sexta-feira, 13 de agosto de 2010

" UMA CANÇÃO DE AMOR PARA BOBBY LONG"


Apesar de ter no elenco o astro John Travolta e a estrela em ascensão rápida como um cometa Scarlett Johansson, este Uma Canção de Amor para Bobby Long não é um filme do cinemão americano.

É uma produção independente, que até, parece, teve problemas de falta de grana no meio da produção. O diretor Shainee Gabel, é um jovem da Filadélfia, que tinha só 35 anos e apenas um documentário no currículo, quando fez o filme.

Acho que essas características explicam e justificam as vantagens e as desvantagens do filme.

Uma das vantagens (que, é claro, alguns podem considerar desvantagem) é que, ao contrário de boa parte do que produz o cinemão americano, este filme aqui não focaliza nem a saga de criminosos nem a vida de gente rica, fina, chique, morando em elegantes subúrbios ou belos apartamentos em Manhattan.

Nada disso. Não há charme nem opulência. Aqui o que se vê são desajustados, bêbados, malucos, os drop outs do sonho americano ou que simplesmente não quiseram saber dele.

Uma garota jovem, um tanto perdida na vida, Pursy (o personagem de Scarlett Johansson), vai para Nova Orleans quando a mãe, Lorraine, morre, para tomar posse da casa deixada por ela. A casa, meio em ruínas, num bairro distante, está ocupada por dois vagabundos bêbados decadentes: Bobby Long, um ex-professor de literatura (John Travolta), e Lawson (Gabriel Macht), um de seus ex-alunos preferidos. Os dois dizem a Pursy que Lorraine deixou a casa para os três.

A garota se espanta com esse fato, com a imundície da casa, o desleixo com que tudo ali é tratado, com a quantidade de cachaça que se ingere ali, mas não tendo outra opção na vida, nem dinheiro, nem educação formal que permita encontrar algum bom emprego, vai ficando por ali com aquela dupla de metidos a literatos, tentando limpar um pouco a sujeira e botar um pouco de ordem na bagunça sem fim. A princípio, ela sente uma certa repulsa por aqueles dois, enquanto Bobby Long a vê como uma intrusa desagradável de quem gostaria de se ver livre; como seria de esperar, com o tempo, é claro, vão criando laços afetivos, vão se aproximando.

OK. O personagem de Travolta é mesmo meio clichê do tipo intelectual decadente do Sul, como diz a crítica do AllMovie. Mas Travolta é um belo ator, está ótimo, mesmo falando muita literatice (ou por isso mesmo), e Scarlett Johansson é aquela delícia total de se ver.

O final trará para o espectador algo que àquela altura, já está cansado de saber o que vai ser, embora ao longo do filme um mistério e alguns segredos são mantidos até o final, como exemplo o por que da relação de cumplicidade entre os personagens Bobby e Lawson.

Então, temos um filme que não é memorável, mas que tem alguns encantos, e deixa-se ver agradavelmente.

O diretor e roteirista Shainee Gabel se baseou num romance, Off Magazine Street, que ainda não tinha sido publicado. Interessante é que o filho desse escritor, Grayson Capps, um cantor e compositor, aparece no filme, e a trilha sonora usou várias de suas canções. O som dele é absolutamente perfeito para a atmosfera do filme: são músicas rústicas, rascantes, sujas, lânguidas, irônicas, gostosas mas ao mesmo tempo amargas.

NOTA 2 REGULAR