terça-feira, 13 de julho de 2010

" ALÉM DA LINHA VERMELHA"


Foram poucos os filmes que assisti mais de uma vez, seja por falta de tempo, qualidade da história, ou simplesmente por acreditar que seria melhor empregar meu tempo assistindo um filme que para mim ainda fosse inédito. Mas é claro que algumas exceções existem, e uma delas é este filme.

Dos fimes que tratam de guerras este foi um dos mais injustiçados pela crítica Hollywoodiana e nacional na época de seu lançamento.Em grande parte, isso deveu-se ao fato do filme ter sido lançado no mesmo período que outra superprodução:"O RESGATE DO SOLDADO RYAN" (que também tinha a Segunda Guerra como cenário). Narrativa confusa, estrelas de mais e filme de menos, foram algumas das ferroadas que esta obra recebeu. Na minha opinião, muito injustas por sinal, como já havia mencionado anteriormente. Embora eu confesse, que na minha releitura atual, muito do impacto e do fascínio de minha primeira investida no universo de ALÉM DA LINHA VERMELHA se perdeu. Contudo, a mensagem e a crítica à guerra nunca se perderá. O que para alguns é uma narrativa confusa, na verdade é uma abordagem diferente daqui estavamos acostumados até então. Em ALÉM..., não existe apenas um protagonista central. Na verdade a guerra com seus horrores e banalidades é que é a senhora da situação.

O diretor Terrence Mallick tem praticamente 40 anos de carreira, mas apenas 5 filmes realizados. Isso mostra que ele não faz filmes apenas por fazer. Quando inicia um trabalho, Mallick se dedica completamente a ele, criando obras que sempre trazem um significado. Em Além da Linha Vermelha ele utilizou vários atores importantes do cinema para mostrar um pouco do que foi a campanha do Pacífico na Segunda Guerra Mundial. John Travolta, Sean Penn, Jim Caviezel, Adrien Brody, John Cusack, George Clooney e Woody Harrelson são alguns dos nomes que fazem parte deste elenco de respeito.

É um filme de guerra, mas a abordagem é um pouco diferente do que estamos acostumados. O ritmo é peculiar. Mallick nos conduz pela história de cada soldado sem pressa alguma. Existem narrações em off de vários personagens. Elas mostram o sentimento deles em relação a guerra, ao inimigo e a raça humana como um todo.. Fui completamente absorvido por este filme de guerra intimista, que tem um trabalho fantástico de fotografia de John Toll. Ele explora muito bem os cenários naturais, concebendo imagens belíssimas com um ar poético.

As batalhas são poucas, mas quando acontecem mostram toda a habilidade de criação de Terrence Mallick. Ele as filma de uma maneira elegante e empolgante, como um ballet de tiros e sangue.

Diferente do que estamos acostumados a perceber nos filmes cuja temática é a guerra, essa obra não visa retratar heróis de batalha, nem descambar para um ufanismo típico, mas se propõe principalmente a mostrar a guerra sob ótica do espírito dos combatentes, e incitar o espectador a vasculhar dentro de si mesmo pensamentos que possam socorrer-nos diante das visões ou cenas daquele inferno humano. Trata-se de um filme reflexivo, gerador de indagações, que nos leva a uma forma diferente de encarar a realidade dos campos de batalha. Quando o filme acaba somos acometidos por aquela estranha sensação que apenas as grandes obras de arte são capazes de proporcionar. É um filme acima de tudo indagador, repito mais uma vez: reflexivo. Se você está apenas a fim de assistir cenas de guerras bem feitas, e bons efeitos especiais, lhe recomendo pesquisar outros filmes, esta obra pretende muito mais do que isso, e justamente por isso é uma obra-prima.

NOTA 5 EXCELENTE