segunda-feira, 23 de agosto de 2010

" O AMOR EM BEVERLY HILLS"


O Amor em Beverly Hills começa como uma comédia romântica padrão, mas não leva muito tempo para que percebamos que o filme se transforma em algo diferente e interessante. Sim , o filme contém a sua quota de envolvimentos românticos e o amor é o motivador de ações para vários personagens na história, mas a estréia dos co-diretores David Ren e Kern Konwiser aspira a ser mais profunda do que a do conto menino-move-o-possível-e-impossível-para-ficar-com-a-garota. Amor em Beverly Hills é sobre a conexão com as pessoas, a cultura e principalmente o entendimento do seu “eu” interior. Antes do personagem principal amar outra pessoa, ele precisa compreender a si mesmo antes de tudo.

Essa pessoa é Liam Liu (Ken Leung), um aspirante a ator sem a sua identidade cultural resolvida, que passa seus dias em Los Angeles de teste em teste para conseguir um papel na espera para a tão esperada realização profissional. Ele é afastado do seu pai(James Wong), mas depende da mesada que o pai deposita para ele todo mês.

Seu melhor amigo(a) é Adelaide(Hayden Panettiere), uma linda e alegre adolescente que ele por acaso encontra num dia no ônibus, ela rapidamente passa a se convencer que os dois são um casal, mas ele já não tem lá tanta certeza disso. A diferença de idade entre os dois que é de 12 anos assusta Liam, mas não tanto quanto o pensamento de tornar-se emocionalmente íntimo de outra pessoa. Para Liam, o sexo é uma coisa muito solitária, ele nunca se sente mais sozinho quando está deitado com uma mulher.

Sua vida muda de rumo quando ele inesperadamente herda uma casa em Xangai deixada pela sua avó que nem ao menos ele tinha conhecido. Ele viaja para a China para vender a casa, mas quando o acordo para a venda da casa entra em colapso, ele percebe que precisa fazer algo de diferente na sua vida.

É quando ele conhece e se apaixona por Micki ( Kelly Hu), uma bela e sofisticada mulher chinesa, a qual o impacto é tão grande, que ele decide jogar tudo para o alto e começar uma nova vida em Xangai. Mas ele logo descobre que a verdadeira natureza de sua identidade não é tão fácil de ser descoberta. Nos Estados Unidos, sua aparência asiática é a sua característica essencial. Na China, a sua atitude e jeito americano define ele. Para encontrar a si mesmo, ele deve fazer as pazes com ambos aspectos de quem ele é.

Para David Ren, isto é obviamente uma história pessoal, enfatizando a regra de que os cineastas de primeira viagem estão em sua melhor forma quando fazem algo que vem do coração. O roteiro é bem escrito e evita erros comuns , não há complicações românticas artificiais e sem cenas constrangedoras em que as pessoas saem do personagem apenas para fazer rir. O filme tem algumas cenas cuidadosamente observadas: amigo de Liam (Joel Moore), ficando abatido depois de ter a coragem de abordar uma mulher, Liam escondendo as lágrimas após o sexo, e sua rejeição sutil de tentativas de Adelaide em contato íntimo ( não permitindo que ela beije-o na boca). Xangai é belamente fotografada, capturando não apenas o seu brilho, mas a sua energia incansável. Nova York não é a única cidade que nunca dorme.

Ken Leung é um ator veterano , já tendo participado em diversas produções , incluindo participação em X-Men 3, mas nunca teve um papel de destaque como esse, no qual ele é protagonista, sua atuação é muito boa, ora fazendo o personagem rabujento , ora fazendo o simpático de bom coração, mostrando também ter um ótimo timing para a comédia.

Eu não estou por dentro dos orçamentos dos filmes, mas Amor em Beverly Hills, que por sinal tem um péssimo título traduzido do original “Shanghai Kiss”, tem um olhar profissional que não se encontra nos filmes independentes que são lançados direto para vídeo. Ele também tem muito mais coração e cérebro do que várias grandes produções que saem no cinema. Amor em beverly Hills , é uma exceção e com certeza vale a conferida.

NOTA 4 ÓTIMO