesma intensidade vista em seus melhores trabalhos como ator, a estréia de Denzel Washington como diretor em Voltando a Viver conta uma história verídica e emocionalmente carregada sobre a tenacidade e a redenção de um homem.
A sábia decisão de enxugar a autobiografia Finding Fish, transformando-a numa narrativa empolgante, fez com que o roteiro de Antwone Fisher pudesse ser filmado com mão firme e segura por Denzel Washington, que arranca performances marcantes de dois atores principais novatos. A história focaliza o amadurecimento cheio de tropeços de um jovem recruta na Marinha e a busca por sua verdadeira família.
Dono de um temperamento volátil e um jeito soturno, que o levam a indispor-se com seu oficial comandante (numa cena única com o ator James Brolin, cujo nome não figura nos créditos), o marinheiro Antwone Fisher (Derek Luke) é enviado à base de San Diego para ser avaliado pelo psiquiatra Jerome Davenport (Denzel Washington).
Homem inteligente que estuda japonês e desenha, Fisher é possuído por uma raiva que fervilha constantemente. Em tom de desafio, ele diz a Davenport: "Não tenho problemas", e responde a perguntas sobre sua infância com frases evasivas.
Depois de semanas, a história de Fisher começa a emergir em flashbacks que pontilham a ação principal. Nascido de uma mãe detenta, dois meses depois de seu pai ter sido morto a tiros, o garoto sofreu abusos mentais e físicos horrendos às mãos de sua mãe adotiva temporária, sra. Tate (Novella Nelson), em Cleveland.
Após isso, foi colocado num orfanato e, mais tarde, transferido para um abrigo para sem-tetos, de onde saiu diretamente para alistar-se na Marinha.
De repente, as sessões de terapia que a Marinha impusera ao rapaz chegam ao fim, mas Davenport se vê incapaz de deixar de pensar em seu paciente, brilhante mas sofrido. Ao mesmo tempo, Antwone, que nunca pediu ajuda a ninguém na vida, descobre que a idéia de ver mais uma figura de autoridade o abandonando lhe é insuportável.
Pouco a pouco ele começa a controlar seus demônios internos e, atendendo à recomendação de Davenport e com o apoio de sua namorada, Cheryl (Joy Bryant), parte em busca de sua mãe verdadeira, no Ohio.
O psiquiatra começa a receber Antwone em sua própria família, que também tem problemas, e descobre que a influência dele é benéfica.
Denzel Washington se revela um diretor dotado de estilo narrativo limpo e direto. Um material de carga emocional e inspiradora como este poderia facilmente se degenerar em sentimentalismo, mas a abordagem decididamente sóbria do diretor impede que isso aconteça.
O risco de recorrer a extensas sequências de diálogo se justifica, na medida em que Luke e Bryant (Antwone e sua namorada) atuam com tranquilidade e segurança e o grande elenco de apoio se mostra perfeito.
O próprio Denzel Washington imbui seu personagem, o psiquiatra, do misto ótimo de autoritarismo e modéstia, sabendo ser duro quando Fisher o enfrenta, mas suave e gentil quando necessário.
NOTA 4 ÓTIMO