quinta-feira, 4 de novembro de 2010

"ATRAÇÃO PERIGOSA"


Atração Perigosa (The Town , EUA , 2010) é o segundo filme dirigido pelo ator Ben Affleck, que desta vez também é o protagonista principal e um dos roteiristas. Baseado no livro “O Príncipe dos Ladrões“, de Chuck Hogan, este longa está sendo considerado um retorno muito bem-sucedido, principalmente como diretor, em sua carreira cinematográfica.

Doug MacRay (Ben Affleck) é o líder de um grupo de assaltantes de banco, da famosa cidade de Charlestown, conhecida por abrigar um grande número desse tipo de ladrão. Durante um assalto, alguém aciona o alarme e eles mudam totalmente os planos decidindo levar a gerente, Claire Keesey (Rebecca Hall), como refém. Após libertá-la, descobrem que ela mora na mesma cidade e, como medida de segurança, Doug começa a segui-la, mas logo em seguida se vê apaixonado por ela.

Desse modo, a história toma novo rumo: como tornar viável o romance entre duas pessoas com estilos de vida tão diferentes? Atração Perigosa, então, torna-se o conflito de um personagem que pretende alterar seu modo de vida, mas, ao mesmo tempo, não quer trair a amizade dos amigos, principalmente por dívidas passadas. Até aí reina a impressão da obviedade e essa tendência prossegue até o final, principalmente com as supostas sacadas inteligentes que só repetem velhas fórmulas.

Aqui temos todos os elementos de um filme de assalto misturado com romance: o bandido se apaixona por uma mulher que estava envolvida num roubo, ele quer largar sua antiga vida para começar uma nova com ela, mas para isso precisa praticar um último ato antes da redenção final. A grande diferença de Atração Perigosa é que não há toda aquela sessão explicando todo o planejamento dos assaltos, como em Onze Homens e um Segredo e afins, criando uma expectativa maior do que poderá acontecer. Além disso, o filme tem como mérito a humanização dos personagens, os moradores da cidadezinha parecem verdadeiros caipiras modernos americanos (será que o dente quebrado do Affleck era parte da “maquiagem”?).

Apesar dele se esforçar, é difícil se convencer com a atuação de Ben Aflleck, principalmente como um “brutamontes” anti-herói quando se está acostumado a ver ele em comédias “bonitinhas”. Entretanto, Atração Perigosa tem bons momentos dentro de suas fraquezas. Os atores tornam o enredo digno e são eles os responsáveis por segurar a atenção do público em relação ao que é contado. Jeremy Renner destaca-se ao interpretar um tipo comum que facilmente poderia ser retratado pela caricatura. Rebecca Hall consegue dar graça a uma personagem sem sal e sem profundidade. Se Affleck já conseguiu ver a atriz de seu filme anterior ser indicada ao Oscar, Amy Ryan por Medo da Verdade (Gone Baby Gone, 2007), talvez a condução de atores seja seu maior talento atrás das câmeras.

o roteiro se aproveita de momentos de distração dos personagens para envolver sub-tramas (como a busca de Doug pela mãe que foi embora e os conflitos que justificam a amizade de Doug e seu companheiro de crime Jem (Renner)). Outro destaque fica por conta das realistas cenas de ação, especialmente as de perseguição e tiroteios.

Um ponto bem interessante em Atração Perigosa é a enfatização de que, não importa quão seguro e planejado seja um sistema de segurança, o ponto mais fraco dele sempre será o fator humano. De que adianta uma porta super especial que só abre com chaves muito específicas, se a família de quem tem a chave é ameaçada e na mesma hora o seu detentor abre a porta?

Apesar de Atração Perigosa não possuir nada de inovador, além de ser bastante previsível, consegue manter a atenção do expectador. Atração Perigosa não funciona e nem tenta funcionar como uma crítica socialista ou moralista, o máximo que faz é nos levar ao seguinte dilema: "Eu não deveria estar torcendo para os policiais?".
No fim, é mais um ótimo filme de polícia e ladrão que consegue entreter - assim como os paralelos "Caçadores de emoção", e o já clássico “Fogo contra fogo” de Michael Mann.

NOTA 4 ÓTIMO